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Maia vê com pessimismo falta de prioridade do governo para reforma do Estado

07/07/2020 - 20h00

  • Maia vê com pessimismo falta de prioridade do governo para reforma do Estado

  • Maia vê com pessimismo falta de prioridade do governo para reforma do Estado
  • Nova lei prevê regras para manutenção de empregos durante pandemia
  • Teste positivo de Bolsonaro para a Covid-19 repercute entre deputados

O presidente da República, Jair Bolsonaro, declarou, nesta terça-feira, que testou positivo para a Covid-19, mas que apresenta sintomas leves e se sente bem. O anúncio repercutiu entre os deputados.

Jandira Feghali (PCdoB-RJ) espera que o resultado positivo para a Covid-19 não seja usado pelo presidente Jair Bolsonaro para fazer propaganda enganosa sobre a cloroquina.

Como cidadã e médica, Jandira Feghali deseja uma rápida recuperação ao presidente e alerta para a necessidade de que todos que tiveram contato com Bolsonaro sejam isolados.

Paulão (PT-AL) destaca que, apesar de Jair Bolsonaro negar a gravidade da Covid-19, no momento em que apresentou sintomas da doença, procurou e obteve ajuda médica.

Paulão espera que o povo brasileiro tenha o mesmo tratamento e que o presidente da República passe a acreditar na ciência e a defender a vida, como fez o primeiro ministro britânico, Boris Johnson, depois que contraiu a doença.

Alice Portugal (PCdoB-BA) ressalta que o presidente Bolsonaro se soma aos mais de um milhão de brasileiros infectados pelo coronavírus.

Para Alice Portugal, a falta de prudência e a abertura precoce de setores da economia podem aumentar a curva de contaminados. Ela deseja que o paciente Bolsonaro tenha uma rápida recuperação para continuar a disputa no campo da política e das ideias.

Bibo Nunes (PSL-RS) acredita que Jair Bolsonaro vai se curar rapidamente da Covid e dará exemplo ao País de que não é preciso temer o vírus.

Bibo Nunes acrescenta que o presidente também não vai descuidar da economia do País, porque reconhece a importância de preservar as empresas e os empregos num momento de pandemia.

Saúde

Marcio Jerry (PCdoB-MA) solidariza-se com os profissionais de saúde e autoridades políticas do Maranhão pelo trabalho realizado no enfrentamento à pandemia da Covid-19.

Segundo Marcio Jerry, graças ao trabalho conjunto de prefeituras, profissionais de saúde e governo estadual foi possível seguir as recomendações da Organização Mundial da Saúde de forma a adotar medidas de contenção da doença.

Educação

Lídice da Mata (PSB-BA) pede que o presidente da Câmara inclua, na pauta de votações, a proposta que prorroga o Fundeb, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica. A deputada observa que é fundamental garantir o financiamento do ensino básico em todo o País.

Luisa Canziani (PTB-PR) espera que o novo Fundeb seja votado o mais rapidamente possível. A parlamentar ressalta que a prorrogação do fundo vai minimizar as desigualdades educacionais e dar mais recursos para que o setor supere os desafios que tem pela frente.

Justiça

Tiago Mitraud (Novo-MG) discorda do projeto de combate às fake news aprovado pelo Senado. Para o deputado, é importante conter a disseminação de notícias falsas, mas de uma forma adequada. Ele disse que vai trabalhar pela rejeição do texto na Câmara, para que não haja o risco de censura prévia no País.

Na avaliação de Bia Kicis (PSL-DF), o projeto aprovado pelo Senado sob o argumento de combater as fake news coloca em risco a liberdade de expressão do povo brasileiro. A congressista espera que a Câmara faça justiça, garantindo o respeito a um direito fundamental dos cidadãos.

Léo Moraes (Pode-RO) também critica o projeto de combate às fake news aprovado no Senado e que ainda será discutido na Câmara.

Segundo Léo Moraes, é preciso debater o assunto com mais profundidade nas comissões temáticas da Câmara, para não se confundir justiça com vingança. O deputado entende que há uma linha muito tênue entre punir os propagadores de notícias falsas e colocar em risco a liberdade de expressão.

Caroline de Toni (PSL-SC) informa que vai noticiar às cortes internacionais o fato de o Supremo Tribunal Federal decretar a quebra do sigilo bancário de 11 parlamentares, inclusive o dela, como parte do inquérito que apura a organização e o financiamento de atos antidemocráticos que, segundo a deputada, nada mais são do que manifestações de apoio ao governo.

De acordo com Caroline de Toni, o inquérito se baseia em petições de parlamentares da oposição, notícias falsas da imprensa e posts públicos das redes sociais. A deputada também reclama do que chama de omissão dos presidentes das Casas Legislativas, que nada falaram sobre a quebra da imunidade parlamentar e que, segundo ela, estão sendo perseguidos pela máquina estatal.

Economia

Jorge Solla (PT-BA) afirma que o governo federal só executou, até agora, um terço do orçamento aprovado pelo Congresso para o combate à pandemia do coronavírus. Ele cobra do Ministério da Saúde a compra de mais equipamentos de proteção individual para os profissionais da saúde e mais testes diagnósticos, contra a subnotificação dos casos de covid-19.

Rubens Bueno (Cidadania-PR) relata reclamações de microempresários e microempreendedores individuais sobre os atrasos na ajuda financeira do governo federal. Ele pede solução para o impasse, afirmando que é preciso resolver a situação na ponta, de forma a facilitar a vida de mais de 30 milhões de trabalhadores.

Joseildo Ramos (PT-BA) critica a política econômica do ministro Paulo Guedes. Segundo o deputado, se Guedes insistir com medidas de austeridade, os trabalhadores serão prejudicados e o governo federal, diante de um cenário de piora, tentará vender estatais sob a falsa promessa de salvar a economia.

Para Ênio Verri (PT-PR), é falsa a sensação de liberdade experimentada na sociedade atual e propagada como modernização das relações trabalhistas. Segundo ele, a suposta autonomia dos entregadores de aplicativos, por exemplo, que não têm hora fixa de trabalho, esconde a exploração de quem precisa trabalhar muitas horas por dia para garantir o sustento.

Luis Miranda (DEM-DF) parabeniza as decisões tomadas pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha que, segundo ele, foi o primeiro gestor a tomar medidas de isolamento que ajudaram a achatar a curva de contaminação pela Covid-19 na capital federal.

De acordo com o parlamentar, o Distrito Federal caminha para a reabertura de vários setores da economia, e, no final do mês, para a volta às aulas. Luis Miranda destaca que a previsão de abertura foi possível graças ao Ministério da Saúde, que forneceu 150 respiradores e está encaminhando outros 50 para o DF.

Joenia Wapichana (Rede-RR) registra a iniciativa da Articulação dos Povos Indígenas de lançar um plano emergencial de saúde para essa parcela população. A deputada defende urgência na sanção, pelo presidente Jair Bolsonaro, da lei que institui o auxílio emergencial para os povos tradicionais.

Bira do Pindaré (PSB-MA) espera que o presidente Jair Bolsonaro tenha uma postura mais responsável, a partir da testagem positiva para o coronavírus. O deputado sugere que o presidente comece pela sanção do projeto que trata de medidas emergenciais para quilombolas, indígenas e povos tradicionais. Ele lembra que hoje é o último dia para a sanção.

Emprego e Renda

O Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, proposto pelo governo para enfrentar o período de calamidade pública provocado pela pandemia de Covid-19, agora é lei.

As regras têm origem na Medida Provisória 936, que foi aprovada pela Câmara e pelo Senado com mudanças e cujo texto foi, então, sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro com 13 vetos. A reportagem é de Cláudio Ferreira.

Pelo programa (Lei 14.020/20), é permitido às empresas a redução da jornada dos trabalhadores com redução proporcional de salário por até 90 dias ou a suspensão do contrato de trabalho por 60 dias. Nos dois casos, o empregado recebe um benefício emergencial calculado com base no valor do seguro desemprego, que é de R$ 1.813,00.

Os acertos entre patrão e empregado podem ser feitos por acordo ou convenção coletiva e também por acordos individuais. A contrapartida das empresas é a garantia da manutenção dos postos de trabalho.

A medida provisória foi aprovada na Câmara no fim de maio. Na ocasião, parlamentares elogiaram o consenso conseguido entre aliados do governo e oposição para evitar demissões. O líder do governo na Casa, deputado Vitor Hugo (PSL-GO) salientou que a MP fazia parte de um pacote que anunciava ajuda de mais de R$ 1 trilhão para minimizar os efeitos da pandemia.

Vitor Hugo: É lógico que a preservação da saúde dos brasileiros é a nossa prioridade, assim como a preservação das vidas. Mas nós não podemos, de maneira alguma, esquecer a segunda onda, que é uma onda econômica.

O relator da proposta, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) lamentou que o texto aprovado não tivesse mantido uma base de cálculo maior para o benefício emergencial nem a presença dos sindicatos na homologação dos acordos. Mas ressaltou os benefícios da MP.

Orlando Silva: A possibilidade de prorrogação do prazo do programa é uma medida positiva que vai permitir que alguns setores econômicos que não terão capacidade de retornar rapidamente possam usar o programa por um tempo um pouco maior.

Os vetos no texto aprovado pelos parlamentares dizem respeito a itens como a prorrogação do prazo para a desoneração da folha de pagamento das empresas; à negociação com os empregados de metas de participação em lucros; e à atualização monetária de débitos trabalhistas. O governo apontou renúncia de receita sem o cancelamento de despesas obrigatórias e sem estudo de impacto financeiro-orçamentário.

Em entrevista ao programa Painel Eletrônico, da Rádio Câmara, parlamentares comentaram os vetos. Para o deputado Professor Israel Batista (PV-DF), o Estado deve lançar mão de mecanismos para derrotar a crise.

Professor Israel Batista: Esse não é o momento de a gente pensar em equilíbrio fiscal. Eu acredito que responsabilidade fiscal seja realmente importante, mas a capacidade econômica do poder público, do Estado soberano, elas existem para serem usados nesses momentos excepcionais.

Já o deputado Arthur Oliveira Maia (DEM-BA), afirmou que no futuro é possível reverter esse quadro.

Arthur Oliveira Maia: Isso não quer dizer que você, daqui a um ano, não possa, em continuando a pandemia ou em permanecendo a crise econômica, você fazer um tipo de negociação (desse tipo). Não tem nada (assim) nessa questão que não possa ser ajustado.

A lei sancionada prevê, durante o estado de calamidade pública, a renegociação de empréstimos e financiamentos de cartões de crédito com desconto em folha de pagamento, garantindo a redução das prestações proporcional à redução salarial e prazo de carência de até 90 dias.

Da Rádio Câmara, de Brasília, Cláudio Ferreira.

Agricultura

Júlio Cesar (PSD-PI) participou de reunião virtual com representantes do Ministério da Agricultura e da Economia, para tratar da renegociação da dívida dos agricultores, linhas de crédito com juros menores para o segmento, e do crédito emergencial do FNE, que é o Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste.

Júlio Cesar observa que, neste momento de pandemia, os produtores do Nordeste precisam renegociar suas dívidas para ter acesso a financiamentos com juros diferenciados, como aqueles que o governo concedeu para a indústria, o comércio e para o setor de prestação de serviços.

Pedro Uczai (PT-SC) solicita ao Parlamento que vote, ainda esta semana, o projeto que cria um abono para agricultores familiares que se encontram em isolamento ou quarentena por causa da pandemia.

Segundo Pedro Uczai, a agricultura familiar é responsável por 70% dos alimentos na mesa dos brasileiros e, mesmo assim, os agricultores tiveram negado a inclusão no benefício emergencial.

Meio Ambiente

Fundos globais que administram 65 trilhões de reais em ativos enviaram cartas a várias embaixadas do Brasil cobrando a proteção da Amazônia. Elias Vaz (PSB-GO) cobra uma resposta do governo sobre o aumento recorde do desmatamento. Para ele, a irresponsabilidade da política ambiental ainda vai trazer mais prejuízos para o País.

De acordo com Nilto Tatto (PT-SP), o Brasil tem hoje 23% das florestas em terras públicas da Amazônia registradas ilegalmente, em nome de terceiros. O deputado acusa o governo Bolsonaro de apoiar a legalização da grilagem de terras. Ele ressalta ainda que o Ibama registra o menor número de multas em 21 anos, e o desmatamento já aumentou em 35%.

Desenvolvimento Regional

Carmen Zanotto (Cidadania-SC) pede apoio ao governo para ajudar a população de Santa Catarina, que sofreu uma forte devastação causada por um ciclone.

De acordo com Carmen Zanotto, vários municípios foram atingidos, incluindo o de Lajes. Ela alerta que os problemas já causados pela pandemia e a situação econômica do momento tornam o auxílio do Executivo federal ainda mais urgente.

Eleições

Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) comemora a promulgação da emenda constitucional que adia as eleições municipais, de outubro para novembro deste ano. O parlamentar considera essencial fazer essa mudança, devido à crise sanitária vivida pelo País.

Segundo Rogério Correia (PT-MG), o adiamento das eleições municipais, aprovado pelo Congresso Nacional, tem o objetivo de preservar vidas. Ele afirma que é preciso garantir a realização do pleito ainda este ano, para o bem da democracia, mas sem descuidar da saúde da população.

Homenagem

Rubens Otoni (PT-GO) lamenta a morte de Assis Carvalho e presta solidariedade à família do deputado falecido no domingo, vítima de um infarto. Otoni ressalta que a melhor maneira de homenagear a memória de Assis Carvalho é perpetuar seus ideais e compromissos com a educação pública, gratuita e de qualidade e também com a defesa da agricultura familiar.

Ao lamentar a morte de Assis Carvalho, Padre João (PT-MG) destaca a dedicação à família e o legado político de uma vida dedicada aos mais pobres, fazendo do mandato parlamentar, uma forma de servir. O deputado ressalta ainda a luta de Assis Carvalho pelo acesso à água, à moradia e ao crédito.

Átila Lira (PP-PI) presta condolências aos familiares de Assis Carvalho. Para o parlamentar, o Brasil perdeu um grande homem público, dedicado às causas dos trabalhadores. Em nome do PP, o deputado transmite os mais profundos sentimentos pelo falecimento de Assis Carvalho.

Presidência

Em entrevista coletiva concedida, nesta terça-feira, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, voltou a defender as reformas tributária e administrativa para promover a retomada do crescimento econômico.

Rodrigo Maia vê com pessimismo a decisão do governo de não priorizar a reforma do Estado, como mostra a reportagem de Luiz Gustavo Xavier.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu a aprovação de reformas econômicas estruturantes para garantir a retomada do crescimento econômico do País. Segundo ele, aprovar apenas marcos regulatórios, como uma nova lei do gás, do saneamento ou da cabotagem, e não as reformas de estado, não vai resolver os problemas do país. Maia disse que mesmo após a aprovação de uma grande reforma previdenciária, a economia brasileira continuou patinando.

Rodrigo Maia: Vejo com pessimismo a decisão do governo de abandonar a linha de reformar o estado. Estou fazendo o debate do futuro, na reforma administrativa deve ter o foco maior na meritocracia, menos estabilidade, uma cadeia salarial com mais tempo, salários médios mais baixos; e um sistema tributário que garanta segurança jurídica. Se não fizermos isso, não vejo como marcos regulatórios vão resolver nossos problemas.

Rodrigo Maia defendeu o diálogo com todos os setores sobre a necessidade de uma solução para a regulamentar o teto do funcionalismo público (PL 6726/16 e apensado) e o fim dos chamados “supersalários” no serviço público. Atualmente o teto remuneratório do serviço público é o subsídio de ministro do Supremo Tribunal Federal, que equivale R$ 39.293. Maia reconheceu que há pressão sobre o tema e que isso tem impedido a votação da proposta.

Rodrigo Maia: Pedir para não pautar, não resolve o problema. Quem quer ser servidor tem que ganhar o teto, quem quer ganhar acima, vai para o setor privado. Tem que encontrar uma solução, a solução não é tirar de pauta e esquecer o assunto. Tenho discutido para buscar qual é o melhor caminho, mas agora, da forma como está, há uma grande distorção em relação ao que manda a Constituição.

Maia criticou, ainda, os juros do cartão de crédito e do cheque especial praticados pelos bancos. Segundo ele, esses dois produtos distorcem o sistema financeiro brasileiro para pior.

Rodrigo Maia: É importante que os bancos voltem a ter uma melhor relação com a sociedade, esses dois produtos distorcem o papel do sistema bancário no Brasil. Então, os bancos devem buscar produtos que remuneram o papel deles, mas não com a força e a violência que o cheque especial e a taxa de juros do cartão de crédito remuneram.

Em outra entrevista feita na manhã desta terça, Rodrigo Maia cobrou que o governo encaminhe as reformas tributária e administrativa e afirmou que, se insistir em propor uma nova CPMF, o governo vai ser derrotado. Para Maia, não há espaço para aumento da carga tributária no País, mas o debate sobre as reformas deve ser retomado na próxima semana.

Da Rádio Câmara, de Brasília, Luiz Gustavo Xavier.

Programa do Poder Legislativo com informações sobre as ações desenvolvidas na Câmara Federal e opiniões dos parlamentares

De segunda a sexta, das 19h às 20h

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