Rádio Câmara

Reportagem Especial

O turismo no Brasil

05/06/2017 -

  • O turismo no Brasil (bloco 1)

  • Fomento ao turismo (bloco 2)

  • Os destinos mais procurados no Brasil (bloco 3)

  • Investimentos e direitos do turista (bloco 4)

  • Turismo no Brasil: acessibilidade e viajantes (bloco 5)

No Brasil, o turismo representa, atualmente, cerca de 3,5% do PIB (Produto Interno Bruto) e emprega, direta e indiretamente, mais de 10 milhões de pessoas. No entanto, a crise econômica que afeta o País tem os seus reflexos no turismo, uma vez que não há como separar o setor da economia brasileira e suas variações.

Segundo Pio Martins, economista e professor da Universidade Positivo, de Curitiba, o setor de turismo tem duas grandes vias: a que manda os turistas para o exterior e a que atende os turistas internacionais que vêm para o Brasil.

Nos últimos anos, houve uma redução das viagens para destinos internacionais devido a fatores como inflação, desemprego, e desvalorização do real em relação ao dólar. A retomada começou este ano, mas ainda é lenta.

Segundo Martins, nos períodos em que as viagens internacionais diminuem, é natural que os brasileiros migrem para o turismo interno. Mas, devido à crise econômica, isso não ocorreu. Ao desemprego e à inflação, juntaram-se fatores como o aumento dos tributos.

Pio Martins: "É que nós tivemos aumentos tributários, tivemos aumentos setoriais. Por exemplo, aumento de energia elétrica, aumento de transporte coletivo, aumento de derivados dos combustíveis, aumento de tributos nas próprias cidades. Então, muita gente teve que reorganizar suas finanças, reorganizar o orçamento, e aí diminuem as viagens, ou, pelo menos as pessoas viajam, eventualmente, ficando menos tempo nas paradas turísticas."

Pio Martins acrescentou que muitos brasileiros também dependem de financiamento para viajar, e que o aumento de juros também prejudicou o setor. Aliado a isso, existe um fator psicológico, como explica o professor.

Pio Martins: "A questão psicológica, quando se traz para a economia, parece uma coisa meio estranha. E o fato é que quando há um grande clima nacional, de crise, de desemprego, de inflação, e um certo pessimismo com o andar da economia, até por conta de crise política, crise moral, acaba afetando sobretudo esse tipo setor, que é um setor que as pessoas, se cortarem, não tem problema nenhum. Uma família que deixa de fazer uma viagem, que corta gastos com turismo num dado momento, não há maiores problemas. É um setor muito sensível a crises."

Já Vinicius Lummertz, presidente da Embratur, acredita que é possível ampliar o papel do Brasil como destino internacional. Ele destaca que, devido ao Real baixo, o Brasil conseguiu atrair turistas, principalmente dos países vizinhos.

Vinicius Lummertz: "Turismo é um trabalho de fôlego. Porque é internacional, ele tem variação cambial, ele tem toda a lógica das variações das economias. O que deve se fazer, sempre, é trabalhar de forma contínua. Porque o câmbio varia, tanto para cima quanto para baixo. Mas não se pode deixar de trabalhar em nenhum momento porque são mercados internacionais longínquos. Então se concentra mais ou menos em determinado mercado de acordo com as suas características."

Lummertz destaca que a Embratur está procurando se aproximar de países como Rússia e China. Para ele, é necessária a promoção permanente e isso pode ajudar a própria economia.

Vinicius Lummertz: O chamado setor do turismo, na realidade, movimenta 53 setores da economia, como hospedagem, transportes, alimentação e serviços, entre outros. Segundo o presidente da Embratur, a atividade é mais complexa do que aparenta.

Vinicius Lummertz explica que os países mais desenvolvidos já perceberam a importância do setor e adotaram o turismo como prioridade, o que ainda não acontece no Brasil.

Vinicius Lummertz: "Então, a estratégia desses países é desburocratizar, facilitar investimentos, dar todas as condições para que haja uma economia de escala, ou seja, eficiência. E grandes investimentos. O Brasil não é um país que se caracteriza pela facilitação ao investidor. É um país burocrático. Então veja, uma marina para ser licenciada nos Estados Unidos é feita em meses. No Brasil leva muitos anos. Muita insegurança jurídica."

O presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Turismo, deputado Herculano Passos, do PSD paulista, informou que a Comissão de Turismo da Câmara dos Deputados destinou 400 milhões de reais em emendas no Orçamento da União de 2017 para apoiar ações da Embratur.

Herculano Passos defende o fim dos vistos para turistas de alguns países para incentivar o turismo para o Brasil. Para o deputado, a crise pode fazer com que o turismo seja uma nova fonte de arrecadação. Ele elenca outros pontos que poderiam incrementar o setor no País.

Herculano Passos: "Defendemos a concessão dos parques naturais para que a iniciativa privada explore esse grande potencial, a exemplo do que já foi feito em Fernando de Noronha, Foz do Iguaçu e Rio de Janeiro. Também defendemos a legalização dos cassinos no Brasil. Cassinos que serão instalados em complexos integrados de lazer, com hotéis, restaurantes, centros de eventos, teatros e lojas."

Herculano Passos também fala sobre dificuldades que precisam ser superadas.

Herculano Passos: "Como os altos custos para os navios e cruzeiros que vierem para cá. A infraestrutura viária em melhores condições; implantações de rede ferroviária de passageiros ligando os estados, a uma regulamentação mais flexível e redução de impostos para que as companhias aéreas possam reduzir os custos de passagens."

Os especialistas concordam que são necessários mais investimentos e menos impostos. Mas o que mais pode ser feito para expandir o Brasil como destino internacional?

A Copa do Mundo e as Olimpíadas deram visibilidade ao Brasil como destino internacional. Confira no segundo capítulo da Reportagem Especial.

Reportagem - Mônica Thaty
Edição – Mauro Ceccherini

A abordagem em profundidade de temas relacionados ao dia a dia da sociedade e do Congresso Nacional.

De segunda a sexta, às 3h, 7h20 e 23h