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Reportagem Especial

Brasil dobra participação na África e recebe carinho e respeito dos africanos (08'14")

04/04/2011 - 00h00

  • Brasil dobra participação na África e recebe carinho e respeito dos africanos (08'14")

Pelé, futebol; temas que sempre fizeram parte dos comentários dos estrangeiros sobre os brasileiros, são particularmente importantes para os africanos que muitas vezes torcem pelo Brasil nas competições.

Mas a imagem do país na região vem sendo ampliada com novos temas com a política de governo de aumento da presença do Brasil no exterior. O Brasil abriu 15 novas embaixadas no continente desde 2003, dobrando a sua participação.

Na Guiné-Bissau, na costa ocidental, um dos países mais pobres do mundo, a embaixada brasileira é responsável por nada menos que 23 programas de ajuda à população do país que vão desde treinamento para o beneficiamento do caju até ensino de pós-graduação.

O embaixador Jorge Geraldo Kadri cita o exemplo do Senai e da agência brasileira de cooperação que construíram um centro de formação técnica no país:

"Nós temos aqui um centro que trabalha com a formação de pedreiros, eletricistas, técnicos de computadores, panificação... Enfim, são 9 ou 10 profissões de nível médio... mecânica em breve... que nós, com a tecnologia, o saber-fazer do Senai, preparamos. Hoje estamos com 300 pessoas por ano, mas até o final deste ano vamos chegar a 500. E a partir de 2012, 800 pessoas por ano."

A partir de abril, também começa a funcionar um centro de formação de forças de segurança que, futuramente, deverá atender os outros países de língua portuguesa da África:

"Ele tem por objetivo então treinar as forças de segurança da Guiné Bissau, eu estou falando da polícia judiciária, estou falando da polícia de ordem pública, do serviço de informação do estado e futuramente da guarda nacional. Todas estas forças, cujo contingente total aproxima-se de 3.500, 4.000 pessoas serão treinados, reciclados neste centro".

Na costa oriental da África, o embaixador do Brasil na Tanzânia, Francisco Luz, que está no continente há dez anos e já pegou três malárias, diz que os brasileiros que vão para lá se surpreendem com a beleza do lugar. Ele compara a Tanzânia ao Nordeste brasileiro. O país também é estável e há pouca violência.

Como em toda a África, os tanzanianos gostam do futebol brasileiro e alguns técnicos brasileiros trabalham por lá. Mas, como explica Francisco Luz, os africanos já enxergam outras vantagens no relacionamento com o Brasil:

"Então existe uma demanda de cooperação muito grande, principalmente na área de agricultura; a Embrapa é uma das instituições brasileiras mais conhecidas na África e em outras áreas. Em saúde, nossa experiência positiva no combate ao HIV/Aids; nossa política em relação aos biocombustíveis... quer dizer, existe um interesse muito grande. E agora eles estão começando a se dar conta que o Brasil possui grandes empresas investidoras como a Petrobras, Vale, as grandes construtoras brasileiras... Então a Petrobras está aqui na Tanzânia desde 2006, deve começar a fazer os testes de exploração agora a partir de setembro deste ano e estão à busca de gás natural. Se encontrarem, aí o patamar de relacionamento muda porque você tem a maior empresa brasileira trabalhando aqui e isso vai atrair outras empresas para seguirem o caminho da Petrobras."

Também entre os parceiros comerciais mais importantes, a imagem do Brasil vem se ampliando. É o caso da Rússia, nosso primeiro comprador de carne bovina e segundo de carne suína.

O embaixador em Moscou, Carlos Antonio Paranhos, explica que o Brasil é prioritário para o governo russo e o empresariado brasileiro está atuando cada vez mais dentro do próprio país:

"Há uma série de empresas brasileiras que estão estabelecidas aqui na Rússia. Eu não quero fazer exclusões, mas enfim você tem aqui representações atuantes da Ambev, que tem inclusive a marca Brahma, que foi desenvolvida aqui no mercado da Rússia, uma cerveja com boa aceitação... Tem praticamente todas as grandes empresas de carne aqui estabelecidas com escritórios como Brasil Foods, JBS, etc. Há investimentos brasileiros na área, por exemplo, a JBS tem um importante investimento com grupo italiano para fabricação de hamburgueres para toda a rede McDonalds da Rússia, um investimento importante de mais de US$ 100 milhões com planta moderníssima nos arredores de Moscou."

Para o embaixador do Brasil na Tanzânia, Francisco Luz, não há dúvida de que a presença do Brasil em diversos países é importante:

"Tratar as relações de um país à distância, você não tem o mesmo tratamento do governo que você tem quando você está presente aqui, a tua bandeira está no alto do prédio e você é visível para o país e você tem condições de tratar dos assuntos do relacionamento bilateral com muito mais eficácia do que você estar acompanhando esse assunto de longe."

Ostentando a menor taxa de corrupção do continente, Botsuana, local de uma das mais novas embaixadas brasileiras no continente africano, é um país estável e um dos maiores produtores de diamante da região.

Para o embaixador do Brasil no país, João Inácio Padilha, esse é um dos melhores momentos para estar na África:

"É muito importante porque a África tende a ser uma das regiões mais cobiçadas do mundo, quer dizer, o mundo inteiro tem olhado para a África, principalmente num quadro de estabilidade crescente que a África tem vivido nos últimos anos. Principalmente aqui nesta região onde eu me encontro, que é a África austral, é onde nós tínhamos até muito recentemente uma guerra civil em Angola, uma guerra civil em Moçambique, o Apartheid na África do Sul, havia países que ainda não haviam se tornado independentes como a Namíbia, tudo isso foi muito recente e seria um prejuízo muito grande para a nossa política externa se nós não estivéssemos presentes aqui nesta região exatamente quando estes acontecimentos tão positivos ocorrem."

Padilha conta ainda a imagem que os africanos têm do Brasil:

"Eu posso dizer tranquilamente que o Brasil é um dos países que desfruta de melhor imagem de todo o continente, é realmente um carinho muito grande pelo Brasil que a gente pode notar em todos os lugares. É uma decorrência natural das nossas proximidades culturais e étnicas; mas também fatores como os nossos triunfos esportivos... eles tendem a torcer por nós e tendem a estar do nosso lado, enfim é uma relação de muita amizade, muito carinho, isso em toda a África e aqui em Botsuana não é exceção."

E não é só o Brasil que resolveu ter melhores relações com o continente africano. De acordo com o embaixador na Tanzânia, Francisco Luz, China e Índia também tem percorrido a África em busca de parcerias e comércio.

De Brasília, Sílvia Mugnatto.

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