Rádio Câmara

Reportagem Especial

Jovens líderes - Das tribos para as cidades (03'50")

27/09/2010 - 00h00

  • Jovens líderes - Das tribos para as cidades (03'50")

A ideia de transformar a realidade que vivencia levou a jovem india Jaqueline Gonçalves a coordenar oficinas de formação profissional da maior comunidade indígena do país em Dourados, no Mato Grosso do Sul.

Desde os 14 anos de idade até os 20 que tem hoje, Jaqueline se dedica a ajudar os adolescentes indios a se adaptarem à vida fora da aldeia.

"É uma passagem da aldeia para a cidade porque infelizmente hoje não tem como segurar isso, já que a aldeia aqui em Dourados fica a quatro quilômetros da cidade e o trânsito de pessoas dentro da aldeia é muito e na cidade também é muito, então eles precisam ser preparados para a universidade, para o mercado de trabalho e é isso o que a gente faz aqui dentro"

Os adolescentes da aldeia Bororó fazem oficinas de informática, fotografia e produção de vídeos, além de reforço escolar e acompanhamento terapêutico nos casos de doenças sociais, como alcoolismo, depressão e problemas na estrutura familiar.

Todos os temas também são discutidos entre os próprios indígenas, que produzem um jornal, livros e curta-metragens para expressar o cotidiano deles.

A jovem Jaqueline ainda não pensa em deixar a aldeia e buscar trabalho longe do seu grupo, o Ação de Jovens Indígenas.

"Eu gosto. Tem muitos adolescentes que eu me sinto na pele deles. Eu passei por uma grande dificuldade na minha vida e eu sei que a gente precisa de ajuda. Eu gosto de ajudar eles, de conversar com eles. Tem muitos deles que nem se conhecem, tem a auto-estima lá embaixo"

Os jovens Guarani participam de campanhas de vacinação, discussão sobre obras na região da reserva, como a duplicação do trecho sul da BR 156.

Todas as iniciativas da Ação Jovem Indígena recebem apoio financeiro de uma antropóloga, uma ONG da Dinamarca e da Universidade de São Paulo, sem nenhuma verba de governos federal ou local.

Segundo Jaqueline, isso garante a independência das opiniões e projetos dos jovens indios já muito influenciados pela cultura das cidades.

"É melhor deixar o governo de fora porque aqui não temos nenhum partido político e acho que está melhor assim"

De Brasília, Keila Santana

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