Reportagem Especial
Construção Civil - Bloco 2 (05'51")
18/08/2008 - 00h00
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Construção Civil - Bloco 2 (05'51")
NA SEGUNDA MATÉRIA DA SÉRIE ESPECIAL SOBRE PROFISSÕES QUE A RÁDIO CÂMARA ESTÁ APRESENTANDO DURANTE ESTA SEMANA, O DESTAQUE É A CONSTRUÇÃO CIVIL. ACOMPANHE COM A REPÓRTER MARISE LUGULLO.
A Construção Civil está em alta no País. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho, que analisa o emprego formal, revelam um crescimento de quase 13% do setor no primeiro semestre deste ano, atrás apenas da
agropecuária. De um milhão e 300 mil novos empregos com carteira assinada criados no período, quase 200 mil foram na área da construção. Já há carência de mão-de-obra no segmento, afirma João Mathias de Souza Filho, do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal.
"Você está com dificuldade hoje de encontrar pintor, serralheiro, pedreiro, carpinteiro, armador, tudo está difícil. E o Senai, que é um serviço nacional de aprendizagem industrial e que é do nosso segmento e dá todo o apoio para a qualificação dessa mão-de-obra, não estava e não está preparado para essa demanda de cursos profissionalizantes."
Foi ao Senai que Carla Sanches Mascarenhas
recorreu quando decidiu dar uma guinada na sua vida profissional. Formada em Administração de Empresas, com pós-graduação em Controladoria, ela trabalhava como supervisora administrativo-financeira de uma empresa quando começou a pensar em montar o próprio negócio ou mudar de área. Pesquisando cursos, se interessou pela cerâmica para a construção. Um profissional dessa área está entre os mais valorizados atualmente, conforme estudo da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro. Ele é o responsável pela fabricação de tijolos, telhas, louças para cozinha e banheiro, entre outras coisas.
Para se dedicar ao curso, Carla largou o emprego que tinha. Segura da troca profissional que fez, ela vê um futuro promissor nesse campo.
"Nós hoje sofremos concorrência do mercado chinês, principalmente na parte de revestimento. Um bom técnico nessa área, que consiga desenvolver um bom material, com qualidade - porque a parte de revestimentos cerâmicos tem normas técnicas. Então, um bom técnico, que consegue enquadrar o produto nas normas técnicas, consegue fazer um produto com menor custo, concorre com o mercado externo."
Se em um primeiro momento Carla pensava em abrir o próprio negócio, agora, ao ver a carência de profissionais qualificados, já reconsidera essa idéia.
"Com essa situação que eu me deparei da necessidade de profissional, hoje eu penso em trabalhar para alguma empresa, eu tendo a ir para o mercado, mesmo começando agora, com 36 anos."
João Mathias Filho, do Sinduscom do Distrito Federal, diz que o aquecimento na construção civil foi impulsionado pelo Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, e pela
oferta maior de crédito no setor imobiliário. Segundo ele, a falta de mão-de-obra já chegou a profissionais de nível superior, como os engenheiros. Por conta disso, os salários também subiram.
"Engenheiro que ganhava três mil reais, hoje ganha seis. O que ganhava cinco, hoje ganha dez. Subiu, o salário de engenheiro praticamente dobrou."
O aumento das obras fez crescer também a preocupação com o meio ambiente. É por isso que o engenheiro ambiental é um profissional cada vez mais procurado. Uma profissão que carrega muitas responsabilidades, atesta a engenheira Tatiana Diesel.
"Eu assino termos de responsabilidade, coordeno equipes de técnicos de meio ambiente e segurança, faço licenciamentos, toda a documentação necessária para a obra sair, fiscalizo se estão executando bem, se tem alguma falha. Tem que chamar o funcionário e dizer que o procedimento não pode ser assim, tem que ser diferente."
Tatiana tem 27 anos e se formou há um ano e meio pela Universidade Franciscana de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. O começo não foi tão fácil para ela. Precisou trocar de cidade e até de estado para conseguir um bom emprego. Mas até que conseguisse uma colocação no mercado de trabalho, a gaúcha não perdeu tempo. Fez pós-graduação em engenharia de segurança do trabalho. Hoje, mora no interior de Minas Gerais
e é empregada de uma empresa de engenharia que trabalha na construção de um duto de transporte de minérios entre o estado e o Rio de Janeiro. É responsável por 220 quilômetros da obra. A engenheira ambiental é o exemplo de que muitas vezes as boas oportunidades não estão perto da gente. Apesar da saudade da família, Tatiana não se arrepende de ter ido atrás do seu sonho e acha que está melhor do que seus colegas de faculdade que optaram em ficar em Santa Maria.
"Pesa o sonho de ser realizada profissionalmente, de ser reconhecida pelo seu bom trabalho, pela sua dedicação às empresas, por ter vestido a camisa e dito 'eu sou da empresa e vou atrás e tal'. Essa é a compensação profissional da gente, é o sonho realizado."
De Brasília, Marise Lugullo
CONFIRA AMANHÃ, NA TERCEIRA REPORTAGEM DA SÉRIE SOBRE PROFISSÕES EM ALTA, QUE O PETRÓLEO TEM FEITO MUITA GENTE MERGULHAR FUNDO NOS ESTUDOS.
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