Rádio Câmara

Reportagem Especial

Especial Licença-Maternidade 4 - As mamães contam suas experiências e opinam sobre esse debate (07''23'')

10/12/2007 - 00h00

  • Especial Licença-Maternidade 4 - As mamães contam suas experiências e opinam sobre esse debate (07''23'')

NA SÉRIE DE REPORTAGENS ESPECIAIS DESTA SEMANA, A RÁDIO CÂMARA APRESENTA UM DEBATE SOBRE A AMPLIAÇÃO DA LICENÇA MATERNIDADE. A CÂMARA DOS DEPUTADOS E O SENADO APROVARAM PROJETOS QUE AMPLIAM A LICENÇA MATERNIDADE DE QUATRO PARA SEIS MESES, SENDO QUE ESSAS PROPOSTAS AINDA ESTÃO TRAMITANDO NO CONGRESSO. NA QUARTA REPORTAGEM DA SÉRIE, AS MAMÃES VÃO CONTAR UM POUCO DE SUA EXPERIÊNCIA E OPINAR SOBRE ESSE DEBATE. ESPECIALISTAS TAMBÉM VÃO DETALHAR A IMPORTÂNCIA DA PROXIMIDADE ENTRE A MÃE E O RECÉM NASCIDO.

Pelo telefone, se escuta o chorinho da nenen. É Gabriele Maria, de três meses. O choro é só uma pequena reclamação, a mãe está dando entrevista, a menina só chama o seu colo. É a primeira filha de Janete Carvalho, que trabalha na Rádio Difusora de Macapá. O Amapá é um dos estados que já ampliaram a licença maternidade para as funcionárias públicas. Desde 2006, as mamães podem ficar seis meses ao lados dos seus bebês recém-nascidos. Janete conta da troca afetiva que tem vivido desde o nascimento de Gabriele.

"A gente percebe no olharzinho da criança aquela intimidade, a gente percebe que ela está atenta, todos os movimentos que a gente repassa pra ela, com um sorriso, com um olhar de carinho, um olhar fraterno, um simples toque, na hora de fazer a higiene, na hora de dar o banho, na hora de fazer a criança dormir, todos os momento são importantes não só para a mãe, mas principalmente para a criança"

A troca entre mãe e filho é o principal argumento para a ampliação da licença maternidade. Pesquisas indicam que, neste período, os estímulos são fundamentais para o desenvolvimento mental e emocional da criança ao longo de toda a sua vida. Janete Carvalho lembra que estando mais próximo da mãe, o bebê pode ser amamentado por mais tempo e fica mais protegido de doenças. Ela aponta outra vantagem do aleitamento materno: a economia financeira, já que a família pode adiar a compra de leite industrializado.

"É nesse período que a criança precisa de muito carinho, cuidados especiais e principalmente de um tempo suficiente para ser bem amamentada. Isso sem falar na questão orçamentária da família, com seis meses de licença maternidade, a criança só amamentando já não pesa tanto no orçamento familiar"

O aconchego nos primeiros seis meses é destacado por médicos e psicólogos como essencial na chegada deste novo ser ao mundo. A mãe oferece a segurança dentro de um ambiente novo e totalmente inseguro, cheio de barulhos e mudanças. A psicóloga Magdalena Ramos, do Núcleo de Casal e Família da PUC de São Paulo, destaca que a criança precisa de tempo para se introduzir na vida.

"Fazer essa passagem da barriga da mãe para se entrosar nesse mundo com toda a agressividade que esse mundo tem, de barulhos, de mudança de temperatura, de mudança de alimentação. A criança tem que fazer uma adaptação muita grande e é super importante que a mãe esteja por perto dando-lhe segurança e tranquilidade"

TRILHA

A campanha pela ampliação da licença maternidade de quatro para seis meses foi iniciada pela Sociedade Brasileira de Pediatria. Os argumentos dos médicos são pesquisas que indicam a importância da proximidade da mãe com o bebê para a formação da personalidade e o desenvolvimento da inteligência. Alguns estudos estabelecem até relações entre a vivência da criança nos primeiros meses e os índices de criminalidade, sempre com vantagem se a criança fica mais tempo perto da mãe. O aleitamento materno protege a criança para o resto da vida, e a proximidade com a mãe tende a propiciar crianças mais equilibradas. Além de todas as vantagens para a criança, são apontados também os benefícios para a mãe que pode ficar mais tempo com o filho recém nascido. Dioclécio Campos Júnior, que é presidente da Sociedade Brasileira de Pedriatria, conta que é testemunha da ansiedade que as mulheres vivenciam ao retornar ao trabalho depois de quatro meses de licença.

"Às vezes há até uma sensação de culpa na mãe trabalhadora porque ela sabe que tem quatro meses de licença maternidade, quer ficar com a sua criança mais tempo e não pode, vai ter que deixá-la precocemente sob cuidados de outras pessoas, ela sente muito essa dificuldade, essa limitação. Isso gera ansiedade, gera esse sofrimento no período e muitas vezes isso acaba levando ao desmame precoce da criança"

A jornalista Sâmia Mendes viveu a angústia de deixar a filha em casa ao final da licença. Sâmia começou a ter pressão alta no final da gravidez, que evoluiu para um edema no coração. Com sete meses de gestação, foi feita a cesariana. A pequena Beatriz nasceu com apenas um quilo e cem gramas e ficou 67 dias na UTI. Ao final da licença, Sâmia conta que Beatriz tinha acabado de chegar aos três quilos, que é o peso normal de um recém nascido.

"Foi um período muito difícil. Os dois meses que eu fiquei em casa com ela e foi só isso, ninguém tinha coragem de pegá-la no colo, porque ela era muito pequena, muito magrinha, muito frágil. Minha mãe, que veio pra me ajudar, minha mãe não tinha coragem de segurar a Beatriz no colo. Era sempre eu e meu esposo, a gente ficava se revezando no cuidado com a Beatriz. Quando completou a minha licença, os quatro meses da minha licença, eu tive que voltar para o trabalho com o coração partido, e deixar minha filha que tinha acabado de completar três quilos"

Sâmia considera que quatro meses é pouco para estar perto de um bebê que nasceu sem complicações. E para um prematuro, o tempo maior perto da mãe é ainda mais importante. Hoje a Bia está com sete meses, é uma nenen linda e esperta. Além das propostas que ampliam a licença maternidade de quatro para seis meses, também tramita na Câmara um projeto de lei que estabelece condições especiais para a licença maternidade de crianças prematuras. Como o risco de adoecer é muito maior, esses bebês precisam de cuidados especiais. A proposta define que a licença será acrescida do número de semanas que faltaram para o desenvolvimento do bebê dentro da barriga da mãe. O projeto já foi aprovado na Comissão de Seguridade Social e Família e agora será analisado na Comissão de Constituição e Justiça. Se for aprovado, segue diretamente para o Senado.

De Brasília, Daniele Lessa

AMANHÃ, NA ÚLTIMA REPORTAGEM DA SÉRIE SOBRE A AMPLIAÇÃO DA LICENÇA MATERNIDADE, VOCÊ ACOMPANHA UM DEBATE NOVO: O AUMENTO DA LICENÇA PATERNIDADE. PAIS E ESPECIALISTAS FALAM SOBRE A EVOLUÇÃO DOS COSTUMES NA RELAÇÃO DO HOMEM COM OS FILHOS. AS CINCO REPORTAGENS DESTA SÉRIE SOBRE A AMPLIAÇÃO DA LICENÇA MATERNIDADE TAMBÉM PODEM SER OUVIDAS NA PÁGINA DA RÁDIO CÂMARA NA INTERNET PELO ENDEREÇO WWW.RADIO.CAMARA.GOV.BR

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