Rádio Câmara

Reportagem Especial

Especial Objetivos do Milênio 1 - O livro e Anemia Falciforme (05'42")

25/06/2007 - 00h00

  • Especial Objetivos do Milênio 1 - O livro e Anemia Falciforme (05'42")

OS OBJETIVOS DO MILÊNIO - ODM - SÃO UMA SÉRIE DE METAS QUE OS PAÍSES MEMBROS DAS NAÇÕES UNIDAS SE COMPROMETERAM A CUMPRIR ATÉ 2015. AS METAS ESTÃO DIVIDIDAS EM OITO ÁREAS E PREVÊEM, POR EXEMPLO, REDUZIR PELA METADE A PROPORÇÃO DA POPULAÇÃO MUNDIAL QUE PASSA FOME. OUTRA META DOS ODM É GARANTIR QUE TODAS AS CRIANÇAS TERMINEM PELO MENOS UM CICLO COMPLETO DE ENSINO BÁSICO. A REPORTAGEM ESPECIAL DESTA SEMANA VAI MOSTRAR AÇÕES REALIZADAS NO BRASIL QUE CONTRIBUEM PARA QUE NOSSO PAÍS ATINJA AS METAS DOS OBJETIVOS DO MILÊNIO. UMA PUBLICAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS SELECIOUNOU CINQUENTA AÇÕES QUE ILUSTRAM O QUE ESTÁ SENDO FEITO. A REPORTAGEM ESPECIAL ESCOLHEU CINCO DELAS PARA MOSTRAR AOS OUVINTES.

"50 jeitos de mudar o mundo - O Brasil Rumo aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio" é um livro lançado em abril reunindo 50 projetos que visam aproximar o Brasil das metas dos Objetivos do Milênio. A publicação, organizada pelo Programa de Voluntários das Nações Unidas - UNV - e pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD, e patrocinada pela Caixa Econômica Federal, selecionou as melhores ações dentre os mais de duzentos projetos apresentados. O coordenador do UNV e editor-chefe, Dirk Hegmanns, fala da importância do livro.

"A divulgação dessas experiências e iniciativas. O que a gente quer conseguir com esse livro é abrir um diálogo e também criar uma rede de atores que atuam nesse âmbito dos objetivos do milênio, que realizam projetos para ajudar a alcançar os objetivos do milênio aqui no Brasil."

De acordo com Hegmanns, a pretensão é publicar um livro desses pelo menos a cada dois anos para atualizar as experiências. A seguir, você vai conhecer um desses projetos, que tem o objetivo de reduzir a mortalidade infantil.

A Anemia Falciforme é uma doença genética, hereditária e incurável. Acomete principalmente os negros e é causada pela anormalidade da
hemoglobina dos glóbulos vermelhos do sangue. Na prática, os doentes têm crises dolorosas nos ossos, músculos e articulações. Apresentam palidez, icterícia e cansaço fácil. Nas crianças, pode haver inchaço muito doloroso nas mãos e pés, ocasionando, inclusive, um retardo no crescimento e maturação sexual. A doença pode ser diagnosticada nos recém-nascidos através do popular teste do pezinho. O diagnóstico precoce é tão importante, que o teste do pezinho contribuiu para a redução da mortalidade de 30% para 2% dos doentes, no Rio de Janeiro. O problema é que apenas 12 estados realizam o exame específico para anemia falciforme, no teste do Pezinho. Buscando apoiar doentes e familiares, um grupo de profissionais de saúde criou, em 1997, a Associação de Anemia Falciforme do Estado de São Paulo. A presidente da entidade, Silmara Assumpção, explica que eles trabalham com seis voluntários, que são enfermeiras, advogados, pesquisadores, alunos e pacientes. Silmara destaca que a associação trabalha não apenas com os pacientes, mas também com as famílias, buscando garantir a qualidade de vida deles.

"Aonde a gente dá orientação sobre a doença, tem reuniões mensais, atividades para as crianças, temos um grupo de terapias alternativas, que é onde entra acupuntura, massagem, para trabalhar com qualidade de vida para essas crianças. Atualmente a gente tem 25 famílias que freqüentam a associação diariamente, e cadastradas temos 300 pessoas, não só de São Paulo, mas de outras cidades também."

Ela conta que, desde 2005, profissionais de saúde pública estão sendo treinados para lidar com pacientes de anemia falciforme. As famílias que têm diagnóstico tardio da doença não conseguem ser encaixadas nos programas, públicos de tratamento, e encontram, na associação, um aliado na luta. Silmara destaca ainda que, devido às crises provocadas pela anemia falciforme, os adolescentes têm dificuldade em conseguir emprego, e a associação também tenta resolver essa questão.

Anderson Alves da Silva é um adolescente de 19 anos e tem anemia falciforme. A doença foi descoberta quando ele tinha dois anos. Ele conta que, na época, ia de hospital em hospital buscando tratamento adequado. Até que foi encaminhado para a Santa Casa, onde faz o tratamento até hoje. Quando ele tinha 9 anos, entrou na Associação de Anemia Falciforme do Estado de São Paulo. Ele diz que o tratamento em si não mudou. Mas hoje, ele tem a possibilidade de fazer coisas impossíveis anteriormente, como andar de bicicleta e jogar bola.

"O que eu sei mesmo sobre anemia falciforme, sobre a minha doença, foi através da associação. POrque os médicos só falam que eu tenho uma doença, que não tem cura, que eu não posso fazer algumas atividades físicas, e que pode acarretar alguns problemas, e não explicam a fundo o que é mesmo a anemia falciforme, como surgiu, da onde veio. Falavam que eu não ia chegar aos 5 anos de vida, depois aos 10, 12, 15. E hoje eu estou aqui, conversando com você, com 19 anos."

Ele diz que na associação, os doentes vão aprendendo a conhecer seus próprios limites. Anderson conta como é a rotina no lugar.

"Tem um trabalho com enfermeira, com fisioterapeuta para quem precisa, porque anemia falciforme infelizmente pode causar derrame. A enfermeira serve para dar um auxílio para a gente, para estar explicando no 1º momento o que é. FAz o acompanhamento a cada 3 meses. Agora está tendo terapias alternativas."

Em 2005, Anderson terminou o ensino médio e agora tenta entrar numa faculdade. Naquela época, ele foi contratado pela associação, onde trabalha até hoje.

De Brasília, Adriana Magalhães.

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