Reportagem Especial
Especial Caos Urbano 2 - Alternativas para melhorar o inchaço de carros nas cidades ( 05' 53'' )
21/05/2007 - 00h00
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Especial Caos Urbano 2 - Alternativas para melhorar o inchaço de carros nas cidades ( 05' 53'' )
NESTA SEMANA A REPORTAGEM ESPECIAL ESTÁ FAZENDO UMA ANÁLISE SOBRE O TRÂNSITO CAÓTICO NAS GRANDES CIDADES. HOJE, NA SEGUNDA REPORTAGEM DA SÉRIE, A REPÓRTER DANIELE LESSA OUVE A ANÁLISE DE ESPECIALISTAS SOBRE O QUE LEVOU MUITAS CIDADES A TEREM UM TRÂNSITO TÃO INTENSO E QUAIS OS CAMINHOS PARA MELHORAR ESSA SITUAÇÃO
A dificuldade em se deslocar nas cidades é algo que o brasileiro experimenta no seu dia-a-dia. São horas de cansaço em meio à tensão dos congestionamentos. Nessa bagunça, as pessoas perdem tempo, saúde e qualidade de vida. Essa situação afeta principalmente os mais pobres, que em geral moram na periferia dos grandes centros. A partir da década de 60, a migração para as cidades se tornou mais intensa, mas a população recém chegada não foi recebida de maneira planejada. O resultado é que as pessoas precisam pegar ônibus para tudo: para estudar, ir ao hospital e trabalhar. Tudo fica longe de casa. O pesquisador do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas, o Ipea, Alexandre Gomide, aponta que as cidades cresceram sem considerar como as pessoas iriam se deslocar pelas ruas. Além do crescimento desordenado, ele também aponta a negligência com o transporte público como causa do caos urbano que vivemos hoje.
"A gente tem na maioria das cidades, a população mais pobre morando muito longe dos centros de atividades, e isso implica a necessidade de grandes deslocamentos e isso encarece a oferta de serviços de transporte coletivo. E por outro lado, uma falta de uma visão que o transporte coletivo bem estruturado é essencial para a viabilidade das cidades. Essa falta de planejamento urbano associado com uma certa displicência com relação à questão do transporte coletivo ajuda a explicar um pouco esse caos que a gente está vivendo em termos de transporte público e de trânsito urbano"
Hoje, a falta de planejamento custa caro. De acordo com a Associação Nacional dos Transportes Públicos, a ANTP, apenas no ano de 2003 os custos com os atrasos em congestionamentos e poluição atingiram a cifra de 10 bilhões de reais. Estima-se que as passagens de ônibus sejam 15% mais caras em função do tempo perdido no trânsito engarrafado. A dificuldade de mobilidade afeta todos os setores da economia de uma cidade de grande porte. Para reverter esse quadro, o coordenador do escritório da ANTP em Brasília, Nazareno Affonso, aponta a necessidade de uma política para o transporte de cargas nas cidades. Mas além disso, Nazareno Affonso é enfático em uma questão polêmica: o espaço para o carro tem que diminuir.
"Não adiante colocar mais viaduto, não adianta colocar grandes anéis. O que hoje temos que fazer é ter uma política clara para o transporte de cargas; tem que ocupar os espaços ocupados pelos carros colocando para os ônibus, criando cada vez mais corredores, mas suprimindo o espaço do automóvel. Não dá pra imaginar construir grandes rodovias dentro das cidades para colocar corredores de ônibus, você vai ter que pegar a área do carro. Você tem de começar a pensar em acabar os estacionamentos nas vias públicas e transformar isso em calçadas, em ciclovias"
Essa necessidade de tirar parte dos carros de circulação é compartilhada pelo presidente da Associação Brasileira de Monitoramento e Controle Eletrônico do Trânsito, Sílvio Médici. Ele destaca que as obras de ampliação de ruas e avenidas não conseguem mais acompanhar o crescimento da frota de automóveis. Para Sílvio Médici, a única saída possível é restringir o uso do carro nas áreas mais problemáticas das cidades.
"E não é possível em grandes cidades, como São Paulo, onde você tem uma frota de seis milhões de veículos circulando, e por volta de três milhões e meio circulando constantemente, a dificuldade de investimento, de ampliação da via é muito grande, o investimento é muito alto. Então tem que fazer um planejamento para viabilizar o transporte público de qualidade e criar restrições, área de restrição para a circulação dos veículos, não há outra solução. E tem que ser imediata, porque uma cidade como São Paulo está parando"
Sìlvio Médici esfatiza que a educação é um componente essencial para a melhoria do trânsito. As pessoas precisam ser esclarecidas que viver em grandes cidades é algo que vai exigir mudanças nos seus hábitos de transporte. Além da educação e das restrições ao uso do automóvel, o presidente da Associação Brasileira de Monitoramento e Controle Eletrônico do Trânsito destaca que a tecnologia tem um papel importante na melhoria do tráfego nas cidades. Ele confirma que a informatização aplicada à mobilidade vai sair dos filmes de ficção científica e entrar no cotidiano das pessoas. Semáforos inteligentes e sensores que desviam o trânsito de acordo com o fluxo das ruas são apenas o começo. O avanço das novas tecnologias aponta que, no futuro, toda a circulação de veículos será informatizada.
De Brasília, Daniele Lessa
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