Rádio Câmara

Reportagem Especial

Especial Água 1 - Panorama da situação dos recursos hídricos no Brasil e no mundo (05'21")

07/05/2007 - 00h00

  • Especial Água 1 - Panorama da situação dos recursos hídricos no Brasil e no mundo (05'21")

A escassez está cada vez mais relacionada à palavra água. Em um planeta que abriga 6 bilhões de pessoas, o acesso a recursos hídricos de boa qualidade, e em quantidade suficiente, se torna um dos maiores desafios da humanidade.
As projeções feitas no século passado, de que a água seria motivo de conflitos no futuro, já começam a se concretizar. Estima-se que 80 países - que abrigam 40% da população mundial - enfrentam problemas críticos de falta d´água. O coordenador do Núcleo de Estudos Ambientais da Universidade de Brasília, Gustavo Souto Maior, destaca que além da distribuição geográfica desigual, outras questões influenciam na oferta de recursos hídricos.

"Nós estamos inviabilizando a captação de água, por exemplo, de diversos rios, lagos e lagoas, por questões de poluição, contaminação, assoreamento, uma série de problemas causados pela atividade humana. Por isso, estamos diminuindo as nossas ofertas de água, e com isso, reduzindo a possibilidade de termos água pra todos, pra sempre, porque a população tem aumentado, o consumo tem aumentado. Por isso, devemos tomar cuidado, pois no mundo todo, por exemplo, no Oriente Médio, existem países já brigando entre si não por petróleo, mas por água"

Israel, Líbano, Síria e Jordânia disputam as águas do rio Jordão e as águas subterrâneas sobretudo do aqüífero Judéia-Samária. Outro conflito na região envolve a exploração dos rios Tigre e Eufrates pela Turquia, Síria e Iraque. Vale lembrar que os dois rios formam o Chatt-El-Arab, cujo controle foi um dos motivos da guerra entre o Irã e o Iraque, que marcou a década de 80.

E o problema não se restringe ao Oriente Médio.

Na África, um dos principais conflitos ocorre entre a Mauritânia e o Senegal, em uma disputa pelas margens férteis do rio Senegal que se arrasta desde 1989. Aqui na América do Sul, cerca de 50 pessoas morreram no início de 1995, na disputa pelas nascentes do rio Cenepa, entre o Peru e o Equador. E na Bolívia, a privatização da distribuição de água na cidade de Cochabamba provocou, em 2002, forte reação popular, que acabou expulsando a empresa concessionária e renacionalizando o serviço.

ENTRA TRILHA

O fato de abrigar cerca de 18% do total das águas doces superficiais do planeta dá ao Brasil uma falsa sensação de conforto sobre a oferta desse bem. Mas especialistas explicam que mesmo tão rico em recursos hídricos, o país precisa estar bastante alerta, como detalha o superintendente de planejamento da Agência Nacional de Águas, Ney Maranhão.

"Começa que a água não está distribuída igualmente no território nacional. O Nordeste, por exemplo, enfrenta problemas de escassez, principalmente a região do semi-árido. As regiões mais desenvolvidas do país, as regiões metropolitanas principalmente, enfrentam o problema de poluição das águas, decorrente de uma defasagem entre o crescimento populacional e os serviços de esgotamento sanitário providos pelos governos. Ainda existem alguns conflitos decorrentes do uso competitivo da água, por exemplo: agricultura, a irrigação, e a geração de energia. Na parte de desperdício, também temos grandes problemas porque os sistemas de abstecimento urbano,m na área industrial e agrícola, ainda há muito desperdício de água"

Ney Maranhão ressalta que o principal poluidor das nossas águas é o lançamento de esgoto sem tratamento. A coordenadora da organização não-governamental Rede das Águas, Malu Ribeiro, concorda com a análise e cita São Paulo como um mau exemplo para o país.

"Aqui, pra você ter uma idéia, são 21 milhões de habitamtes lançando seus dejetos e cargas poluidoras no rio. 70% disse apenas é coletado e desses 70%, só 40% são tratados"

O diretor de cooperação técnica da Secretaria Nacional de Saneamento do Ministério das Cidades, Marcos Helano Montenegro, cita a Lei do Saneamento Básico, sancionada agora em janeiro, como fundamental para estimular investimentos, por determinar regras para o setor. Ele destaca ainda que o Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, prevê a aplicação de 40 bilhões de reais nos próximos 4 anos em ações de saneamento. A meta prevista é de atender 86% dos domicílios brasileiros com água potável, 55% com esgoto e 47% com destinação adequada do lixo.

De Brasília, Mônica Montenegro.

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De segunda a sexta, às 3h, 7h20 e 23h