Rádio Câmara

Reportagem Especial

Especial Sexualidade - Como anda a sexualidade do brasileiro? (07' 53")

02/05/2007 - 00h00

  • Especial Sexualidade - Como anda a sexualidade do brasileiro? (07' 53")

NA EDIÇÃO DE HOJE DO REPORTAGEM ESPECIAL VOCÊ VAI SABER COMO ANDA A SEXUALIDADE DO BRASILEIRO, O QUE MUDOU E O QUE MAIS AFETA A SAÚDE SEXUAL.

Hoje, discute-se cada vez mais e abertamente a sexualidade humana. O receio de se falar sobre o tema foi substituído pela curiosidade. Para ser possível responder às mais diversas dúvidas, estudiosos, pensadores e cientistas começaram a se dedicar à questão. Apesar dos avanços, tanto homens como mulheres ainda enfrentam alguns tabus e preconceitos do passado.

De acordo com a sexóloga Maria Helena Brandão, enquanto o sexo é a expressão fisiológica do ser humano, a sexualidade é sua expressão cultural, por isso ela muda ao longo do tempo. Maria Helena explica que no começo da existência humana, a sexualidade era instintiva, na Idade Média passou a ser reprimida e mais recentemente a sexualidade pôde ser exercida com liberdade dentro do estado de Direito em que vivemos.

"Mas obviamente que a gente tem aí uma cultura de milhares e milhares de anos, que ela simplesmente não vai embora só porque a gente aprendeu ou sabe que sexo faz parte da vida do ser humano, que ele não tem nada de errado e que é exatamente o contrário: que ele é importante para a vida da gente. Então a gente não se desvencilha tão fácil de toda essa cultura que a gente vem trazendo ao longo desses anos"

A psiquiatra do Hospital das Clínicas de São Paulo, Dra. Carmita Abdo, também acredita que os brasileiros ainda têm muitos mitos a vencer.

"Mas ainda temos muitos conceitos errôneos, como por exemplo: o brasileiro quer saber se a frequência sexual tem que ter um determinado número ou se ele pode ser livre e fazer sexo quantas vezes ele sentir necessidade; o tamanho de pênis também é uma preocupação muito grande de nossos homens e o equívoco de que o pênis quanto maior, mais prazer dá o homem à sua parceira; até o próprio ciclo fértil da mulher ainda é desconhecido gerando uma série de idéias que não correspondem à realidade"

Já a psicóloga Sônia Furlameto afirma que a sexualidade humana sofreu uma reestruturação, ao se valorizar o novo e se desqualificar o passado, mas que os moldes machistas ainda persistem por conta da nossa sociedade latina. Sônia acredita que os brasileiros não conseguiram acompanhar essa nova mulher que sai para trabalhar, que é independente, que está partindo para a luta em parceria e não para rivalizar com o sexo masculino. Por outro lado, Sônia também questiona o preparo da mulher para usufruir da sexualidade moderna.

"Eu vou te dar o exemplo daquela mulher, ela diz que ela é moderna, ela passa por uma relação com um cara só para transa, mas ela espera flor no dia seguinte"

Mas como anda a sexualidade do brasileiro? Para a sexóloga Maria Helena, a sexualidade do brasileiro é hoje muito mais prazerosa, graças à uma abertura muito maior do que no passado para se conversar com o parceiro e também à uma facilidade em se buscar e obter informações sobre o assunto.

"E com isso, eu não acredito nessa questão da manutenção da virgindade, da abstinência sexual. Eu acho que isso é apenas uma questão de oportunidade. No mundo em que a gente vive hoje, os jovens não vivem mais em um mundo onde o sexo seja proibido. A sociedade não reprime mais essa sexualidade dos jovens e eles têm muita oportunidade de estarem juntos, vivendo sua intimidade, vivendo um relacionamento, inclusive extremamente positivo, desde que eles assumam isso, tenham condições de assumir isso com responsabilidade"

Dra. Carmita Abdo concorda com Maria Helena que a sexualidade se tornou hoje uma fonte de prazer e satisfação para homens e mulheres, se desempenhada com responsabilidade e consciência. Segundo a psiquiatra, cada vez mais cedo o brasileiro inicia a prática sexual. Com isso, o sexo deixou de ser o motivo pelo qual os brasileiros buscam o casamento.

"Os brasileiros procuram agora primeiro se estabelecerem porque têm a liberdade sexual, podem desfrutar do exercício da sexualidade sem estarem casados. E deixam para mais tarde essas uniões, exatamente no momento em que privilegiam constituir mesmo uma família e ter filhos"

Ao cuidar da sua sexualidade, o brasileiro está ao mesmo tempo cuidando da sua saúde. Para Dra. Carmita, homens e mulheres já percebem a relação estreita entre falhas sexuais e dificuldades a nível da saúde física e emocional.

"Hoje o brasileiro vai tomando consciência que ter um sexo difícil ou de alguma forma falho significa que a sua saúde física, ou seja a possibilidade de ter uma diabetes, uma hipertensão, uma doença cardíaca ou mesmo ter algum problema quanto à depressão e ansiedade, que são problemas de ordem emocional, podem ser a causa, pode ser o que está desencadeando essa dificuldade sexual. Cuidar da sexualidade hoje significa cuidar da saúde como um todo"

A sexóloga Maria Helena alerta que a forma como as pessoas conduzem sua vida pode interferir na sua sexualidade e na vida sexual. Ela ressalta que um dos fatores que mais interferem negativamente é o estresse.

"A pessoa que vive extremamente cansada, que não pára, que não tem um minuto, que não valoriza a sua vida sexual. Então, obviamente, isso acaba interferindo também nesse seu desempenho. Outras coisas também podem acontecer, inclusive doenças, problemas de depressão, situações de dificuldade de relacionamento, perda do desejo pelo parceiro ou pela parceira"

Para a psicóloga Sônia Furlameto a busca obsessiva pelo orgasmo pode também atrapalhar a saúde sexual, porque muitas vezes as pessoas esquecem que o importante é o sexo ser prazeroso.

"As pessoas, elas buscam o orgasmo no sexo. Aquilo que deveria ser uma vírgula, se torna um ponto final na relação sexual"

A sexóloga Maria Helena pôde constatar em seus estudos que a sexualidade do brasileiro, na média, vai bem. De acordo com a sexóloga, há uma minoria que está inclusive muito bem, mas existem ainda aqueles que precisam melhorar seu contexto sexual. Para aqueles que querem uma "receita de bolo" com o objetivo de aprimorar sua performance sexual, Maria Helena lembra que não há uma fórmula, mas ela deixa um conselho: a sexualidade mais positiva e adequada é aquela que cada um sonha para si.

De Brasília, Simone Salles

AMANHÃ, NA SEGUNDA EDIÇÃO DO REPORTAGEM ESPECIAL SOBRE A SEXUALIDADE DO BRASILEIRO, VAMOS FALAR SOBRE O SEXO COMPULSIVO.

A abordagem em profundidade de temas relacionados ao dia a dia da sociedade e do Congresso Nacional.

De segunda a sexta, às 3h, 7h20 e 23h