Rádio Câmara

Reportagem Especial

Especial Mulheres 4 - Denise Stoklos - (05'23'')

05/03/2007 - 00h00

  • Especial Mulheres 4 - Denise Stoklos - (05'23'')

Pouco conhecida do grande público brasileiro e ovacionada pelos amantes do teatro. Assim é Denise Stoklos, autora, diretora e atriz que hoje tem o seu trabalho estudado em universidades dos Estados Unidos e Inglaterra. Denise criou o chamado Teatro Essencial, uma maneira própria de estar nos palcos. Sem grandes recursos materiais, o teatro essencial se firma no corpo, na voz e na subjetividade do ator, misturando pensamento, intuição e memória. Denise Stoklos explica que todo esse instrumental tem como objetivo levar o público a se confrontar com as questões mais fundamentais da humanidade.

"Essencial também porque vai tratar sempre de temas da natureza humana, como amor e liberdade, e nunca apenas comportamental, estorinhas. No teatro essencial não há ficção, ninguém se fantasia de algum personagem e aparece lá. Não, o ator mostra como ele sentiu aquele texto. Com o padre Antônio Vieira, por exemplo, ele não se veste de padre para fazer. Ele vai lá e mostra como, passando por ele, aquele texto está atual e atualizante.

Denise Stoklos começou no teatro em 1968, e por dez anos trabalhou com diretores renomados como Antunes Filho e Antônio Abujamra. Em 1979, se especializou em mímica. Ao mesmo tempo em que teve seus filhos, pariu o seu modo de fazer teatro. A atriz explica como a maternidade lhe deu o impulso para mergulhar no teatro e mostrar ao público como ela, Denise Stoklos, sente o mundo.

"O que de mais importante na minha vida estava acontecendo, que era dar à luz e amamentar as crianças, o que de mais incrível, mais único, bilhões de mulheres já tinham passado por isso e bilhões passarão. Essa ausência de ego que a gente ganha na maternidade, onde o seu filho, que é o mais importante na sua vida, não te pertence, não é seu. Então a gente entende muito a experiência humana que nós não possuimos nada, não temos nenhum poder sobre nada, a não ser a alegria da convivência."

Premiada no Brasil e no exterior, Denise Stoklos já se apresentou em 36 países e teve seus textos traduzidos para sete línguas. Foi a primeira atriz de teatro brasileira a se apresentar em cidades como Moscou e Pequim e todo ano a atriz leva sua arte para Nova York.

Ao conceber a arte como um instrumento de evolução, Denise faz do teatro um monitor da experiência humana. A atriz acena para que o público reflita sobre nosso tempo, sobre a busca que cada um faz de si mesmo. A experiência de ir ao teatro, sagrada na visão da atriz, só se torna válida a partir do momento que se consegue provocar no espectador algum tipo de transformação.

"A comunidade sai de casa e vai a um lugar que se chama teatro, que é um lugar sagrado, porque pessoas vivas estão lá encontrando pessoas vivas que estão no palco, envelhecendo ao mesmo tempo. E aquele tempo que passarão naquele lugar sagrado nunca mais voltará para suas vidas. Então a opção de estar ali dentro tem que ser valiosa, tanto para o artista que está fazendo, tanto quanto para o espectador, que tem que ter uma resposta que faça com que ele entenda que vai voltar mais forte para casa, onde ele deixou o filho dele, o livro parado.

Ao trabalhar em cima de temas universais, Denise Stoklos almeja que aconteça uma troca entre ator e público, onde todos saiam revigorados em suas lutas por liberdade e amor.

De Brasília, Daniele Lessa

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