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Reportagem Especial

Especial Câmara dos Deputados - Taquigrafia - ( 07'15" )

25/07/2006 - 00h00

  • Especial Câmara dos Deputados - Taquigrafia - ( 07'15" )

NA REPORTAGEM ESPECIAL DE HOJE, VOCÊ VAI CONHECER UM POUCO MAIS SOBRE O DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA DA CÂMARA, RESPONSÁVEL PELO REGISTRO DE TODAS AS PALAVRAS DITAS PELOS DEPUTADOS NO PLENÁRIO, COMISSÕES, CPIs E AUDIÊNCIAS PÚBLICAS. E DESCUBRA TAMBÉM O QUE O ESCRITOR FERNANDO SABINO E O COMPOSITOR ORESTES BARBOSA TÊM A VER COM A ARTE MILENAR DA TAQUIGRAFIA.

"De tudo, ficaram três coisas: a certeza de estar sempre começando, a certeza de que é preciso continuar e a certeza de que será interrompido antes de terminar. Fazer da interrupção um caminho novo. Fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sono uma ponte, da procura um encontro"

"Chão de Estrelas", a canção que se ouve ao fundo, é um dos clássicos da música brasileira, fruto da criatividade do poeta, jornalista e compositor carioca Orestes Barbosa. Já o texto poético em forma de prosa que você acabou de ouvir saiu das penas do escritor mineiro Fernando Sabino, no romance "O encontro marcado". Além da genialidade em suas respectivas áreas, Orestes Barbosa e Fernando Sabino têm algo mais em comum. Para ganhar a vida antes da fama, ambos se enveredaram na arte milenar da taquigrafia. Milenar, sim. Conta a História que os primeiros registros taquigráficos vêm lá da Grécia Antiga. Aqui no Brasil, a arte de escrever por meio de sinais na mesma velocidade da fala foi trazida pelo patriarca da Independência, José Bonifácio de Andrada e Silva, durante a primeira Assembléia Constituinte do país, em 1823. De lá pra cá, a taquigrafia brasileira ganhou métodos próprios, difundiu-se por várias áreas, mas acabou fincando raiz nas atividades legislativas. O Departamento de Taquigrafia da Câmara conta hoje com pouco mais de 200 funcionários com a missão de registrar cada palavra dos deputados no Plenário, comissões temáticas, audiências públicas, CPIs, Conselho de Ética e Corregedoria da Casa. A assessora técnica da Taquigrafia da Câmara, Sabá Cordeiro de Oliveira, explica que o volume do trabalho é medido em horas e mostra bem como vem crescendo a atividade parlamentar nos últimos anos.

"Muitas vezes, a imprensa bate e fala que deputado não trabalha. E nós somos a radiografia do trabalho do deputado. No ano passado, em 2005, foram 3.813 horas e 27 segundos de trabalho de comissão na Casa. E mais o Plenário, em foram 1.399 horas e 18 segundos. Isso aí, comparado a 2004, foi uma diferença enorme"

Segundo Sabá, um dos motivos desse aumento de volume de trabalho dos deputados e, conseqüentemente, dos taquígrafos foi as investigações do Conselho de Ética e da Corregedoria da Câmara. Aliás, as denúncias de suposto envolvimento de parlamentares em irregularidades obrigaram os taquígrafos a agilizarem ainda mais o registro de depoimentos, a fim de evitar atrasos na apuração do caso.

"Hoje, por exemplo, o trabalho da Corregedoria é feito quase simultaneamente. Porque se a gente não desse essa celeridade para o trabalho da Corregedoria, talvez a gente atrapalhasse até a própria investigação porque, às vezes, tem um interrogatório pela manhã e ele precisa confrontar as respostas daquele depoente com o próximo depoente. E aí, se ele não tivesse as notas taquigráficas ali em mãos, mesmo sem revisão, a gente atrapalharia o fluxo. Então, esse foi um trabalho que a gente iniciou com essas investigações, identificando a necessidade"

O Plenário, onde acontecem as decisões mais importantes da Câmara relacionadas ao dia-a-dia da sociedade, é a prioridade absoluta da taquigrafia. No entanto, muitas leis também são aprovadas em caráter conclusivo nas comissões, sem necessidade de passar pela apreciação dos 513 deputados do Plenário. O registro de todas essas discussões continua sendo publicado no Diário da Câmara dos Deputados em versão impressa, mas também está disponível pela internet, como explica o diretor do Departamento de Taquigrafia, José Oliveira Anunciação.

"Além da publicação tradicional, que continua e é feita via Diário Oficial da Câmara dos Deputados, nós temos atualmente a edição e a publicação na internet. E, por fim, para efeito de recuperação das informações, temos o banco de dados do Departamento de Taquigrafia. Então, a transparência dos trabalhos, dos debates e dos registros que são feitos pelo departamento é imediata"

José Oliveira ressalta que a arte milenar da taquigrafia convive muito bem com os avanços tecnológicos. Aliás, esta união tem sido fundamental nos esforços da Câmara em se mostrar mais transparente e aberta ao controle feito pela sociedade. Neste aspecto específico, a Coordenação de Histórico de Debates do Departamento de Taquigrafia tem papel estratégico. Segundo a coordenadora Vilma Pereira, o órgão armazena e dá um tratamento histórico aos discursos dos deputados para que eles se tornem fontes de pesquisa para o eleitor.

"Ele pode acompanhar o dia-a-dia, a legislatura inteira, comparar a legislatura atual com legislaturas anteriores. Qual foi a variação de partidos que esse deputado teve. Então, é um serviço que eu acho inestimável para o eleitor acompanhar a atuação de seu parlamentar e também para os historiadores, os cientistas políticos, os estudantes universitários de terem uma radiografia do Parlamento"

Vilma Pereira informa que a base de dados da Taquigrafia traz informações dos pronunciamentos de parlamentares desde a Assembléia Nacional Constituinte de 1946, no Rio de Janeiro. Todo este material está disponível para consulta no site da Câmara, que fica no endereço www.camara.gov.br

E para quem ficou curioso sobre a atuação de Fernando Sabino e Orestes Barbosa como taquígrafos, aqui vão mais algumas informações colhidas no site CBT online, o Portal da Taquigrafia. O escritor mineiro teria aprendido as técnicas taquigráficas por volta de 1940 com o objetivo de escrever mais rapidamente. Já os primeiros contatos de Orestes Barbosa com a taquigrafia teriam acontecido na prisão, em meados dos anos 30, quando o combativo jornalista sofria perseguições do então presidente Arthur Bernardes. O aprendizado foi tão útil que Orestes Barbosa conseguiu aprovação num concurso da Câmara Municipal e se aposentou como secretário legislativo do Rio de Janeiro.

O Dia Nacional do Taquígrafo é comemorado sempre em 3 de maio, em homenagem à data em que a taquigrafia começou a ser oficialmente usada no Brasil, por ocasião da Assembléia Constituinte de 1823, em pleno período imperial.

De Brasília, José Carlos Oliveira

AMANHÃ, A REPORTAGEM ESPECIAL VAI FALAR DA SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO DA CÂMARA. VOCÊ VAI CONHECER OS ESFORÇOS DA RÁDIO, TV, JORNAL E AGÊNCIA CÂMARA EM MOSTRAR AS DECISÕES E INICIATIVAS DOS 513 DEPUTADOS DE FORMA IMPARCIAL, DEMOCRÁTICA E BASEADA NO INTERESSE PÚBLICO. CONHEÇA TAMBÉM AS EXPERIÊNCIAS DO PORTAL DA CÂMARA NA INTERNET E DO SITE PLENARINHO, DEDICADO ÀS CRIANÇAS.

A abordagem em profundidade de temas relacionados ao dia a dia da sociedade e do Congresso Nacional.

De segunda a sexta, às 3h, 7h20 e 23h