Rádio Câmara

Reportagem Especial

Setor Elétrico - Fontes alternativas de energia (06' 00")

10/07/2006 - 00h00

  • Setor Elétrico - Fontes alternativas de energia (06' 00")

NA EDIÇÃO DE HOJE DO REPORTAGEM ESPECIAL SOBRE O SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO, VAMOS FALAR SOBRE AS FONTES ALTERNATIVAS DE ENERGIA

Nos dias de hoje, é cada vez maior a necessidade de produção energética para promover o desenvolvimento econômico, social e cultural das nações. Não apenas as mais desenvolvidas, mas principalmente as que estão em vias de desenvolvimento, como o Brasil. As fontes de energia alternativa ganham cada vez mais adeptos, o que contribui para seu aprimoramente e aplicação. Elas surgem como solução para diminuir alguns problemas resultantes do uso de fontes convencionais de energia, como o impacto ambiental e para contornar o uso de matéria prima não renovável, como o carvão e o petróleo. As mais conhecidas são a energia solar, eólica, das marés, de biomassa e as pequenas centrais hidrelétricas.

O diretor de campanha do Greenpeace, Marcelo Furtado, afirma que a busca da expansão da matriz energética brasileira é totalmente compreensível, natural e necessária, porque todo país precisa de energia para se desenvolver. Marcelo Furtado lembra que o parque energético brasileiro já é renovável. As hidrelétericas são energia renovável, mas ele considera que esse modelo de grandes hidrelétricas está ultrapassado, devido aos grandes impactos ambientais e sociais associados a obras que demoram décadas para serem cumpridas. Furtado aponta como alternativa a busca de um conjunto de energias renováveis modernas que façam sentido inclusive regionalmente no país.

"Você pega essa região da nossa costa no nordeste, que tem índices de ventos maravilhosos e faz uma geração eólica. Você pega o centro do Brasil, da Bahia, que tem um índice de solarização muito alto, de incidência da luz solar e faz energia solar. Você pega um mix de biomassa para a região sudeste e usa biomassa"

De acordo com Marcelo Furtado, essas tecnologias todas são hoje uma realidade economicamente competitiva, capaz de gerar empregos e atender as nossas demandas de crecimento energético.

"Quando a gente fala de solar, de eólica, quando fala de pequenas hidrelétricas, de biomassa, nós não estamos falando em ficção científica, nós não estamos falando de uma tecnologia que daqui a quarenta anos vai estar disponível, que hoje é muito cara. Nada disso: nós estamos falando de tecnologias que estão disponíveis, com preços mais ou menos competitivos, mas que estão aí prontas e que podem dar um salto muito grande se um país com as dimensões do Brasil adotasse essas tecnologias para seu futuro."

Para Marcelo Furtado, o preconceito sobre as energias renováveis, em especial quanto aos fatores de preço e segurança de fornecimento, resultam da falta de informação sobre o assunto. Enquanto diversos países europeus têm na maior parte da sua matriz energética as fontes renováveis, Furtado explica que no Brasil ainda se priorizam as fontes convencionais.

"Se você olhar uma cidade como São Paulo, que as pessoas usam chuveiro elétrico para tomar o seu banho, usando resistências que consomem uma quantidade enorme de energia para transformar água fria em água quente, você vê que isso, do ponto de vista ambiental é um absurdo, mas também é um absurdo do ponto de vista energético, porque você está usando uma energia nobre, que é a eletricidade, para aquecer água, quando você poderia fazer isso com coletor solar."

O professor de engenharia Elétrica da UNB, Ivan Camargo, é favorável ao uso das fontes alternativas, mas considera que ainda é complicado pensar o desenvolvimento, a grande expansão do setor elétrico através dessas fontes. Ele defende os grandes investimentos em usinas térmicas e hidrelétricas, mas com cuidados ambientais.

"Para a quantidade envolvida na expansão do nosso setor, 5 gigawatts por ano, essa fontes alternativas ainda não vão conseguir atingir. O que eu acho que é indispensável é que temos que incentivar os trabalhos, a pesquisa, o investimento em fontes alternativas, para que essas fontes alternativas tenham uma redução de custo. "

O Secretário Executivo do Ministério de Minas e Energia, Nelson Hubner explica que todos os potenciais energéticos estão sendo utilizados e entram no planejamento governamental como fontes secundárias, em função da dimensão do volume de energia que o país precisa para manter seu crecimento.

"Por exemplo, a fonte eólica, ela absolutamente não é viável economicamente, os seus custos são muito elevados. E se eu fizesse o atendimento das necessidades do Brasil só com fontes eólicas, você vai verificar que nós vamos ter que colocar torre em todo Brasil e também tem impacto ambiental. Quando você vai colocar perto de uma cidade, ela tem ruídos extremamente elevados, se pega uma rota de pássaros, ela mata aqueles pássaros também..."

Nelson Hubner acredita que se as usinas hídricas são construídas adequadamente, possuem um impacto muito menor do que qualquer outra fonte. Hubner alega que entre os próprios ambientalistas há divergências: muitos já defendem, inclusive, a expansão energética a partir da fonte nuclear, por não gerar gases de efeito estufa. Para o Secretário, a questão das fontes alternativas de energia precisa ser mais discutida e cada uma delas deve ser avaliada do ponto de vista da sua viabilidade técnica, econômica e ambiental, o que já começou a ser feito quando da elaboração do Plano Decenal de Expansão de Energia Elétrica.

De Brasília, Simone Salles

AMANHÃ, NA QUARTA EDIÇÃO DO REPORTAGEM ESPECIAL SOBRE O SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO, VAMOS FALAR SOBRE AQUELES QUE SÃO ATINGIDOS PELA CONSTRUÇÃO DE BARRAGENS.

A abordagem em profundidade de temas relacionados ao dia a dia da sociedade e do Congresso Nacional.

De segunda a sexta, às 3h, 7h20 e 23h