Rádio Câmara

Reportagem Especial

Especial Saneamento 3 - Conheça a situação da coleta e do tratamento de esgotos no Brasil (05' 11")

15/05/2006 - 00h00

  • Especial Saneamento 3 - Conheça a situação da coleta e do tratamento de esgotos no Brasil (05' 11")

CHAMADA: NA EDIÇÃO DE HOJE DA REPORTAGEM ESPECIAL VOCÊ ACOMPANHA A SITUAÇÃO DA COLETA E DO TRATAMENTO DE ESGOTOS NO BRASIL. VAMOS FALAR TAMBÉM SOBRE A FALTA DE CANALIZAÇÃO DE ÁGUAS NAS CIDADES, UM PROBLEMA QUE CAUSA ENCHENTES E DOENÇAS

A coleta e o tratamento de esgotos é um problema mundial. Segundo dados da ONU, a Organização das Nações Unidas, 2,4 bilhões de pessoas não tem coleta de esgotos. Isso multiplica o número de mortes por causas evitáveis, como a diarréia e a malária.

O Brasil não fica de fora desse desenho. A rede de esgotos alcança apenas 52% do país, sendo que as diferenças regionais são gritantes. A região sudeste lidera com 79% de atendimento, enquanto a região norte tem os menores índices, por volta de 13%.

Mas, não basta coletar os esgotos. Se eles não forem tratados, serão jogados em algum manancial de água. Com o tempo, o nível de poluição fica insuportável, como lembra a engenheira sanitarista da Organização Pan-Americana de Saúde, Mara Lúcia Oliveira.

"Não chega a 30% o total do esgoto coletado que é tratado. Quer dizer, o restante, os 70%, é jogado diretamente nos rios e mananciais sem nenhuma forma de tratamento. A capacidade de recuperação da água não é dessa maneira."

E esses 30% de tratamento de esgotos só são alcançados na região sudeste. No restante do país, os índices são ainda mais precários. A média é de 17%. O esgoto não tratado é despejado in natura nos solos, rios, córregos e nascentes, sendo a maior fonte de degradação do meio ambiente.

Enquanto o esgoto sem tratamento polui as águas, o esgoto não recolhido toma as ruas, como conta a empregada doméstica Vanice de Sousa, que mora no assentamento Luna Bel, localizado na divisa de Goiás com o Distrito Federal.

"O pessoal, para não encher muito a fossa, solta na rua a água de tanque. Só o que sai do banheiro é que vai pra fossa, o resto fica escorrendo pela rua."

Quando se fala em saneamento básico, a primeira lembrança é o abastecimento de água e coleta de esgotos. Mas a coleta de lixo e a drenagem de águas pluviais também integram os serviços de saneamento. O índice de casas brasileiras onde o lixo é recolhido também varia a cada região, e a média nacional é de 79%. O problema, mais uma vez, é que o material recolhido não é tratado. De acordo com a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico do IBGE, 68% dos resíduos das grandes cidades são jogados em lixões, e, dos 5.500 municípios brasileiros, apenas 451 fazem coleta seletiva.

A canalização urbana é outro problema sério, como lembra o diretor do programa "Direito à Cidade" da organização não governamental Fase, Orlando Alves dos Santos

"Saneamento ambietal não é só água e esgoto. Nós estamos falando também da coleta de lixo, da drenagem pluvial. E basta recordarmos que a cada chuva no verão em várias cidades do Brasil ocorrem enchentes. Portanto nós estamos falando de saneamento, porque estamos falando de drenagem pluvial de áreas que são habitadas pela população de baixa renda."

Além do perigo de enchentes, a ausência de canais traz doenças graves para o município de Tarauacá, no Acre, por exemplo. O líder comunitário Manoel Monteiro explica que o bairro onde mora fica entre os rios Murú e Taioacá, e na época das chuvas a água invade as casas levando o esgoto da região. Ele conta que a incidência de hepatite por lá é altíssima.

"O que causa mais o problema de hepatite são as águas empoçadas. A nossa região é atingida por muitos igapós, é uma parte baixa no nosso bairro. Isso significa que tem muita água empoçada debaixo das casas, alguns igapós onde é preciso fazer canalização, saneamento básico para que essa água possa sumir de debaixo das casas."

Orlando Alves dos Santos, da ONG Fase, destaca que o avanço nos serviços de saneamento não foi suficiente para atender aos anseios da população mais pobre. Ele enfatiza a necessidade de haver uma justiça socio-ambiental que leve o saneamento para as áreas onde as condições de moradia são piores.

"Nós estamos convencidos de que o saneamento ambiental tem uma contribuição decisiva na construção de uma nova ordem social que combate a atual segregação sócio territorial, que combata a desigualdade socio-territorial. Nós estamos falando de um desafio que o Brasil tem que assumir para pensar um novo projeto de cidades."

Um último dado reflete com precisão a urgência por saneamento: 7,5 milhões de casas brasileiras não têm banheiro.

De Brasília, Daniele Lessa

CHAMADA: NA REPORTAGEM DE AMANHÃ, O ASSUNTO AINDA É SAÚDE: VAMOS FALAR DAS DOENÇAS CAUSADAS PELA FALTA DE SANEAMENTO. SAIBA ALGUMAS ATITUDES SIMPLES QUE PODEM EVITAR DOENÇAS GRAVES, PRINCIPALMENTE NAS ÁREAS RURAIS

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