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1968 - Rainha da Inglaterra visita o Brasil em momento de tensão política (06' 08")

07/05/2006 - 00h00

  • 1968 - Rainha da Inglaterra visita o Brasil em momento de tensão política (06' 08")

Quando a rainha da Inglaterra Elizabeth Segunda chegou ao Brasil, no início de novembro de 1968 para uma visita de doze dias, o momento da visita não podia ser mais delicado.

O país estava sob a tensão das manifestações estudantis e da revolta política.

Especulava-se nos meios oficiais de um possível decreto de estado de sítio pelo governo militar.

Na verdade, o ano de 1968 durou vários anos, como disse o jornalista Zuenir Ventura. Tanto no Brasil como fora dele, 1968 representou um ano decisivo e repleto de consequências para o final do Século Vinte.

Com slogans libertários, a geração dos anos 60 exigia reformas no ensino, no governo e na sociedade.

Os protestos estudantis não se limitavam às barricadas de Paris, mas espoucavam também nas ruas das metrópoles da América Latina. "É proibido proibir", dizia a canção de Caetano Veloso que junto com Gilberto Gil lançam um novo movimento musical, a Tropicália.

"Mas é isso que é a juventude que diz que quer tomar o poder. Vocês tem coragem de aplaudir este ano uma música de que vocês não teriam coragem de aplaudir no ano passado. São a mesma juventude que vão sempre, sempre matar amanhã o velhote inimigo que morreu ontem. Vocês não estão entendendo nada, nada..."

Em maio de 1968, manifestações de estudantes acabam na morte do estudante Edson Luis. A morte no confronto com a polícia deflagra protestos estudantis em várias cidades, todos reprimidos com violência.

Em junho, o Rio de Janeiro foi às ruas na Passeata dos Cem Mil, em que se misturavam na avenida estudantes, políticos, artistas e sindicalistas.

Foi também em 1968, que atentados terroristas de esquerda e direita começam a assustar a população brasileira.

Em outubro, a União Nacional dos Estudantes, a UNE, organiza um congresso clandestino em Ibiuna, em São Paulo, onde quase mil estudantes são presos. Entre eles, José Dirceu e Vladimir Palmeira.

Ainda em outubro, operários fazem greve em Contagem, Minas Gerais, e Osasco, em São Paulo. Os movimentos foram considerados ilegais pelo Regime e foram reprimidos.

Se a rainha da Inglaterra tivesse sido melhor informada talvez adiasse sua visita ao Brasil.

Mas veio e visitou o Rio de Janeiro, a Bahia e São Paulo. No dia 5 de novembro a Rainha Elizabeth Segunda fez um pronunciamento no Congresso Nacional.

Em Brasília, o príncipe Phillip, chegou a ser barrado e empurrado pela segurança ao tentar entrar no Congresso. Ele não veio no mesmo carro da rainha.

Uma sessão conjunta da Câmara dos Deputados e do Senado Federal acompanhou o discurso da rainha Elizabeth Segunda.

A rainha disse estar bastante comovida com a cortesia e generosidade demonstrada pelo povo brasileiro em todas as partes do país em que esteve. A rainha agradeceu ainda pelo convite dos parlamentares e elogiou o magnífico prédio do Congresso Nacional.

Elizabeth Segunda disse também que o crescimento de Brasília acompanhava a velocidade de desenvolvimento do país e que o relacionamento entre os dois países poderia florescer e crescer no futuro em benefício dos dois povos e da estabilidade e paz no mundo.

- O Congresso Nacional vai ter a honra de ouvir o discurso da senhora rainha Elizabeth Segunda.

(Aplausos) - Mister president. Your excelencies, members of Senate and House of Deputies....
......in your magnificent congressual buildings.

I am confident this friendiship could grow... ...Make Good bless your deliberations..."

Pouco mais de um mês depois da visita da rainha da Inglaterra, o Governo endureceria o regime de força baixando o Ato Institucional número 5.

Música - "È Proibido Proibir - Caetano Veloso"

Veja a íntegra do discurso da rainha Elizabeth Segunda no site da Câmara dos Deputados - www.camara. gov. br/Rádio Câmara.

Redação:
Eduardo Tramarim.

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