Rádio Câmara

Reportagem Especial

Especial Florestas Públicas 3 - Manejo Florestal Sustentável (05' 43")

13/03/2006 - 00h00

  • Especial Florestas Públicas 3 - Manejo Florestal Sustentável (05' 43")

A recém-sancionada lei de gestão de florestas públicas tem como base o manejo florestal sustentável. A idéia é permitir a exploração econômica de produtos, como a madeira, mas com um controle que impeça a destruição do bioma. Para quem não lida com essas atividades no dia-a-dia, o conceito de manejo sustentável pode parecer complicado. Mas o empresário Fábio Albuquerque, que há três anos trabalha nessa área, detalha como funciona esse tipo de exploração.

"O plano de manejo sustentável ou de baixo impacto é um processo que retira das florestas os produtos que ela tem a oferecer mantendo ela em pé, ou seja: você colhe o que já está maduro, seguindo assim o processo natural da própria floresta, como se fosse uma colheita// No caso da madeira, só e retirada as que já deixaram filhos e netos que possam substitur após o seu corte e nessa área vc só vai voltar após um ciclo de 25 a 30 anos para esperar que essa floresta se regenere sozinha"

Fábio Albuquerque é dono da empresa Ecolog, que exporta madeira certificada vinda da Fazenda Presidente Prudente, em Rondônia. A área de 30 mil hectares foi adquirida no fim de 2002 e no ano seguinte a produção começou, depois de aprovado o plano de manejo sustentável. A fazenda trabalha com 40 espécies de árvores, produz anualmente 18 mil metros cúbicos de tora e emprega diretamente 50 pessoas, além de gerar indiretamente outras 150 vagas.
O empresário avalia que a lei de gestão de florestas públicas vai ajudar a fortalecer o mercado de madeira certificada no país. Fábio Albuquerque lembra que, hoje, menos de 2% da madeira extraída da Amazônia é certificada.

"É importante que o governo faça a sua parte, mas é mais importante educar o consumidor a só consumir produtos que a madeira tenha origem de projetos de manejo sustentável, não seja uma madeira de origem duvidosa, ou de desmatamemento, ou ilegal"

Além da exploração em grande escala, uma outra modalidade de manejo florestal é a comunitária.
Há 23 anos, o Centro dos Trabalhadores da Amazônia - CTA - atua com os povos da floresta nas áreas de educação, saúde e desenvolvimento econômico. Em 1995, a organização desenvolveu o primeiro projeto de manejo florestal comunitário da região amazônica, no assentamento Porto Dias, no estado do Acre.
Hoje, 11 associações e cerca de 200 famílias formam a rede de trabalhadores ligados ao Centro. O engenheiro florestal do CTA, Pedro Lion, explica que o manejo comunitário é uma forma de se enfrentar a pobreza e gerar renda na Amazônia.

"Dentro da legislação existe essa modalidade para que a gente possa trabalhar com associações, cooperativas, organizações que envolvem pequenos. Essas famílias detêm lá a sua área de floresta. Então na sua área, através de um acompanhamento técnico, desenvolve-se um plano de manejo, onde está previsto o trabalho com madeira, com óleo de copaíba, com coleta de sementes. São atividades econômicas que vêm para agregar a renda ao produtor, que antes atuava com a agricultura de subsistência, criação de poucos animais, vivia em situação difícil e muitos acabam migrando para as cidades, aumentando o problema social que já ocorre em todas as cidades da Amazônia toda"

A lei de gestão de florestas públicas prevê a participação das comunidades locais nos projetos de exploração. Mas o engenheiro florestal do CTA avalia que isso só deve ser possível em médio prazo, por demandar capacitação, assistência técnica e crédito a esses grupos.

Vale lembrar que a exploração prevista na nova lei não se restringe à madeira, e pode abranger produtos como frutos e fitoterápicos/ e serviços, como o turismo. As restrições se referem ao acesso ao patrimônio genético para fins de pesquisa e desenvolvimento e exploração dos recursos hídricos, minerais, pesqueiros e da fauna silvestre. A lei também proíbe a comercialização de créditos decorrentes da emissão evitada de carbono em florestas naturais.

De Brasília, Mônica Montenegro

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