Rádio Câmara

Reportagem Especial

Especial municípios - Faça uma viagem pelos municípios brasileiros (05' 52")

20/02/2006 - 00h00

  • Especial municípios - Faça uma viagem pelos municípios brasileiros (05' 52")

No extremo sul, fica o Arroio Chuí, no Rio Grande do Sul. No outro extremo, no norte, fica a Serra de Caburaí, em Roraima. Essas informações, a gente aprende na escola. Mas os extremos do Brasil vão além dos pontos cardeais. Cada um dos 5.562 municípios é um reflexo da diversidade, ou, para quem preferir, da desigualdade que reina no Brasil. E ela toma forma na lista elaborada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, PNUD, que mostra os índices de desenvolvimento humano - IDH - de cada município. A campeã é a cidade de São Caetano do Sul, em São Paulo. Com uma população de mais de 130 mil habitantes, a taxa de escolarização da cidade é 97%. No ano 2000, o IDH de São Caetano do Sul era 0,919, comparável ao da Espanha, e bem superior ao do Brasil, que era 0,792 em 2003.

TRILHA: NOS BARRACOS DA CIDADE NINGUÉM MAIS TEM ILUSÃO

No extremo oposto, está a pequena Manari, em Pernambuco, com IDH 0,467, comparável ao da Nigéria. Naquela cidade, de 13 mil habitantes, a taxa de escolarização é de 43%. Essas cidades pequenas lutam com dificuldade para conseguir pagar pelo menos os serviços básicos. É o caso de Guaribas, no Piauí, a quarta pior cidade do Brasil em índice de desenvolvimento humano. Com pouco mais de 4 mil habitantes, Guaribas foi escolhida para ser projeto piloto do fome zero, no início do governo Lula. O prefeito, Ercílio Matias de Andrade, diz que é difícil manter até mesmo o básico na cidade com as fontes de receita da prefeitura.

"A gente deixa de fazer outras obrigações, muitas vezes até importantes, trabalhar em estrada, e outros mais, para cumprir com a ordem mesmo que é o funcionário. Funcionário nós naõ podemos deixar de pagar em dia o funcionalismo. No mais, você não pode fazer nada no município."

Mas existem formas alternativas de se buscar recursos, fora do orçamento, muitas vezes apertado, do município. Quem ensina é a gaúcha Caxias do Sul, a décima segunda melhor colocada no ranking de IDH. No ano passado, a prefeitura criou um setor responsável pela captação de recursos em instituições de fomento, bancos, programas do governo federal e organismos multilaterais. O diretor de Captação de Recursos de Caxias do Sul, Guila SebBEN, explica que os projetos são encaminhados para vários tipos de instituições financeiras, até mesmo internacionais, como bancos japoneses e alemães, de acordo com as principais demandas da cidade.

"Nós temos um princípio no nosso departamento de captação de recursos que o importante é semear, e depois, na hora de colher, a gente vai fazer a decisão de quais projetos são prioritários."

Guila Sebben conta que já estão realizando algumas colheitas. A prefeitura assinou contrato com o BNDES, já com obras de saneamento ambiental em execução. Outros seis projetos de saneamento ambiental estão em fase de contratação, junto ao Ministério das Cidades. O diretor de captação de recursos destaca, entretanto, que é mais fácil para Caxias do Sul obter financiamentos porque a saúde financeira da cidade é boa.

"Não tem capacidade para investir num projeto maior num único ano, mas tem capacidade para buscar o recurso, adquirir o financiamento, fazer a obra em um ano, dois anos, e pagar ao longo de 5, 10, 15 anos, dependendo da instituição financeira, tem as mais variadas formas de pagamento."

TRILHA:

Florianópolis tem o quarto maior índice de desenvolvimento humano do Brasil, o melhor entre as capitais. O IDH de Florianópolis se reflete na qualidade de vida da população. O gerente de rádio Wilmar da Silva não economiza adjetivos para falar de sua cidade. Diz que Florianópolis tem um ótimo padrão de vida e tem muita oferta de emprego, principalmente nas férias, por causa do grande fluxo de turistas.

"A cidade vai crescendo, aumentando os moradores, e sempre a prefeitura, juntamente com os deputados, assembléia legislativa, eles sempre têm trabalho, porque cada vez cresce mais. Muitas pessoas migram para cá, e sempre aumenta o trabalho na urbanização e na estrutura. Então é uma cidade que está cada vez desenvolvendo mais e cada vez sendo mais visitada por turistas, mas ela comporta, realmente corresponde ao que pede."

Quase 100% dos domicílios urbanos de Florianópolis têm acesso a água encanada, luz elétrica e coleta de lixo. Tem a sétima maior renda per capita do país, de 701 reais e 42 centavos. A maior renda per capita pertence à cidade de Àguas de São Pedro, em São Paulo, com 954 reais e 65 centavos. A menor renda per capita do Brasil é Centro do Guilherme, no Maranhão, com 28 reais e 38 centavos. Aliás, são maranhenses quatro das dez cidades com menor índice de desenvolvimento humano do Brasil.

De Brasília, Adriana Magalhães.

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