Rádio Câmara

Reportagem Especial

Especial - TV digital no Brasil deve seguir modelo europeu ou japonês - ( 05' 47" )

05/02/2006 - 00h00

  • Especial - TV digital no Brasil deve seguir modelo europeu ou japonês - ( 05' 47" )

Vem a aí a TV digital. Mas o que será que essa inovação vai trazer de beneficios para os brasileiros que estão acostumados a ligar seus aparelhos televisores, em suas casas, para assistirem às novelas, os jogos de futebol, filmes e outros programas?

A primeira diferença será a qualidade do que é visto e ouvido. Sem distorções, fantasmas, chiados ou chuviscos, a imagem e o som da TV digital são de alta definição. Além disso, estarão também disponíveis ferramentas de interação entre o telespectador e os programas exibidos.

No modelo que está sendo desenvolvido para implantação no Brasil, cada canal de TV aberta poderá se subdividir em até quatro canais e transmitir programações diferenciadas. Ou apresentar um mesmo evento, como um jogo de futebol, com a possibilidade de se escolher diferentes ângulos de visão.

O ministro das Comunicações, Hélio Costa, pretende anunciar nos próximos dias o sitema de transmissão digital que o Brasil vai adotar. A partir daí, as emissoras de televisão começarão a se preparar para iniciar as transmissões, o que deve demorar cerca de oito meses.

Na opinião do ministro, o sistema de transmissão de TV digital no Brasil deve ser escolhido entre o modelo europeu e o japonês. Segundo Hélio Costa, o mercado brasileiro está sendo muito disputado também pelos americanos, mas são os europeus e os japoneses que ofereceram as melhores propostas e tecnologias mais adaptáveis à realidade brasileira.

Hélio Costa informou que já estão concluídos os estudos feitos por 20 consórcios que reúnem técnicos e cientistas para analisar qual o melhor sistema de TV digital para implantação no Brasil. A sistematização desses estudos está a cargo de um comitê gestor e as conclusões devem ser divulgadas ainda em fevereiro pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O ministro ressaltou os critérios que estão sendo analisados em cada um dos sistemas.

"A TV digital no Brasil deve atender a alguns requisitos: o requisito da TV de alta definição, da interatividade, da portabilidade e da mobilidade dentro do mesmo canal".

E bom lembrar que o aspecto econômico também está sendo levado em conta. Para compensar os royalties devidos ao sistema que vier a ser escolhido, o Brasil tem a oferecer um mercado gigantesco que propiciará ganhos significativos para os fabricantes dos novos televisores e dos conversores. O comitê gestor que analisa os estudos feitos tem representantes de vários ministérios e, de acordo com o ministro Hélio Costa, levará em conta as ofertas que americanos, europeus e japoneses já fizeram ao Brasil.

"Cada aparelho (de TV), em média, vai pagar 4 dólares, ou o equivalente a 4 dólares, pelos royalties. Os japoneses propõem, praticamente, eliminar esses royalties. Os americanos devolvem 50%. E os europeus estão dispostos a fazer uma espécie de ´off set´: se nós adotarmos o sistema europeu, eles se comprometem a comprar em produtos brasileiroso equivalente ao investimento feito nos royalties do sistema deles".

O sistema japonês tem a vantagem de permitir a portabilidade, ou seja a possibilidade de transmissões digitais para aparelhos portáteis como o celular, sem a necessidade de usar um novo canal.

Para o professor, Luiz Miloni, da Universidade Estadual de Campinas, a inclusão digital será um dos maiores benefícios que a TV digital poderá oferecer. Ele explica que o modelo brasileiro trará avanços ainda não vistos em outros países.

"Esse aspecto permite usar essa nova ferramenta para diversas aplicações, como governo eletrônico, ensino à distância, compras pela internet. Esse é um aspecto que foi bastante privilegiado no sistema brasileiro. Em particular o ensino à distância, é uma realidade. Aqui na Unicamp nós desenvolvemos extensões do middleware focadas para o ensino à distância. E isso daí é inexistente".

O ministro das Comunicações afirmou que o Brasil vai tomar o cuidado de adotar um sistema que seja compatível com o dos demais países. Ele disse que não será repetido o erro cometido há cerca de 30 anos, quando o Brasil adotou uma tecnologia de TV em cores diferente de todo o mundo. Hélio Costa ressaltou ainda que a TV digital no país será voltada para os telespectadores dos canais abertos, e não para os clientes de TV por assinatura.

O deputado Walter Pinheiro (PT-BA) apresentou recentemente um projeto de lei que visa a definir um marco na legislação para a evolução do setor de comunicação. O parlamentar informa que está levando em conta quatro aspectos que merecem estar disciplinados em lei no processo de implantação do novo sistema de TV: a inclusão digital, a possibilidade de o Brasil produzir programas interativos multimídia, a fabricação de televisores e conversores baratos, e o planejamento para a criação de novos canais de TV.

A implantação da TV digital no Brasil será um dos principais temas em discussão na Câmara nos próximos dias. Por determinação do presidente Aldo Rebelo, o Plenário será transformado em comissão geral, no dia 8 de fevereiro. Deverão participar dos debates técnicos do governo, cientistas e entidades organizadas da sociedade civil.

De Brasília, Alfredo Lopes

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