Painel Eletrônico

Arlindo Chinaglia ressalta que, além de político e econômico, o BRICS é um bloco nuclear e defende o multilateralismo

05/06/2025 - 08h00

  • Entrevista - Dep. Arlindo Chinaglia (PT-SP)

O deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) ressalta que o BRICS é um bloco nuclear. China, Rússia e Índia possuem armas nucleares. “Ninguém fala, mas isso precisa ser dito”, declarou. Por isso, ele destaca a importância do multilateralismo na solução de conflitos. “O multilateralismo é uma divisão de poder”, diz. “Não existe amizade entre os países. Existe amizade entre os povos. Cada país cuida do seu interesse”, afirma.

Arlindo Chinaglia afirmou que, com Donald Trump, “acabou a hipocrisia do governo americano”. “Trump colocou, de forma dura, como funciona, de fato, o poder americano”, declarou. Ele lembra que os EUA “penalizaram” seus vizinhos, Canadá e México, e também seus parceiros europeus. Agora, conclui, a Europa terá que “desmamar” da dependência militar americana.

Sobre o presidente argentino, Chinaglia afirmou: “Javier Milei achou que ia ter tratamento especial, por ser de extrema direita, mas as tarifas do Trump subiram do mesmo jeito que as nossas”.  “Os Estados Unidos são o maior império econômico e militar da história. Mas muitos países querem garantir a sua soberania”, afirma. Chinaglia também defende a reforma dos organismos multilaterais, como Conselho de Segurança da ONU, OMC, FMI.

Arlindo Chinaglia pergunta: “para que serve este fórum parlamentar do BRICS?”. Serve, segundo ele, para discutir o que se discute no mundo: mudanças climáticas, direitos humanos, migrações, segurança e guerras. O deputado diz que fórum também garante a representação e a participação de cada país. “As pessoas buscam representar os seus países. E é preciso ter respeito. É um aprendizado sobre o que acontece nos outros parlamentos no mundo, com suas qualidades e seu defeitos”, diz. “Isso não é um tema popular, mas é necessário”

“Do que resulta o debate?”, questiona Chinaglia. Resulta, de acordo com ele, em planos de trabalho e também na chamada “diplomacia parlamentar”, na solução de problemas e conflitos. Chinaglia lembra que, com exceção do Parlamento Europeu, nenhum parlamento internacional tem poder decisório. Ele cita o Parlasul, o qual preside, em que as decisões precisam ser referendadas por cada membro do Mercosul.

Arlindo Chinaglia diz que, “num mundo cheio de conflitos, com a extrema direita crescendo”, a diplomacia parlamentar desempenha papel cada vez mais importante. Ele diz que o Brasil por exemplo, tem autoridade para debater sobre a renovação energética. “ Para discutir lá fora, primeiro temos de resolver nossos problemas aqui dentro”, falou

No fórum do BRICS, o deputado diz que a principal discussão é a adoção de uma moeda própria para o comércio entre os membros. “Para o Trump, isso é quase como perder uma guerra”, diz. Chinaglia afirma que, mesmo não tendo lastro, o dólar serve como referência no comércio mundial por causa da credibilidade da economia americana.

No Parlasul, Chinaglia diz que o tema mais importante é o acordo entre o Mercosul e a União Europeia. Ele lembra que foi criada uma comissão especial para acompanhar o tema. “Não tem nada mais importante do que um acordo que envolve 728 milhões de pessoas. É um bom mercado!”

Chinaglia lembra que, após negociar o acordo durante 20 anos, a Europa decidiu, “na última hora”, apresentar aditivos, para “controlar o nosso meio ambiente e para abrir o país para as compras governamentais. Felizmente, o Brasil soube comandar a reação”, afirma.

Apresentação - Ana Raquel Macedo e Joubert Carvalho

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