Painel Eletrônico
Daniel Almeida diz que Trump “não é o xerife do mundo” e defende que o BRICS adote moeda própria no comércio dentro do grupo
04/06/2025 - 08h00
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Entrevista - Dep. Daniel Almeida (PCdoB-BA)
O deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) criticou a elevação da tarifa do aço, de 25% para 50%, pelos Estados Unidos. “Essas decisões dos Estados Unidos não podem prevalecer. Não interessam ao Brasil nem ao mundo, que está cada vez mais integrado”. Para o deputado, é o momento para se fortalecer o BRICS que, segundo ressaltou, tem 40% da população e 30% do PIB do planeta.
O deputado Daniel Almeida afirma que a posição “unilateral e autoritária” do governo dos Estados Unidos mostra, para os países do BRICS, a necessidade de buscar o multilateralismo e articular o fortalecimento dos órgãos de governança mundial, como a ONU e a OMC (Organização Mundial do Comércio). “Não é possível, num mundo tão integrado, uma nação achar que pode comandar tudo”, afirmou.
Daniel Almeida ressaltou ainda o papel do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), também conhecido como “Banco do BRICS”, comandado pela ex-presidente do Brasil, Dilma Rousseff. Ele destaca que o NBD “não adota os mesmos critérios” do FMI (Fundo Monetário Internacional). “O FMI quer ajudar e acaba atrapalhando, com tantos condicionantes. E o fundo é controlado pelos Estados Unidos”, diz. Segundo ele, o NBD leva em conta a situação e a característica de cada país e tem como parâmetros, por exemplo, a sustentabilidade e o combate à fome.
Daniel Almeida disse que a adoção de uma moeda própria pelos países do BRICS é “um passo fundamental”. Ele afirmou que isso começou com a visita do presidente Lula à China, em maio deste ano. O deputado diz que um dos acordos assinados entre os dois países prevê negociações entre os bancos centrais do Brasil e da China sobre o tema. “Quem disse que o dólar tem que ser referência para as transações comerciais multinacionais? Não tem que ser assim”.
Daniel Almeida afirmou que Trump “não foi eleito para ser o xerife do mundo”. “Ele não pode impor a vontade dele às demais nações. Nem todos os países querem se submeter às decisões dele”. O deputado espera que os participantes do fórum cheguem a um consenso ao redigirem, amanhã, uma declaração conjunta que será levada à cúpula do BRICS, em julho, no Rio de Janeiro.
Apresentação - Ana Raquel Macedo