Rádio Câmara

O economista e professor da Escola Nacional de Administração Pública (Enap), José Luiz Pagnussat, diz que a atual inflação de alimentos é causada, principalmente, por fatores localizados. Ele cita a carne de boi, que está no pico dos preços, puxando também o valor das outras carnes (frango, porco) e de substitutos, como os ovos. O economista diz que o mesmo acontece com o feijão, que – segundo ele – terá uma boa safra nos próximos meses. Ele inclui ainda os hortifutis, de modo geral. São fatores climáticos que afetam na oferta desses produtos. De acordo com o IBGE, o grupo alimentação e bebida tem um peso mensal de 21% no custo de vida da população com rendimento até 40 salários mínimos.

Pagnussat afirma que a variação recente do valor do dólar também contribuiu, ao lado da retomada do crescimento da economia (que acaba aumentando o consumo e a demanda). A moeda americana acaba elevando o preço de fertilizantes e insumos agrícolas, contribuindo para aumentar o preço dos alimentos. O economista acredita que a inflação começará a ceder a partir da próxima safra, em maio ou junho, quando a oferta de alimentos deve aumentar. Pagnussat lembra que o sistema de acompanhamento da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) prevê “sinal verde” para a produção agrícola na maioria das regiões brasileiras.

O professor da Enap diz que não há muita margem para o governo agir. Ele não acredita na redução das tarifas de importação porque diz que, muitas vezes, esses produtos estão ainda mais caros lá fora. Mas prega a necessidade de o governo formar estoques reguladores, para evitar a escassez de produtos. Pagnussat diz, porém, que não é caso de aumento da taxa de juros. Ele lembra que a inflação de alimentos acaba impactando na economia como um todo, reduzindo o consumo, a produção, o emprego e a renda. E diminuindo o crescimento econômico, na ponta final.

Apresentação - Mauro Ceccherini