Painel Eletrônico
Deputado Julio Lopes considera “tímido” o pacote do governo e diz que “a conta não fecha” no aumento do limite de isenção do imposto de renda
28/11/2024 -
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Entrevista - Dep. Julio Lopes (PP-RJ)
O deputado Julio Lopes (PP-RJ) considerou “tímido” o pacote de corte de gastos anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ele diz “gostar do trabalho” do ministro, mas torce para que ele ”seja mais criativo”. Lopes afirma que o principal problema – não atacado pelo governo - está no aumento do déficit da Previdência. Ele e outros dois deputados (Kim Kataguiri e Pedro Paulo) apresentaram uma proposta alternativa de cortes, que prevê a desvinculação dos benefícios sociais do salário mínimo. O deputado diz que a mudança fatalmente irá acontecer. “Se não for neste governo, será no próximo”, previu. “É uma boca de jacaré se abrindo”, comparou, falando ainda da Previdência.
Julio Lopes ressalta que a proposta alternativa também prevê desvinculação dos gastos com saúde e educação. Hoje, a União deve aplicar 15% da receita corrente líquida na saúde e 18% na educação. Lopes argumenta que, à medida em que a população envelhece, o governo deve aplicar menos em educação e mais em saúde e que, portanto, essa vinculação não se justifica. Lopes declara que o grande ganho, hoje, é o da longevidade. E que é preciso cuidar da saúde pública.
Lopes afirma que a tendência de redução dos juros nos Estados Unidos fragiliza ainda mais a economia brasileira que, além disso, vive um cenário de crescente inflação. Ele acredita que a proposta alternativa poderia contribuir para a redução dos juros também no Brasil. E explica que, a cada ponto porcentual de redução dos juros, a dívida pública brasileira diminui R$ 50 bilhões. Lopes estima que o pacote alternativo proporcionaria uma economia de R$ 1 trilhão em 10 anos.
Sobre as mudanças no Imposto de renda, no pacote do governo, Julio Lopes falou que “a conta não fecha”. Ele diz que não é possível compensar o aumento do limite de isenção para quem ganha até R$ 5 mil com o aumento da taxação dos que recebem mais de R$ 50 mil. “O volume de pessoas que ganham até R$ 5 mil é infinitamente superior ao dos que ganham mais de R$ 50 mil”, conclui. “Não vai acontecer”.
As duas propostas, a do governo e a alternativa, preveem uma trava para ganhos acima do teto do funcionalismo, o aumento da idade de aposentadoria dos militares e restrições ao crescimento de gastos com emendas parlamentares. Julio Lopes acredita que os deputados vão se dispor a negociar as duas propostas, para aprovar pontos de consenso.
Apresentação – Mauro Ceccherini