Painel Eletrônico
Deputado Arnaldo Jardim diz que energia nuclear não deve ser descartada diante da seca que afeta a produção de energia.
06/09/2024 -
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Entrevista - Dep. Arnaldo Jardim (Cidadania-SP)
O deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) diz que a atual seca, a pior na registrada na história do país, trará “consequências graves”. A crise hídrica provoca riscos de escassez de água e de energia, além de prejuízos à agricultura, com reflexos na inflação. À devastação ambiental, somam-se as queimadas – de plantações e de florestas. “É uma situação muito séria, que exige mudança de comportamento”, afirma.
Jardim ressalta que a seca afeta diretamente a produção de energia. E lembra que a Aneel já decretou bandeira vermelha, o que torna a energia mais cara. O deputado falou que a seca não altera a produção das matrizes eólica e solar, mas lembrou que elas são limitadas. A matriz energética brasileira é predominantemente hidrelétrica. Jardim considera que o acionamento das usinas termelétricas, que utilizam gasolina e carvão, “é ruim, porque polui, mas foi uma medida necessária”.
Para o parlamentar, o cenário abre a oportunidade de diversificação das fontes de energia: eólica, solar, biomassa e Hidrogênio Verde. Ele destaca que o projeto que regulamenta o H2, aprovado pelo Senado, vai voltar para a Câmara dos Deputados. “É preciso ter um cardápio de opções”, defende o deputado.
Jardim não descarta nem mesmo a ampliação do uso da energia nuclear. Ele defende a retomada das obras de Angra 3. E diz que a situação seria muito pior se não pudéssemos contar com a energia gerada por Angra 1 e Angra 2. O deputado diz que hoje é possível operar com usinas menores, de menor risco, como fazem outros países.
O parlamentar paulista assinala ainda o descompasso entre a produção de energia e a instalação de novas linhas de transmissão. Ele ressalta que vários pedidos para a autorização de novas linhas estão parados “há anos”. A greve do Ibama contribuiu para piorar ainda mais a situação, afirma.
Arnaldo Jardim descarta a possibilidade de racionamento de água, embora defenda que seu uso seja “disciplinado”. O risco maior, aponta, é para a produção de energia.
Arnaldo Jardim ressalta que a seca é resultado da atuação da corrente La Niña, que altera o regime das chuvas no Hemisfério Sul, e de mudanças climáticas, estruturais. Para o deputado, os negacionistas deveriam simplesmente “abrir a janela e olhar” para constatar as mudanças climáticas. Jardim acrescenta que o Brasil não é “algoz do meio ambiente”, mas, pelo contrário, “está fazendo sua lição de casa e deve exigir que os outros países também façam a sua parte”.
Apresentação - Mauro Ceccherini