Agropecuária

Seminário aponta vantagens de fontes renováveis de energia

09/05/2007 - 20:15  

O ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, disse hoje que o País precisa ampliar a produção de energia mantendo a meta de incluir as fontes renováveis como parcela significativa do total gerado. Atualmente, segundo o ministério, esse percentual está em cerca de 45% do montante consumido, sendo que, no caso da energia elétrica, a maior parte vem da matriz hidráulica. Para Silas Rondeau, um aumento da participação de outras fontes renováveis, como vento e biomassa, deve vir acompanhado de um processo equilibrado com a hidreletricidade.

O ministro participou de seminário sobre fontes renováveis de energia e uso da água promovido pelas comissões de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática; e de Minas e Energia. O seminário prossegue amanhã.

Mar
O maior potencial do Brasil em termos de energias renováveis está no mar, afirmou hoje o engenheiro Segen Farid Estefen, do laboratório de tecnologia submarina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), durante o seminário. A viabilidade da energia gerada por marés, correntes e ondas é, segundo Estefen, maior do que a energia solar e eólica. Outra vantagem, apontou, é o custo de produção, menor do que os demais.

O engenheiro disse que está em construção no porto de Pecém, no Ceará, a primeira usina de energia de ondas das Américas. Além disso, a UFRJ trabalha em projeto de desenvolvimento de tecnologia nacional para extração de energia do mar - o que, segundo Estefen, tornará o custo de produção ainda mais reduzido, pois não será preciso importar tecnologias estrangeiras.

O investimento em tecnologias é o caminho para a redução dos custos de produção de energias renováveis, concordaram os participantes do painel sobre tecnologias de energias alternativas renováveis. Atualmente, os equipamentos para produção de energia eólica e solar, por exemplo, são importados da Europa.

Legislação
Outra barreira para o setor de energias limpas é a falta de marco regulatório específico, apontou o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que preside a Subcomissão de Energias Renováveis, Conservação e Uso Múltiplo da Água, da Comissão de Meio Ambiente. "Precisamos de uma legislação específica para o setor, além de políticas de financiamento de projetos e tecnologias para fontes energéticas alternativas", defendeu.

O deputado Eduardo Valverde (PT-RO), autor do requerimento para a realização do evento, também ressaltou a importância do debate legislativo para os avanços no setor.

Teixeira citou como exemplo o Projeto de Lei 7692/06, do ex-deputado Mauro Passos, que institui o Programa Brasileiro de Geração Descentralizada de Energia Elétrica. A proposta dá prioridade à geração de eletricidade a partir de fontes de biomassa, eólica, solar e outras fontes alternativas.

Hidrogênio
O diretor do Laboratório de Hidrogênio da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Paulo Emílio Valadão de Miranda, apontou o hidrogênio como outra alternativa viável, mas ainda de alto custo, por falta de investimentos tecnológicos. Ele disse que a utilização desse elemento em ônibus urbanos é uma alternativa para reduzir a poluição nas cidades. "Ao contrário do óleo diesel, o hidrogênio não gera poluentes", afirmou Miranda.

Segundo o professor, o Brasil é pioneiro em pesquisas sobre hidrogênio na América Latina. Atualmente existem 40 grupos de pesquisa em universidades federais com financiamento do Ministério da Ciência e Tecnologia. O País possui fontes abundantes de hidrogênio - água, biomassa e biogases.

Energia eólica
Na avaliação do engenheiro Hamilton Moss, coordenador do Centro de Referência em Energia Solar e Eólica Sálvio Brito, a energia eólica é uma das mais baratas do mundo. Conforme Moss, esse tipo de energia é cerca de 75% menos onerosa do que as fontes convencionais.

A energia que provém do vento é também uma das principais alternativas de fontes renováveis, com amplo uso mundial, segundo Moss. "O potencial brasileiro é um dos maiores do mundo, mas atualmente a energia eólica corresponde apenas a 0,13% da energia produzida no País", acrescentou. Entre os maiores produtores mundiais está a Alemanha.

O seminário sobre fontes renováveis terá continuidade amanhã, com a discussão sobre cidades sustentáveis e financiamento de projetos de energias renováveis.

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Reportagem - Antonio Barros e Ana Raquel Macedo
Edição - Sandra Crespo

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