Especialistas pedem mais apoio para a agricultura familiar
22/11/2006 - 20:24
O desenvolvimento da agricultura familiar e a inclusão social no campo são fundamentais para o crescimento da agropecuária brasileira. Esta foi a principal conclusão dos debates desta tarde no seminário "Desafios à Expansão da Agropecuária Brasileira", promovido nesta quarta-feira por comissões da Câmara e pelo Conselho de Altos Estudos e Avaliação Tecnológica.
O pesquisador do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) Guilherme Delgado afirmou que a principal falha do atual modelo de agricultura familiar é o fato de ele ser voltado para a sobrevivência dos trabalhadores. Essa característica, afirmou, dificulta a elevação da produtividade e a geração de emprego e de renda no campo.
O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Manoel José dos Santos, disse que os pequenos produtores atendidos pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) precisam de mais apoio e de políticas públicas que incentivem o desenvolvimento rural.
Segundo ele, os critérios de produtividade e de competitividade da agricultura familiar não podem ser similares aos parâmetros adotados no caso dos grandes produtores. "O agronegócio vai na velocidade de um caminhão, enquanto o produtor familiar segue na velocidade de um jegue", comparou.
Diferenças regionais
Santos acrescentou que a maioria das famílias nordestinas sobrevive com 30 hectares de terra, mas a Contag considera que o mínimo deveria ser 100 hectares. Ele chamou atenção para a diversidade regional. "Não dá para comparar a capacidade produtiva de um lavrador no interior de Pernambuco com a situação de outro pequeno produtor na Região Sul", afirmou.
O secretário de Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Valter Bianchini, explicou que o Pronaf atinge todo o território nacional e contribui para dinamizar a agricultura regional e a economia local. De acordo com Bianchini, o Pronaf prioriza projetos de agricultura ecológica, com técnicas de desenvolvimento sustentável. O programa, segundo ele, contribui ainda para a promoção da cidadania, a inclusão social e a fixação do trabalhador rural no campo.
Cooperativismo
Na avaliação do representante da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Evandro Scheid Ninaut, o cooperativismo é uma alternativa para o desenvolvimento agrário e a inclusão social no campo. Ele destacou três fatores que, segundo a OCB, impedem uma competitividade maior da agropecuária: a variação cambial, os problemas de biossegurança e as dificuldades de crédito rural para as cooperativas.
Apesar das dificuldades, Ninaut destacou que o cooperativismo é fundamental para o setor. Ele informou que existem 1.514 cooperativas agropecuárias no Brasil, com 880 mil filiados.
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