Especialistas defendem diagnóstico precoce e centros de excelência para câncer infantojuvenil
A Câmara aprovou em junho a criação do Programa Nacional de Atenção à Oncologia Pediátrica; proposta está em análise no Senado
23/09/2021 - 20:17
Atualmente a letalidade por câncer infantojuvenil no Brasil é de 31%. A Organização Mundial da Saúde preconiza que esse número seja no máximo de 20%, a exemplo do que já acontece nos países mais desenvolvidos.
Para encontrar medidas que aproximem o País deste patamar, a comissão especial de combate ao câncer no Brasil ouviu especialistas nesta quinta-feira (23) sobre o atendimento a crianças e adolescentes com câncer. Eles destacaram a necessidade de diagnóstico precoce e tratamento em centros de excelência para aumentar as chances de cura.
A Câmara aprovou em junho o Projeto de Lei 3921/20, que institui o Programa Nacional de Atenção à Oncologia Pediátrica. O autor da proposta e coordenador da Frente Parlamentar de Prevenção do Câncer Infantil, deputado Bibo Nunes (PSL-RS), destacou que o câncer infantojuvenil ainda é a primeira causa de morte nessa faixa etária. "Todos os anos 12.500 crianças e adolescentes têm suas vidas afetadas radicalmente pela doença. Estima-se que cerca de um terço dessas crianças possam estar morrendo sem sequer terem a chance de serem diagnosticadas”, lamentou.
O fundador do Instituo do Câncer Infantil de Porto Alegre, Algemir Brunetto, destacou que a aprovação do projeto na Câmara foi resultado direto da parceria entre os parlamentares e as entidades da sociedade civil para a confecção de um texto capaz de enfrentar os problemas no atendimento aos pacientes infantojuvenis com câncer.
Ele afirma que a doença se manifesta de foram distinta em adultos e crianças. "O diagnóstico precoce e o tratamento em centros de excelência é fundamental para que o paciente tenha a melhor chance de cura”, destacou.
A presidente da Confederação Nacional das Instituições de Apoio e Assistência a Crianças e Adolescentes com Câncer, Teresa Cristina Fonseca, destacou a necessidade de rapidez na detecção e no encaminhamento dos pacientes, porque o câncer infantojuvenil avança de maneira muito rápida o que pode prejudicar o tratamento se o diagnóstico for realizado tardiamente.
O diretor geral do Instituto do Câncer, Gélcio Quintella, afirmou que a previsão para 2021 é de 8460 novos casos de câncer em crianças e adolescentes até 19 anos, e por isso é preciso fortalecer a rede de atenção a esses pacientes, porque o País ainda conta com grandes vazios de atendimento, principalmente na região Norte.
O chefe do serviço médico da Santa Casa de Belo Horizonte, Joaquim de Aguirre, afirmou que para diminuir a mortalidade por câncer infantojuvenil é preciso vencer a dificuldade do acesso ao início do tratamento com uma rápida transferência para os hospitais de referência.
Reportagem - Karla Alessandra
Edição - Geórgia Moraes