Em audiência sobre Jogos Olímpicos de Tóquio, deputado critica fim do Ministério do Esporte
Entidades esportivas defenderam a volta do profissional de Educação Física no Ensino Fundamental e apresentaram projetos de massificação do esporte
26/11/2019 - 20:53
Na última audiência pública da Comissão de Esporte da Câmara com atletas e dirigentes de confederações esportivas sobre a preparação para os Jogos Olímpicos de Tóquio, realizada nesta terça-feira (26) na Câmara, o deputado Luiz Lima (PSL-RJ), autor do requerimento para a realização dos encontros, revelou arrependimento por ter concordado com o fim do Ministério do Esporte.
No governo Bolsonaro, a pasta passou a fazer parte do Ministério da Cidadania. Para Luiz Lima, é necessário haver no comando das políticas públicas do setor uma pessoa que viva 100% o esporte e que possa trabalhar com autonomia.
“A gente não pode ter medo de mudar. Se fez alguma mudança e identifica que ela não foi satisfatória para atingir o que esperava, não é vergonha mudar. Ministério da Cidadania ficou muito grande. Eu como atleta olímpico, eu sendo ministro de um ministério que tem cultura e esporte juntos, vou olhar mais para o esporte, apesar de amar cultura. No caso da cidadania, tem um médico, com preocupação social muito grande e as políticas sociais são imensas e requerem tempo. Não é falta de vontade, mas de tempo para se dedicar a uma ação que não tem ligação tão forte”, observou Lima.
Educação Física
E uma política pública questionada durante a audiência foi a permissão para que o professor regente conduza as aulas de Educação Física, dispensando a presença do profissional com formação específica. A norma está prevista em resolução do Conselho Nacional de Educação (resolução nº 7, de 14 de dezembro de 2010) e vale para o 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental. A crítica veio do vice-presidente da Comissão de Atletas da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa, Alexandre Macieira. Para ele, essa política tem impacto na formação de atletas, uma vez que o primeiro contato das crianças com o esporte acontece geralmente na escola.
“Se não incentivar prática esportiva para melhorar qualidade de vida, a mobilidade, a gente vai acabar perdendo as crianças para outras coisas, como celular, jogos, computador e a parte psicomotora fica bem afetada e prejudica a formação como pessoa. Como vai trabalhar esses meninos e dar condições para eles se não têm nos primeiros momentos contato com profissional adequado de EF para desenvolver habilidades motoras e levar para o resto da vida toda? É a formação do cidadão e é um direito deles”, disse.
Massificação do esporte
A descoberta de talentos por meio da massificação do esporte nas escolas é uma estratégia da Confederação Brasileira de Badminton. Segundo o presidente, Francisco Ferraz, a entidade estimula a inclusão desse esporte nas escolas por meio da formação de professores escolares, da doação do material esportivo e do apoio a jogos escolares.
“Esporte barato porque na escola, quando você trabalha turmas de badminton, consegue atender maior número de crianças do que outros esportes. 30, 35 ao mesmo tempo na quadra. Todo mundo fica feliz, não fica esperando para entrar. Temos Teresina (PI) que tem 30 escolas com badminton constantemente, cada uma com mil alunos. Pelo menos 30 mil praticantes”, observou.
Ginástica
O trabalho de base é estratégia também da Confederação Brasileira de Ginástica. O projeto Centro de Excelência Caixa Jovem Promessa de Ginástica atende mais de 1.500 crianças com atividades de ginástica artística e ginástica rítmica, em 15 unidades distribuídas pelas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sul.
A Confederação Brasileira de Tênis apresentou, por sua vez, projeto que envolve a doação de cadeiras de rodas e a capacitação de professores para escolinhas de diversos estados com o objetivo de difundir essa modalidade paralímpica.
Essa foi a última de uma série de sete audiências públicas da Comissão de Esporte com as confederações esportivas. Ao todo, foram ouvidos dirigentes e atletas de 32 entidades.
Reportagem – Verônica Lima
Edição – Roberto Seabra