Direitos Humanos

Especialistas reivindicam políticas públicas em prol da igualdade étnico-racial

Apesar de representarem 56% da população brasileira, negros estão em desvantagem no mercado de trabalho, no nível de renda, nas condições de moradia, na escolaridade, no acesso a bens e serviços

20/11/2019 - 19:11  

Em debate promovido nesta quarta-feira, Dia da Consciência Negra, pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, em parceria com a Frente Parlamentar em Defesa da Escola Pública e em Respeito ao Profissional da Educação, debatedores lembraram dados sobre a desigualdade de oportunidades entre brancos e negros que existe no Brasil.

Apesar de representarem 56% da população brasileira, segundo o IBGE (2019), os negros estão em desvantagem no mercado de trabalho, no nível de renda, nas condições de moradia, na escolaridade, no acesso a bens e serviços, além de estarem mais sujeitos à violência em relação aos brancos.

Camila Souza/Governo da Bahia
Negros ainda estão em desvantagem no mercado de trabalho, no nível de renda e na escolaridade

Professora da faculdade de Educação da Universidade de Brasília, Catarina Santos lamentou a desigualdade social no País. Para ela, existe um racismo estrutural na sociedade brasileira, que precisa ser combatido com ações efetivas por igualdade étnico-racial.

“A gente precisa garantir educação de qualidade. Isso é fundamental. Precisamos garantir trabalho para a população negra, precisamos garantir saúde, moradia. Ou seja: precisamos garantir políticas públicas para efetivar os direitos que estão na nossa Constituição”, afirmou.

A historiadora Renisia Filice destacou que o Estado precisa avançar na promoção de políticas públicas que eliminem as desigualdades étnico-raciais no País, mas reconheceu algumas conquistas recentes, como a presença de 50% de estudantes negros nas universidades públicas brasileiras, de acordo com pesquisa recente do IBGE.

“São pequenas conquistas - se é que podemos chamar de conquistas, pois, na verdade, é dever do Estado minimizar a desgraça e a mazela que incide sobre a população negra e, inclusive, criada por esse próprio Estado, seja no Brasil colônia, seja no Brasil Império e seja nesse Brasil que nós vivemos hoje.”

A iniciativa do debate foi da deputada Professora Rosa Neide (PT-MT), para quem o Dia da Consciência Negra leva à reflexão sobre o preconceito e as desigualdades sofridas pela comunidade negra.

“A consciência negra é no momento em que nós ocuparmos os espaços entendendo que todos são iguais perante a lei, que todos têm direitos, têm direito à universidade, têm direito à renda. E nós teremos que nos igualar porque a maioria da população, se não é negra, é descendente direto de negro; então, nós não podemos excluir essas pessoas. Então consciência negra é ter a consciência da igualdade das pessoas que aqui vivem”, disse a deputada.

A professora Neide Rafael, da Frente de Mulheres Negras do Distrito Federal e Entorno, acrescentou que a data dá visibilidade ao patrimônio construído pelos povos africanos e seus descendentes e promove a valorização da influência africana na cultura brasileira.

Reportagem - Giovanna Ribeiro
Edição - Ana Chalub

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