Economia

Seminário aponta alternativas para sair da crise econômica

14/10/2019 - 10:15  

Debatedores ouvidos pela Comissão de Trabalho, de Administração e de Serviço Público da Câmara dos Deputados, na semana passada, criticaram a atual política econômica centrada no ajuste fiscal e defenderam o aumento dos investimentos públicos como caminho para o enfrentamento da crise econômica.

No evento, que levou o nome de “Repensando a Economia Brasileira”, os debatedores lembraram que, assim como o Brasil, quase todas grandes economias do mundo apresentaram déficit fiscal em suas contas nos últimos anos.

A economista Simone Deos, da Universidade de Campinas, defendeu mais distribuição de renda e investimentos públicos. Segundo ela, o Estado deve ser indutor da retomada do crescimento, que vai gerar também receitas para o próprio governo. "O gasto do governo não será gerador de inflação; será um indutor da retomada do crescimento.  A receita do governo vai advir disso.“

Maria de Lourdes Rollemberg Mollo, da Universidade de Brasília (UnB), concorda que o crescimento não virá com o receituário liberal. "Hoje a gente tem uma opinião dominante de que o crescimento só virá se houver corte de gastos, está sendo dito há muito tempo e o crescimento não está decolando. Se o investimento público crescer, isso criará renda e emprego", aposta a professora da UnB.

Já o ex-secretário de Polìtica Econômica Luiz Gonzaga Beluzzo criticou o teto de gastos. "Nós estamos diante desse monstro que é o teto de gastos. Na verdade, que é uma inovação brasileira. Não conheço nenhum país do mundo que tenha criado um teto tão rígido."

A presidente da Comissão de Trabalho, de Administração e de Serviço Público, deputada Professora Marcivânia (PCdoB-AP), também acredita que as políticas do governo estão no caminho errado. "Os direitos foram retirados, a reforma trabalhista foi aprovada e só conseguiu ser aprovada porque pegou aquele discurso de que era necessário a reforma. Não gerou um único emprego, só precarizou as relações de trabalho e agora estão atacando também a proteção ao trabalhador", criticou a parlamentar.

Proposta da oposição
Já a líder da Minoria, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), defendeu uma reforma tributária progressiva, que reduza os impostos do consumo e aumente a taxação sobre o capital e o patrimônio dos mais ricos. Essa é a proposta da oposição para a reforma tributária em análise na Câmara.

Sem contraponto
O seminário “Repensando a Economia Brasileira” não contou com participantes alinhados à política econômica do governo Bolsonaro.

Reportagem - Cid Queiroz
Edição - Natalia Doederlein

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