PT vai fazer oposição ao governo Bolsonaro com foco nos direitos sociais, diz líder
Paulo Pimenta afirma que partido vai defender a Previdência e a democracia
23/01/2019 - 19:04
Articulação de frente democrática e manutenção de direitos econômicos e sociais são prioridades do PT na Câmara, segundo o líder do partido, deputado Paulo Pimenta (RS). O jornalista natural de Santa Maria vai iniciar o quinto mandato como deputado federal pelo Rio Grande do Sul.
Com 54 deputados eleitos, o Partido dos Trabalhadores se mantém como a maior bancada da Câmara, apesar de ter perdido 15 cadeiras.
Confira os principais trechos da entrevista concedida pelo líder do PT.
Quais assuntos serão prioridade para a nova bancada do partido na Câmara?
A atuação da bancada vai girar em torno de três questões principais: a primeira é uma ampla frente em defesa de democracia, para conter o avanço do fascismo e da extrema direita que coloca em risco valores fundamentais presentes na Constituição de 1988, tanto do ponto de vista dos direitos civis e políticos quanto das garantias individuais do brasileiro. A segunda questão é a mobilização em torno da manutenção dos direitos econômicos e sociais: a defesa da Previdência, da educação pública, da saúde pública, do pré-sal e a defesa da nossa soberania. E vamos também buscar a liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que é um preso político e teve seus direitos de defesa violados.
Como vai se formar essa frente democrática?
Acreditamos na construção de uma frente "popular e democrática" cuja marca seria a defesa da Constituição, da independência do Legislativo em relação ao Executivo e das prerrogativas parlamentares. Vamos fazer oposição aos temas da pauta de comportamento, que Bolsonaro chama de “pauta moral”. Desarmamento e redução da maioridade penal, por exemplo, não há especialista que possa nos apontar onde deram certo.
E com relação à pauta econômica, qual será a participação do PT?
Quando o país estava com uma taxa de crescimento importante, nós tínhamos uma capacidade de arrecadação muito maior e tínhamos o equilíbrio das contas da Previdência. Essa opção por enfrentar a crise com uma política recessiva mergulhou o país neste cenário em que estamos vivendo. É preciso que o país volte a crescer e o Estado é um fator fundamental, tanto em função da oferta de crédito quanto da retomada das obras públicas. Defendo estratégias econômicas que levem a uma maior presença do Estado na economia, a fim de buscar o equilíbrio orçamentário por meio do fomento ao consumo, ao investimento e à geração de emprego e renda.
O Partido dos Trabalhadores defende alguma das reformas que está em pauta na Câmara?
A reforma política é a mais importante. Já a tributária esbarra na dificuldade de avanço no debate em torno de mudanças necessárias no pacto federativo, ou seja, na correlação de forças entre União, estados e municípios. Quanto à reforma da Previdência, sou contra o regime de capitalização proposto pelo governo. Durante a campanha eleitoral, Bolsonaro não participou de debates nem submeteu suas ideias a questionamentos e, por isso, qualquer nova proposta de reforma previdenciária deve passar por ampla e profunda discussão no Congresso.
Reportagem – José Carlos Oliveira
Edição – Ana Chalub