Especialistas sugerem debate sobre sexualidade para reduzir gravidez na adolescência
12/12/2017 - 15:52
A deputada Erika Kokay (PT-DF) e a presidente da Associação Brasileira de Antropologia, Lia Zanotta, propuseram nesta terça-feira (12) a inclusão de debates nas escolas sobre sexualidade, como forma de reduzir a gravidez na adolescência.
O assunto foi discutido em audiência pública promovida pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher.
O Brasil tem a sétima maior taxa de gravidez na adolescência da América do Sul, com 65 gestações para cada mil meninas de 15 a 19 anos, segundo dados do Fundo de População das Nações Unidas (UNPFA), agência ligada à ONU.
Lia Zanotta afirmou que a discussão do assunto nas escolas poderá levar a uma mudança cultural. Ela observou que ainda é muito comum no Brasil os meninos terem liberdade para exercer sua sexualidade, enquanto as meninas são reprimidas pelos pais.
“A sexualidade feminina obedece a valores tradicionais e morais em nome da honra das famílias”, afirmou. Esses valores familiares, segundo ela, complicam ainda mais a situação das meninas grávidas.
Políticas públicas
Para Erika Kokay, que propôs a realização da audiência, a maternidade indesejada pode levar as adolescentes a um sentimento de culpa. “São necessárias políticas públicas nos níveis municipal, estadual e nacional para possibilitar às meninas evitar a gravidez precoce e indesejada. Quando não for possível evitar, que se acolha a menina que se sente culpada pela família e pela escola”, disse.
A representante do UNFPA, Anna Cunha, afirmou que a gravidez na adolescência pode contribuir para a pobreza no País, porque as mães frequentemente abandonam a escola e perdem a oportunidade de melhorar de vida.
Segundo ela, de cada cinco bebês que nascem no Brasil, um é filho de mãe adolescente. Entre essas meninas, de cada cinco, três não trabalham nem estudam; sete em cada dez são afrodescendentes e a maioria se concentra na região Nordeste.
Ranking
No ranking de gravidez na adolescência na América do Sul, a Venezuela ocupa o primeiro lugar, com 95 grávidas para cada grupo de mil jovens entre 15 e 19 anos.
Em seguida, vêm Bolívia (88), Guiana Francesa (87), Colômbia (84), Guiana (74) e Argentina (68). Depois de Brasil, Peru e Suriname (65), que estão empatados no sétimo lugar, aparecem Uruguai (64), Paraguai (63) e Chile (52).
Reportagem – Alinne Castelo Branco
Edição - Rosalva Nunes