Três frentes parlamentares suprapartidárias protestam contra privatização da Eletrobras
Deputados da frente defendem a aprovação pelo Plenário de proposta que prevê referendo popular antes da venda das usinas. O debate também reuniu trabalhadores do sistema Eletrobras
29/11/2017 - 16:00
Deputados da base do governo e da oposição realizaram audiência pública com a presença de vários trabalhadores do grupo Eletrobras para mostrar posição contrária à privatização das estatais de energia elétrica. O governo anunciou a venda de subsidiárias da empresa nos estados em agosto e previu R$ 12 bilhões de arrecadação no Orçamento de 2018.
Na audiência, que lotou o auditório Nereu Ramos, o maior da Câmara, nesta quarta-feira (29), estiveram presentes os coordenadores de três frentes parlamentares em defesa de Furnas, Chesf e Eletronorte; esta última lançada na mesma ocasião.
O deputado Danilo Cabral (PSB-PE), do grupo parlamentar em defesa da Chesf, disse que o governo está preocupado apenas com a arrecadação imediata, pois segundo ele, as usinas valem cerca de R$ 400 bilhões.
O vice-líder do governo no Congresso e coordenador da frente de Furnas, deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG), considerou um erro do governo propor a venda.
"O governo erra ao fazer esta entrega do patrimônio público brasileiro, do povo brasileiro, para empresas públicas de outro país, certamente empresas chinesas. Então, o governo chinês vai entrar dentro do nosso país, comprar a preço de nada o patrimônio que foi construído durante décadas? Não faz sentido", criticou.
Ex-diretor da Chesf, Mozart Bandeira destacou a importância do sistema Eletrobras para a população brasileira.
"Mais da metade da carga no Nordeste é atendida por energia eólica. Quem começou a energia eólica no Brasil? O Proinfa, um programa da Eletrobras. No Nordeste, no Norte, no Piauí, mais de 60% do povo do Piauí não tinham energia elétrica na área rural. Quem foi que atendeu isso? O Programa Luz para Todos, que foi feito pelas distribuidoras; porém, instrumentalizado, coordenado e fiscalizado pela Eletrobras", lembrou.
Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas do Estado do Amazonas, Edney Martins, a privatização levará ao aumento das tarifas de energia e reduzirá os investimentos para as populações que vivem em regiões de difícil acesso.
A deputada Jô Moraes (PCdoB-MG) também mostrou preocupação com o possível aumento da presença e do controle econômico de grupos estrangeiros na Região Amazônica, estratégica para o Brasil.
Vários participantes da audiência defenderam uma pressão maior para a votação pelo Plenário da Câmara de proposta que prevê um referendo popular antes da venda das usinas (PDC 948/01).
O governo tem afirmado que a privatização vai dar mais eficiência ao sistema. E tem assegurado que o controle será pulverizado, mantendo alguma participação da União.
Reportagem - Sílvia Mugnatto
Edição - Geórgia Moraes