Deputados da base governista defendem votações; oposição anuncia obstrução
Líder do DEM, Efraim Filho diz que agenda de investigações é com o Supremo; Alessandro Molon, líder da Rede, afirma que crise afeta a normalidade política
22/05/2017 - 15:26 • Atualizado em 22/05/2017 - 17:17
Deputados da base do governo defendem a continuidade das votações na Câmara, após o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizar a abertura de inquérito contra o presidente Michel Temer para apurar denúncias dos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos do grupo J&F, que controla o frigorífico JBS.
O líder do DEM, deputado Efraim Filho (PB), defendeu nesta segunda-feira (22) a continuidade das votações das matérias econômicas pelo Congresso, além de afirmar que o partido continua na base de sustentação do governo, embora reconheça a gravidade da crise política.
Segundo Efraim Filho, a agenda das investigações cabe ao STF, e a agenda econômica, ao Congresso, para a retomada do desenvolvimento econômico. “É hora de transparência, reconhecer que o momento é delicado, que as denúncias são fortes, e a resposta a isso tem que ser rápida. E acho que ninguém mais interessado que o governo em fazê-la.”
Vice-líder do DEM na Câmara, o deputado Pauderney Avelino (AM) disse que os temas econômicos em tramitação no Congresso são importantes para o País. Ele defendeu a votação do Projeto de Lei Complementar que convalida incentivos fiscais (PLP 54/15), marcada para esta semana, e das reformas trabalhista, no Senado, e previdenciária, na Câmara. Segundo Avelino, Temer terá oportunidade de se defender.
Já o deputado Danilo Forte (PSB-CE) reconheceu que será difícil para o Congresso analisar temas polêmicos, como a reforma da Previdência, e sugeriu uma agenda mínima de votações. “Neste momento Michel Temer continua presidente da República, e não podemos dizer que não existe”, disse. “O País é maior que as querelas políticas.”
Obstrução dos trabalhos
Pauderney Avelino ainda criticou a oposição por apoiar a obstrução dos trabalhos na Câmara até que seja aceito um eventual pedido de impeachment de Michel Temer ou então a votação da proposta que estabelece eleições diretas (PEC 227/16), cuja admissibilidade pode ser votada nesta terça-feira (23). “A oposição quer tumultuar o processo porque é contra as reformas”, disse.
O deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) afirmou que não há normalidade no País após as denúncias envolvendo Temer e, por essa razão, o Congresso também não pode funcionar normalmente.
“Vamos obstruir todas as matérias. Vamos exaurir os deputados da base do governo. Ontem [domingo, 21], Temer não conseguiu nem realizar aqueles jantares pagos com nosso dinheiro para reunir aqueles que tentam sustentá-lo depois de suas palavras estimulando a prática de crimes", afirmou.
Presença em ministérios
Alguns partidos já começam a sair da base do governo Michel Temer. Até o momento, PSB, PPS e Podemos anunciaram essa decisão.
O PSB é agora oposição a Temer, embora, na Câmara, alguns parlamentares ainda apoiem o governo. O presidente do partido, Carlos Siqueira, manifestou-se favoravelmente à renúncia do presidente e também defendeu que o deputado licenciado Fernando Coelho Filho (PE) deixe o Ministério de Minas e Energia.
O PPS oficializou o rompimento na semana passada. O deputado Roberto Freire (SP) entregou o comando da Cultura, mas o deputado Raul Jungmann (PE) continua no Ministério da Defesa. O Podemos, antigo PTN, anunciou independência em relação ao governo.
Reportagem - Luiz Gustavo Xavier
Edição - Ralph Machado