Direitos Humanos

Comissão de Direitos Humanos apura denúncias após tragédia em Mariana

Deputados visitam moradores atingidos pelo rompimento de barragem da mineradora Samarco e colhem testemunhos sobre falta de atendimento adequado da população

10/11/2016 - 13:41  

PADRE JOAO
O deputado Padre João, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara 

A Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados reúne uma série de denúncias sobre a falta de atendimento adequado às populações atingidas pelo rompimento de barragem da mineradora Samarco, em Mariana (MG). A tragédia, que resultou na morte de 20 pessoas, completou um ano no dia 5 de novembro.

Deputados da comissão visitaram dez municípios afetados pelo acidente, nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Segundo o presidente do colegiado, Padre João (PT-MG), muito pouco foi feito em prol das vítimas, que estão vivendo em situação vulnerável.

Ao longo do rio Doce, não há água para consumo humano ou mesmo para lavar roupa. Padre João critica a criação, pela Samarco, de uma fundação que tem estabelecido os critérios de quem tem direito a receber benefícios financeiros.

“O dono da pousada recebe o cartão. Equivale lá a um salário mínimo, mas os trabalhadores que foram demitidos da pousada não recebem. A dona da lojinha de artesanato recebe o cartão, mas os artesãos não recebem. Essas comunidades todas estão sem receber absolutamente nada”, disse.

Prioridades
Padre João afirmou ainda que a falta de recursos para os atingidos revela uma questão de prioridades da Samarco. Segundo o deputado, a empresa já investiu mais de R$ 60 milhões em uma hidrelétrica no município de Rio Doce.

“Qualquer cidadão pode entrar no site da Renova, que é a tal fundação [da Samarco], e acompanhar esse orçamento. Eles estão priorizando a limpeza da hidrelétrica, para que volte a funcionar. O povo sequer está incluído como atingido”, disse.

Críticas
Padre João também afirmou que o poder público tem feito muito pouco em prol da população. Ele criticou a atuação dos governos e disse que não há perspectiva para reparar os danos econômicos, sociais e ambientais causados.

“Nas unidades básicas de saúde, o índice de doenças renais é uma coisa assustadora. Já há estudos de mais de uma universidade comprovando o alto índice de metais e uma superbactéria”, afirmou, alertando para os efeitos da tragédia nos moradores.

Relatório
Os deputados da Comissão de Direitos Humanos da Câmara pretendem agora reunir todo o material colhido na visita a Minas Gerais e ao Espírito Santo, incluindo denúncias de moradores em áudio e vídeo, para apresentar um relatório até o fim do mês.

Reportagem – Mônica Thaty
Edição – Ralph Machado

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