Debatedores pedem investimento contínuo no programa de pesquisas na Antártida
06/07/2016 - 15:18
O programa brasileiro de pesquisa na Antártida sofre com a falta de recursos. Segundo o diretor científico do centro polar e climático do Instituto de Geociência da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Jefferson Simões, hoje, existe recurso para manter estudantes bolsistas por apenas mais quatro meses.
O Programa Antártico Brasileiro (Proantar) e as pesquisas que vem sendo realizadas por ele foram discutidos em audiência pública, nesta terça-feira (5), da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.
O projeto foi criado em 1982 com a finalidade de estudar essa região que é rica em recursos naturais e tem papel importante no funcionamento climático do planeta, bem como por motivos políticos e econômicos.
A Antártida contém cerca de 90% das reservas de gelo e 70% da água doce do mundo, além de cerca de 170 jazidas minerais. O Brasil é o país líder em pesquisa na América Latina, mas é o que menos investe se comparado a outros países dos BRICS, por exemplo.
Certeza dos recursos
O professor Jefferson Simões, afirmou que é preciso um programa contínuo de investimentos. "A pesquisa na Antártida vai avançar no Brasil se ela tiver um financiamento constante. Às vezes, não é nem o volume, mas é a certeza que os recursos entrarão e não serão contingenciados.”
“Os valores não são muito altos se nós dividirmos por número de participantes e as instituições”, observou o pesquisador. “Hoje, um projeto de R$ 8 milhões, por ano, para mais de 200 pesquisadores-chefes, mais de 500 alunos, envolvendo mais de 20 instituições internacionais, se nós dividirmos pelo número de indivíduos não é uma quantidade muito grande."
Simões queixou-se ainda de recursos financeiros que estão retidos pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, algo em torno de R$ 1,7 milhões.
Ampliação do debate
A vice-presidente da Frente Parlamentar Mista de Apoio ao Programa Antártico, deputada Maria Helena (PSB-RR), presidiu a sessão e disse que, por enquanto, a Câmara tem apoiado o Proantar com emendas parlamentares, mas defendeu a ampliação do debate na Casa.
"Nós podemos, através das nossas emendas parlamentares, emendas de comissões, direcionar recursos para a pesquisa científica. Nós já fazemos isso desde 2005. De 2007 até 2012, foram anos em que a pesquisa científica teve um apoio maior da nossa frente parlamentar. Nós estamos tentando retomar esse trabalho para que a gente possa fortalecer o trabalho desses brasileiros no continente antártico", destacou a parlamentar.
A Comissão de Meio Ambiente volta a se reunir nesta quinta-feira (7), dessa vez para a discussão do projeto de lei (3408/15) que proíbe o descarte irregular de resíduos ou rejeitos em vias públicas.
Reportagem – Ana Gabriela Braz
Edição – Newton Araújo