Segurança

Especialista defende revisão na política de segurança nas fronteiras para barrar armas

Convidados e deputados debateram o combate ao tráfico de armas

27/10/2015 - 21:21  

Luis Macedo / Câmara dos Deputados
Subcomissão Permanente para tratar do Combate ao Crime Organizado - Audiência Pública para debater sobre o tráfico de armas no Brasil. Superintendente de Segurança Pública da Secretaria de Justiça de Estado e Segurança Pública do Estado do Mato Grosso do Sul, Antonio Carlos Videira
Videira: o fluxo de armas nas fronteiras alimenta a criminalidade em cidades como o Rio de Janeiro e São Paulo. Desde as pacificações dos morros do RJ, houve aumento na demanda de armas do tipo fuzil vindas do Paraguai, Colômbia e Bolívia

O superintendente de Segurança Pública da Secretaria de Justiça e Segurança Pública do Mato Grosso do Sul, Antonio Carlos Videira, afirmou nesta terça-feira (27) na Câmara dos Deputados que é preciso rever as políticas de segurança das fronteiras brasileiras com os países da América do Sul para barrar a transferência de armas e drogas para o País.

O tráfico de armas no Brasil foi o assunto principal do debate em audiência pública promovida pela subcomissão permanente que trata do combate ao crime organizado da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado.

De acordo com Videira, o fluxo de armas nas fronteiras alimenta a criminalidade em cidades como o Rio de Janeiro e São Paulo. "Desde que se iniciaram as pacificações dos morros do RJ, houve um aumento na demanda de armas do tipo fuzil [vindas do Paraguai, Colômbia e Bolívia]. Quando se expulsa, prende ou desarticula o tráfico de um morro, os traficantes se mudam e quem se vê ameaçado, precisa se defender e demandam armas com calibre maior", afirmou o superintendente.

Luis Macedo / Câmara dos Deputados
Subcomissão Permanente para tratar do Combate ao Crime Organizado - Audiência Pública para debater sobre o tráfico de armas no Brasil. Subsecretário de Educação, Valorização e Prevenção da Secretaria de Estado de Segurança do Rio de Janeiro, Pehkx Jones Gomes da Silveira
Silveira: o porte de armas de uso militar, como granadas, fuzis, bombas, deveria ser crime hediondo para gerar mais respeito e medo às pessoas que as utilizam.

A audiência foi solicitada pelo deputado Aluísio Mendes (PSDC-MA) com o objetivo de formular propostas que visem diminuir a criminalidade no País que tem sido fomentada pelo tráfico de armas. "Esse é um problema atual e que contribui em muito para o aumento da criminalidade", afirmou Mendes.

O deputado concordou com Videira e disse que o governo deveria agir com mais firmeza na relação com os países de fronteira a fim de combater o fluxo de materiais para o crime organizado. "O governo brasileiro está ciente e omisso. Por que não podemos cobrar dos países o cumprimento de tratados? Por que não podemos cobrar o tratado de devolução de carros roubados? De cada 10, eles entregam um e o Brasil fica omisso", disse.

Crime hediondo
Já para o subsecretário de Educação, Valorização e Prevenção da Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro, Pehkx Jones Gomes da Silveira, o porte de armas de uso militar como granadas, fuzis, bombas, deveria ser considerado crime hediondo para gerar mais respeito e medo por parte das pessoas que as utilizam.

Luis Macedo / Câmara dos Deputados
Subcomissão Permanente para tratar do Combate ao Crime Organizado - Audiência Pública para debater sobre o tráfico de armas no Brasil. Dep. Aluisio Mendes (PSDC - MA)
Mendes: por que não podemos cobrar o tratado de devolução de carros roubados? De cada 10, eles entregam um e o Brasil fica omisso.

"[Deveria se] tratar o porte e o uso das armas de uso restrito como crime hediondo, cujo crime seja cumprido em prisão federal, a fim de fazer a juventude pensar duas vezes no uso de armas desse calibre, pois o uso mostra que não existe respeito e responsabilidade", disse Silveira.

Por fim o deputado Aluísio Mendes afirmou que a situação da segurança brasileira está alarmante e precisa de medidas urgentes para modificá-la. "A cada vez que recebemos um convidado aqui, a gente percebe que a segurança pública não está doente e sim em estado terminal. Cada exposição mostra a falta de estrutura, de interação, de integração, de políticas públicas, e avanço cada vez mais na insegurança", concluiu.

Reportagem – Vinícius Cassela/ RCA

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