Política e Administração Pública

Deputados da CPI dos Fundos de Pensão divergem sobre convocação de Fernando Baiano

Requerimento com o pedido de convocação do delator não chegou a ser votado nesta quinta

22/10/2015 - 18:12  

Os requerimentos de pedido de convocação do delator Fernando Baiano e do operador do esquema de corrupção na Petrobras, Marcos Valério, causaram polêmica, nesta quinta-feira (22), entre os integrantes da CPI dos Fundos de Pensão.

Contrário ao documento, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) argumentou que os atos ilícitos protagonizados pelos dois são estranhos à agenda do colegiado, por estarem relacionados à CPI das Petrobras, encerrada nesta madrugada.

Teixeira acrescentou que os requerimentos não explicitam nenhum vínculo de Baiano e Valério com a má gestão dos fundos de pensão investigados pelo colegiado. “A comissão não pode se propor a importar uma pauta que não é sua” reiterou.

Ampliação das investigações
O deputado Marcos Pestana (PSDB-MG), autor de três pedidos de investigação, inclusive o de Fernando Baiano, rebateu afirmando que a ampliação das investigações é “imperativo de ética e transparência” da CPI dos Fundos de Pensão perante a sociedade.

Segundo ele, a convocação de Baiano se baseia em novo conteúdo da delação premiada divulgado ontem (21) pela imprensa, no qual o delator relata tráfico de influências do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na empresa Sete Brasil, criada pela Petrobras com bancos e fundos de pensão.

“Uma taxa de 1% sobre cada contrato da Sete Brasil, na qual os principais acionistas eram os fundos de pensão, era revertido em propina para partidos”, disse. “Só em três fundos que estão deficitários (em R$ 20 bilhões), a Sete Brasil responde por R$ 3 bilhões – mais de 10% dos nossos problemas. O Brasil não aguenta mais rodízio de pizza”, complementou Pestana.

Paulo Teixeira também se opôs à convocação do pecuarista José Carlos Bumlai e do ex- diretor-financeiro da Petrobras, Almir Barbassa.

Nenhum dos pedidos de convocação foi votado hoje pela CPI. O colegiado também adiou para a próxima semana a deliberação dos outros requerimentos em pauta, como o que convoca o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil e ex-presidente do Conselho Consultivo da Previ, Henrique Pizzolato.

Novos depoimentos
A CPI dos Fundos de Pensão vai ouvir na próxima terça-feira (27) o doleiro Alberto Yousseff e o advogado Carlos Alberto da Costa. Eles foram convocados para esclarecer denúncias de interferência nas decisões de investimentos mal sucedidos no fundo de pensão dos servidores do Correios, o Postalis.

A comissão também deve ouvir nas próximas semanas o empresário Eike Batista. A convocação, já aprovada pelos parlamentares, tem como base o possível aporte de recursos dos fundos de pensão pelo Grupo EBX, controlado por Eike.

Reportagem – Emanuelle Brasil
Edição – Marcelo Oliveira

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