Saúde

Falta de uso de preservativos faz Brasil viver epidemia de sífilis, diz especialista

29/09/2015 - 10:56  

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O coordenador de Comunicação da Sociedade brasileira de infectologia, Alexandre Cunha, disse há pouco que a maior epidemia dos últimos dez anos no Brasil é a sífilis. Ele afirmou que uma explicação possível para essa explosão é a diminuição do uso de preservativos. “Os dados são chocantes”, disse.

Alexandre Cunha explicou que os casos ocorrem tanto em pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto das redes privadas. Ele participa de audiência pública da Comissão de Seguridade Social e Família para discutir o desabastecimento de benzetacil no âmbito do SUS. Esse medicamento é o mais indicado para o tratamento da sífilis e da febre reumática.

Cunha afirmou que em vários lugares do País, como o Rio de Janeiro, a situação é caótica. “Aqui mesmo em Brasília, há pacientes da rede privada que precisam ir a Goiânia para comprar o produto”, disse, ao explicar de benzetacil.

Ele destacou ainda o aumento da incidência de sífilis congênita (transmitida da mãe para feto via placenta) no País. “Para outras formas de sífilis, podemos até ter outras opções, mas para o tratamento de gestantes só com a penicilina”, disse.

Cunha sugeriu uma maior restrição do uso da penicilina para gestantes, e que sejam usados os laboratórios farmacêuticos públicos para a produção de antibióticos de alta demanda, como a própria penicilina. “Mas é importante destacar que não é a falta do uso de penicilina que trouxe o aumento da sífilis no Brasil. Atendo gente com sífilis em todas as classes”, acrescentou.

Testes

De acordo com a diretora do Departamento de DST, AIDS e Hepatite Virais do Ministério da Saúde, Adele Shwartz Benzaken, houve um aumento de testes que identificam a sífilis congênita e que confirmam a epidemia da doença no Brasil. “Só neste ano, foram feitos mais de um milhão de testes”, informou.

Ela destacou que o desabastecimento da penicilina tem contribuído para o aumento de mortes por sífilis congênita no País. Segundo a diretora, 41% dos estados estão com estoque zero do produto e 59% já relatam algum tipo de desabastecimento.

Providências

Adele Benzaken afirmou que o governo vem tomando providências há cerca de dois anos, quando foi identificado o aumento de sífilis congênita no Brasil. Entre as estratégias adotadas em várias cidades do País, estão campanhas; criação de comitês regionais de investigação; observatórios regionais; cadernos de boas práticas e atenção básica; pareceres de entidades médicas; e conselhos de enfermagem para controlar a epidemia.

A audiência acontece no plenário 7.

Mais informações a seguir.

Reportagem – Luiz Gustavo Xavier
Edição – João Pitella Junior

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