Trabalho, Previdência e Assistência

Empresário nega influência em contratos com fundos de previdência

Declaração foi feita por Milton Pascowitch antes de prestar depoimento a portas fechadas à CPI dos Fundos de Pensão nesta terça-feira. Ele é acusado de intermediar pagamento de propina de empresas contratadas pela Petrobras

15/09/2015 - 20:22  

Alex Ferreira / Câmara dos Deputados
Audiência pública para tomada de depoimento do lobista Milton Pascowitch
Pascowitch citou a cláusula de confidencialidade do acordo de delação premiada com a Justiça para justificar o pedido de reunião fechada

Antes de prestar depoimento em reunião reservada na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Fundos de Pensão, o empresário Milton Pascowitch negou, nesta terça-feira (9), qualquer interferência em contratos de fundos de previdência.

Pascowitch, delator da Operação Lava Jato, foi preso pela Polícia Federal sob a acusação de intermediar pagamento de propina de empresas contratadas pela Petrobras, como a Engevix, para diretores da estatal.

Após o início dos trabalhos de hoje da CPI, o dono da Jamp Engenheiros Associados solicitou que seu depoimento fosse tomado a portas fechadas em razão de cláusula de confidencialidade do acordo de delação premiada com a Justiça Federal. "Uma parte das informações ainda não são públicas, eu não posso romper o compromisso que assumi”, afirmou. “Mas coloco-me à disposição dos senhores para esclarecimentos em uma sessão reservada", continuou.

O presidente da comissão, deputado Efraim Filho (DEM-PB), afirmou que as informações sigilosas prestadas por Pascowitch mostraram que a CPI tem atuado de maneira correta. "O depoimento em caráter reservado, obviamente, traz uma série de ressalvas sobre o que a gente pode explicitar e prestar conta da reunião”, ressaltou. Segundo o parlamentar, o que se pode falar, de maneira abrangente e genérica, é que “a linha de condução que a CPI tem se colocado para apurar os fatos de que haveria aparelhamento das instituições, tráfico de influências e direcionamento para negócios se comprova a cada nova audiência”.

A comissão quer saber se há ligação entre o empresário e o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, e se Dirceu influenciou decisões de investimentos dos fundos de pensão. A CPI foi instaurada para investigar indícios de aplicação incorreta de recursos e manipulação na gestão de fundos de previdência de funcionários de estatais e de servidores públicos ocorridas entre 2003 e 2015.

José Dirceu
Em depoimento à Polícia Federal, Pascowitch declarou que José Dirceu, por meio de sua empresa JD Consultoria, também intermediou a contratação da Engevix pela Petrobras para a construção da unidade de tratamento de gás de Cacimbas, em Linhares, no Espírito Santo, um projeto de R$ 1,4 bilhão.

Uma das empresas que pertenciam à Engevix, a Desenvix, do segmento de energias renováveis, tem como um de seus principais acionistas o Fundo de Previdência da Caixa Econômica Federal (Funcef).

José Dirceu, o ex-vice-presidenteda Engevix, Gerson Almada, e José Adolfo Pascowitch, irmão de Milton, também foram convocados pela CPI dos Fundos de Pensão.

Em agosto, a CPI da Petrobras tentou ouvir Milton Pascowitch, inclusive em reunião reservada, mas o depoente permaneceu calado e o encontro foi encerrado.

Reportagem – Luiz Gustavo Xavier
Edição – Marcelo Oliveira

A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara Notícias'.