Previ espera recuperar R$ 180 milhões investidos na Sete Brasil
03/09/2015 - 18:11
O presidente do fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil (Previ), Gueitiro Matsuo Genso, disse nesta quinta-feira (3), na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Fundos de Pensão, que a entidade pretende recuperar R$ 180 milhões investidos na Sete Brasil para construção de sondas de perfuração em águas ultraprofundas no País.
Empresa de investimento criada em 2010 com o aval da Petrobras para explorar negócios em torno do pré-sal, a Sete Brasil é citada na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que investiga corrupção em contratos na estatal.
"O objetivo é fazer com que esses R$ 180 milhões retornem", disse Genso, em resposta ao relator da CPI, deputado Sergio Souza (PMDB-PR). "Vamos tomar todas as medidas para isso."
Genso, que está à frente da Previ desde fevereiro e não participou das negociações, espera que o dinheiro retorne em decorrência da própria reestruturação por que passa a Sete. Ele disse ainda que o valor investido na Sete não foi maior em razão da política de gestão da Previ.
“Nós não aportamos mais dinheiro na segunda chamada porque um dos itens da nossa política de investimento diz que não podemos concentrar em um único gestor mais de 5% do nosso fundo garantidor, que era de R$ 335 milhões”, explicou.
Questionamentos
O investimento na Sete foi questionado pela maioria dos deputados da CPI. "O PT confunde caixa de previdência de funcionário com banco de fomento, apesar de que a Previ menos", disse o deputado Fernando Francischini (SD-PR).
Segundo o presidente da Previ, não há investimentos com prejuízos no fundo e o aporte de recursos na Sete foi considerado adequado à época.
"Sobre a Sete Brasil, é importante ressaltar que a Petrobras está prestes a assinar um novo contrato que ficou de pé. A Previ vai receber o capital investido", acredita o deputado Enio Verri (PT-PR).
Superavit
Na audiência, Gueitiro Matsuo Genso traçou um perfil positivo da Previ. Segundo ele, a entidade fechou 2014 com um superavit acumulado de R$ 12,5 bilhões e possui reserva matemática para cumprir compromissos futuros de R$ 122 bilhões, além de R$ 12 bilhões de contingência. "Sempre estamos olhando a longo prazo. Temos que ter dinheiro para 60 anos à frente", afirmou Genso.
Em relação à estratégia de investimentos da Previ, o presidente disse que cerca de 50% dos benefícios pagos pelo fundo são oriundos de receita com aluguéis e dividendos das empresas participadas. "Nos últimos três anos, R$ 26 bilhões foram pagos em aposentadoria e, ainda assim, o patrimônio manteve-se estável."
Funcionário de carreira do Banco do Brasil, Genso destacou ainda o caráter técnico da administração do fundo, que existe há 111 anos e conta com mais de 200 mil associados. Segundo ele, a indicação do seu nome também foi técnica e sem influência política.
"Todos os membros da administração da Previ são associados há mais de 10 anos, o que resulta em uma gestão altamente comprometida", informou. "O corpo técnico da Previ é composto por funcionários do BB cedidos. São profissionais que já conhecem, cuidam do dinheiro da população brasileira."
Na avaliação de Enio Verri, o modelo de gestão da Previ deve servir de base para outros fundos de pensão. "É um mérito enorme e tem de ser sugestão desta CPI", afirmou.
Aposentadorias
Outros parlamentares questionaram algumas altas aposentadorias pagas pela Previ, que chegariam a R$ 60 mil. "O senhor diz que a Previ tem teto, mas na verdade não existe um teto. Existe um cálculo para chegar a um valor que não é um teto. Aldemir Bendine [ex-presidente do banco e atual presidente da Petrobras] recebe R$ 62 mil da Previ. Há um exagero. A União expressou alguma concordância com esse superteto? E as outras estatais? Vão querer também", questionou o deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS).
Segundo Genso, a aposentadoria é a média dos 36 últimos salários. "Isso vale para todos os funcionários. Esse limite de pagamento já é considerado na reserva matemática", afirmou. Ele próprio, como presidente da Previ, recebe R$ 58,3 mil.
Reportagem – Noéli Nobre
Edição – Pierre Triboli