Educação, cultura e esportes

Secretário da CBF considera equívoco focar nos dirigentes os problemas do futebol

07/05/2015 - 18:58  

Durante seminário nesta quinta-feira (7) na Câmara dos Deputados, o secretário-geral da CBF, Walter Feldman, afirmou que os problemas do futebol são complexos e que é um equívoco focar apenas na atuação dos dirigentes. Ele queixou-se ainda de cronistas esportivos, que não têm poupada a entidade de "críticas cegas", mesmo antes das primeiras ações da nova administração da CBF, empossada há poucas semanas.

Ex-deputado, Feldman avalia que a modernização do futebol não virá de "medidas intervencionistas", como algumas previstas na MP, mas de uma série de ações que virão a partir de sugestões colhidas em congressos, consultorias e pesquisas para novos modelos de governança. "Fui convidado, na CBF, para contribuir para uma gestão moderna, transparente, social e responsável", afirmou.

Transparência
O jornalista do canal ESPN Brasil Paulo Calçade defendeu mais rigor das autoridades na cobrança de transparência dos gestores do futebol e citou o exemplo da Europa, onde são adotadas auditorias constantes das contas das federações para a prevenção de más práticas, burlas e falta de ética.

Ele afirmou que a cadeia produtiva do futebol (jogadores, treinadores, preparadores físicos etc) precisa ser tratada como indústria e não submetida aos atuais calendários que impõem a paralisação das atividades para a maioria dos clubes (pequenos e até médios) já no primeiro semestre.

"O ano já acabou para a maioria dos clubes. Neste momento, o Brasil poderia ter as melhores competições do mundo, e não ficar apenas contabilizando os jogadores brasileiros que estão nas finais da Liga dos Campeões da Europa. Isso é derrota para o Brasil", criticou.

Conta única
Já o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Melo, sugeriu a retirada do texto da MP 671/15 do artigo que prevê uma conta única centralizada das receitas e movimentações financeiras dos clubes que aderirem ao refinanciamento das dívidas.

Segundo Bandeira de Melo, essa medida tem "eficácia duvidosa" e vai contra os princípios das boas práticas. Ele admitiu que a MP 671/15 não é a solução para todos os males do futebol, apesar de fomentar o choque de gestão no esporte: "É uma ação emergencial para dar aos clubes a condição de marco zero no processo de modernização do futebol".

Calendário
Por sua vez, o representante do Bom Senso Futebol Clube, Alexsandro Souza, o Alex, ex-jogador do Coritiba e da Seleção Brasileira, que se aposentou em dezembro do ano passado, manifestou a preocupação com o calendário do futebol e com os milhares de jogadores que estão sem atividades, neste momento, por falta de competição.

Ele apresentou, como exemplo, o jogador Pedro Ayub, do Brasília FC, que acabou de conquistar o vice-campeonato candango e deverá ficar inativo até agosto, quando disputará a Copa Sul-americana. "Disputamos uma maratona de 26 jogos em três meses e, agora, vamos ficar quatro meses parados", reclamou Pedro.

"Esta é a realidade da maioria dos jogadores brasileiros. Chegou o momento da mudança e da moralidade no futebol", completou Alex, que também se queixou da "gestão temerária" dos dirigentes de clubes e federações.

Reportagem – José Carlos Oliveira
Edição – Newton Araújo

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