Tesoureiro do PT diz que não recebeu propinas de contratadas da Petrobras
O depoimento à CPI que investiga corrupção na Petrobras deixou os deputados da oposição insatisfeitos. “O senhor acha que nós somos palhaços?”, perguntou o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP).
09/04/2015 - 19:34

O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, disse nesta quinta-feira (9) à CPI da Petrobras, em depoimento que durou sete horas, que nunca recebeu propina de empresas contratadas pela estatal, negou ter alguma vez participado de arrecadação de campanhas para o PT e disse que o partido não recebeu dinheiro proveniente de propinas mediante doações eleitorais oficiais.
Vaccari admitiu conhecer alguns dos personagens acusados de envolvimento no esquema de corrupção e desvio de recursos da Petrobras (veja quadro), mas negou que este relacionamento tenha ligação com arrecadação de recursos ilegais.
Ele apresentou como justificativa para o recebimento de R$ 400 mil de um empresário ligado ao doleiro Alberto Youssef que a operação teria sido um “empréstimo” feito para quitar o pagamento de uma casa que comprou em 2008.
O depoimento deixou os deputados da oposição insatisfeitos. “O senhor acha que nós somos palhaços?”, perguntou o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP).
Criminalização
A bancada do PT criticou a maneira como Vaccari foi questionado. A deputada Maria do Rosário (PT-RS) chegou a dizer que a CPI está querendo criminalizar o PT e está protegendo acusados de outros partidos, como o empresário Fernando Soares, do PMDB. “Eu não admito essa acusação”, rebateu o presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB).

Vaccari, que foi denunciado por lavagem de dinheiro pelo Ministério Público, compareceu à CPI como investigado, protegido por um habeas corpus que o desobrigava de responder perguntas ou de assumir o compromisso de dizer a verdade. “Minha decisão era de não falar nada, mas vim aqui e respondi todas as perguntas”, disse ele.
Ratos no plenário
A sessão começou tumultuada. Um homem, identificado como Márcio Martins Oliveira, ocupante de um “cargo de natureza especial” (de livre nomeação) na segunda vice-presidência da Câmara dos Deputados, foi detido após ser acusado de soltar cinco roedores no plenário da CPI assim que João Vaccari entrou no recinto por volta de 10h.
O funcionário foi exonerado e liberado após assinar um termo de compromisso assegurando que se apresentará à Justiça quando for convocado. Márcio poderá responder legalmente por tumulto em ato público – uma contravenção penal, ato considerado de menor poder ofensivo.
Reportagem - Antônio Vital
Edição - Newton Araújo