Política e Administração Pública

Psol pede investigação contra Luiz Argôlo no Conselho de Ética

O partido protocolou hoje uma representação pelo suposto envolvimento do deputado com o doleiro Alberto Youssef.

07/05/2014 - 19:23  

Gustavo Lima / Câmara dos Deputados
Ordem do dia. Dep. Chico Alencar (PSOl-RJ)
Chico Alencar (Psol-RJ): caso merece investigação do conselho. 

O Psol protocolou, nesta quarta-feira (7), no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados, representação contra o deputado Luiz Argôlo (SD-BA). O documento, assinado pelo presidente da legenda, Luiz Araújo, ressalta que Argôlo cometeu quebra de decoro parlamentar por seu envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, preso na operação Lava Jato, da Polícia Federal.

Segundo o Psol, os negócios suspeitos incluem transferências bancárias de mais de R$ 200 mil. A representação tem base em reportagens da revista Veja e do jornal Folha de S.Paulo que citam mensagens trocadas entre o doleiro e Argôlo sobre a transferência de R$ 120 mil para a conta do chefe de gabinete do parlamentar, Vanilton Bezerra. De acordo com a Folha, Argôlo também teria recebido do doleiro dois caminhões de gado.

Segundo o deputado Chico Alencar (Psol-RJ), as vinculações do doleiro com o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa revelam que houve contribuição para várias campanhas políticas. Ele avalia que isso pode ter um viés de ilegalidade, que será esclarecido pelas investigações da operação Lava Jato. Para Chico Alencar, este cenário requer atenção de todos.

"As novas informações derivadas da investigação da Polícia Federal, da Operação Lava Jato, complicam demais a situação do deputado, infelizmente. São indícios muito robustos de um vínculo absolutamente inadequado, indecoroso do parlamentar com o doleiro Youssef, já preso e indiciado criminalmente pela Polícia Federal. Então, não há mais possibilidade de o organismo que zela pela ética e pelo decoro parlamentar da Câmara não ser acionado”, disse.

Tramitação
A representação do Psol foi enviada à Mesa Diretora da Câmara que tem prazo de três sessões ordinárias do Plenário para os procedimentos regimentais (numeração e publicação). Só então o Conselho de Ética reúne seus integrantes para a instauração do processo e sorteio do relator, a partir de uma lista tríplice.
Este é o segundo procedimento em andamento na Câmara com origem nas suspeitas do envolvimento do deputado Luiz Argôlo com atividades irregulares do doleiro Alberto Youssef.

Em abril, o PPS protocolou representação na Corregedoria da Câmara. Depois de algumas tentativas frustradas, a Corregedoria conseguiu, finalmente, nesta quarta, notificá-lo para que o processo tenha prosseguimento. Luiz Argôlo tem agora cinco dias úteis para apresentar manifestação por escrito. Depois, começa a correr o prazo de 45 dias para a instrução processual. Só então, o corregedor Átila Lins (PSD-AM) emite seu parecer, que pode ser pelo envio do processo ao Conselho de Ética ou pelo arquivamento do caso.

As duas representações em tramitação (no Conselho de Ética e na Corregedoria da Câmara) não têm ligação e não excluem uma à outra.

A assessoria do deputado Luiz Argôlo informou que ele só vai se manifestar nas instâncias próprias, quando apresentará toda a documentação necessária à sua defesa.

Reportagem - Idhelene Macedo
Edição - Janary Júnior

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