Especialistas concordam que principal problema de clubes de futebol é a gestão
02/04/2014 - 17:57

A maioria dos participantes da comissão geral que discutiu nesta quarta-feira o projeto que cria o Programa de Fortalecimento dos Esportes Olímpicos (Proforte - PL 6753/13) concordou que o principal problema de clubes de futebol e das federações de modalidades esportivas é a gestão. A comissão geral também discutiu o projeto que trata da renegociação de dívidas dos clubes de futebol com a União (PL 5201/13). As duas propostas tramitam em conjunto e estão sendo analisadas por uma comissão especial.
“Esse é o grande momento. Essa é a hora. Ou fazemos essa revolução no esporte ou os clubes não virarão o ano de 2014. Ou mudamos ou morreremos”, disse o presidente do Coritiba, Vilson de Andrade.
Segundo ele, o País vive a maior crise das últimas décadas por conta da falta de profissionalismo. “Durante muitas gestões, o amadorismo, a paixão e a pressão das arquibancadas sempre motivaram as decisões dos dirigentes”, disse ele, acrescentando que muitos clubes hoje assumem dívidas sem condição de pagar.
No entanto, um dos autores do projeto de lei que cria o Proforte, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), considerou que a proposta do relator, deputado Otavio Leite (PSDB-RJ), contém excesso de intervencionismo nos clubes de futebol. “Eu não acredito que caiba a uma lei federal ou ao Estado definir qual é o prazo de antecipação de receita ou qualquer tipo de intervenção na gestão de um ente privado”, disse Maia, referindo-se a proposta de Leite de proibir os clubes de anteciparem receitas que ultrapassem o fim do mandato do dirigente.
O presidente da comissão especial que analisa o Proforte, deputado Jovair Arantes (PTB-GO), também defendeu novo modelo de gestão, que para ele seria capaz de transformar e profissionalizar o setor, tornando-o mais atrativo e eficiente.
Formação de atletas
Medalhista olímpica no salto em distância, Maurren Maggi defendeu mais investimentos na formação de atletas de alto rendimento. “São necessários anos de investimento e abdicar vários prazeres da vida em nome de uma conquista”, disse a atleta, que revelou estar sem patrocínio.
Maggi reconheceu avanços trazidos pela lei de incentivo ao esporte e por bolsa do governo, mas disse que recentemente lançou uma campanha para arrecadação de recursos na internet para sua próxima competição.

O PL 6753/13 abre a possibilidade de até 90% das dívidas das agremiações com a União serem pagas por meio da concessão de bolsas a atletas e de investimento em infraestrutura esportiva. O relator, entretanto, descartou a conversão das dívidas em bolsas para atletas.
O novo texto proposto pelo relator prevê ainda a criação de um fundo de iniciação desportiva na educação, que será alimentado com receitas dos clubes e de entidades esportivas, de novas loterias criadas pela Caixa Econômica Federal e ainda com recursos da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). “Em 2012, o lucro líquido da CBF atingiu R$ 55 milhões. E não vai nada para a iniciação desportiva?”, destacou o relator.
Representando a Fundação Getúlio Vargas, Pedro Trengrouse criticou o fato de o modelo de gestão atual do futebol brasileiro concentrar a riqueza na CBF e nas federações. Ele concordou com a exigência das certidões negativas como condição para que clubes participem de competições, mas sugeriu que a CBF responsa solidariamente por essas obrigações.
Calendário dos campeonatos
Representando o Bom senso Futebol Clube, o campeão mundial pela seleção brasileira Gilberto Silva defendeu mudanças no calendário dos campeonatos e a aplicação do chamado fair-play, para punir clubes que não pagam os salários em dia.
As mudanças no calendário, segundo ele, evitariam que muitos clubes enfrentassem dificuldades financeiras por ficarem inativos. “De 684 clubes profissionais, 85% não têm calendário anual e ficam inativos por mais de seis meses. Esse é um dos impedimentos ao fortalecimento dos clubes”, disse.
Elaborado no ano passado por um grupo da Comissão de Turismo e Desporto, o PL 5201/13 autoriza a renegociação das dívidas dos clubes de futebol participantes do Timemania e muda as regras do concurso para torna-lo mais atraentes. A proposta isenta o prêmio de Imposto de Renda e muda a destinação dos valores arrecadados, além de criar apostas on-line
Reportagem – Murilo Souza
Edição – Regina Céli Assumpção