Deputados cobram investigação sobre desaparecimento de moradores de Humaitá (AM)
Três pessoas desapareceram perto da aldeia indígena Tenharim. O caso desencadeou uma onda de protestos contra os índios.
07/01/2014 - 18:08
A Frente Parlamentar em Defesa dos Povos Indígenas da Câmara não vai tomar a defesa de índios da região de Humaitá, no Amazonas, se for comprovada a responsabilidade deles no desaparecimento de três moradores da cidade. A afirmação é do presidente da frente, deputado Padre Ton (PT-RO).
O desaparecimento, ocorrido em 16 de dezembro, desencadeou uma onda de protestos de moradores, que incendiaram a sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) e da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) no município. Também foram queimados 13 carros, 3 motos e um barco da Funai usado para levar mantimentos às aldeias.
Os três moradores desapareceram enquanto passavam de carro próximos à aldeia indígena Tenharim.
Investigações
O deputado Padre Ton afirmou que vai esperar as investigações para que a frente parlamentar possa emitir uma posição concreta sobre o caso. "Aqueles que erram vão ter que responder pelas consequências", disse.
Os três moradores de Humaitá desapareceram dias depois que o cacique Ivan Tenharim foi encontrado morto na Transamazônica. Os índios dizem que ele foi atropelado, mas a polícia afirma que ele caiu bêbado na estrada.
Resposta do governo
O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS), disse que a Funai é cúmplice da situação e cobrou a investigação por parte do governo. “A Funai é subordinada ao Ministério da Justiça. Queremos que o ministro tome as providências cabíveis, que o próprio advogado-geral da União tome as providências cabíveis”, declarou.
“A Funai está mancomunada com os índios que estão fazendo isso. É uma meia dúzia de índios que estão se aproveitando da situação e fazendo acontecer o que está acontecendo, colocando em risco brancos e índios também”, disse Heinze.
Uma força-tarefa da Polícia Federal faz buscas na região. Há poucos dias, foram encontrados restos de um carro incendiado próximo de uma aldeia Tenharim, que está sendo periciado.
O mediador apontado para o conflito, bispo dom Francisco Merkel, afirmou que as desavenças começaram em 2006, após a instalação de pedágios cobrados pelos índios na Transamazônica.
A Justiça Federal determinou o envio de cópia do processo sobre a segurança dos índios na reserva Tenharim à Comissão Interamericana de Direitos Humanos para que o órgão internacional tome ciência dos fatos e analise se a postura do Estado brasileiro no caso está em sintonia com acordos internacionais.
Reportagem – Luiz Cláudio Canuto
Edição – Pierre Triboli