Descontentamento da base governista adiou votação da MP de ajuda à Bolívia
11/12/2013 - 20:16
Por se sentirem desprestigiados pelo governo, líderes de seis partidos da base – PDT, PR, PSC, PCdoB, PTB e PRB – ameaçaram obstruir a votação da Medida Provisória 625/13, que destina R$ 60 milhões para recuperar equipamentos de geração de energia elétrica a serem cedidos à Bolívia. A votação da MP ficou para a semana que vem.
Os partidos reclamaram de não ter participado de uma reunião na segunda-feira com a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti e, por isso, ameaçaram a obstrução. Na ocasião, apenas líderes do PT, do PMDB e do bloco PP-Pros conversaram com a ministra, e a reunião com todas as lideranças da base foi cancelada.
O líder do PR, deputado Anthony Garotinho (RJ), disse que não pode haver primeira e segunda divisão dentro da base. “Vamos obstruir a medida provisória ou qualquer outra matéria que tenha interesse imediato do governo até que ele entenda que ou somos todos ou não seremos alguns”, disse.
Para o líder do PDT, deputado André Figueiredo (CE), apenas os três maiores partidos foram ouvidos. “Fomos surpreendidos por uma reunião prévia entre as três maiores bancadas”, reclamou.
Problemas de agenda
O líder do governo, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), minimizou a polêmica. Segundo ele, houve problemas na agenda da ministra Ideli. “A sobrecarga de agenda resultou na anulação da reunião ampla, com toda a base”, disse Chinaglia, que pretende resolver o problema na base. “Vou trabalhar para que se faça uma reunião para que cada líder possa estabelecer diálogo com o Executivo e acabar com esse mal-estar”, disse.
Críticas da oposição
Além da contaminação pelo mal-estar na base, a votação da MP 625 enfrenta resistências na oposição. Deputados do PSDB e do DEM são contra a medida, por considerar que os R$ 60 milhões deveriam ser investidos na infraestrutura do País, e não na Bolívia. “Temos locais neste País que ainda vivem à luz de lamparina, e o governo não tem recursos para investir, mas tem dinheiro para a Bolívia”, criticou o deputado Wandenkolk Gonçalves (PSDB-PA).
Foi o mesmo argumento utilizado pelo deputado Lira Maia (DEM-PA), que denunciou uma inversão de prioridades. “A região Nordeste clama por recursos. Quantos municípios sequer tem energia, e nós dando de graça uma máquina recuperada para a Bolívia”, disse.
Já o deputado Cesar Colnago (PSDB-ES) criticou o fato de os R$ 60 milhões já terem sido gastos pelo governo antes mesmo da discussão pelo Congresso. “Estamos aqui decidindo o que já está decidido. O governo não quis mandar por projeto de lei para discutir melhor”, criticou.
Reportagem – Carol Siqueira
Edição – Pierre Triboli