Relações exteriores

De olho no crescimento asiático, governo quer fortalecer relações entre Mercosul e União Europeia

Em debate na Câmara, secretário reconhece a existência de divergências “normais” nas relações com os parceiros do Mercosul. “Quanto maior a integração, maiores são as dificuldades e a possibilidade de problemas pontuais surgirem”, diz Daniel Godinho, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

13/11/2013 - 17:43  

Luis Macedo / Câmara dos Deputados
Audiência pública para apresentação dos acordos entre o Brasil e o Reino Unido, e os memorandos de entendimento entre o governo brasileiro e o governo britânico; Questões gerais do Comércio Exterior Brasileiro em relação a blocos econômicos como o Mercosul, acordo do Pacífico com a Colômbia, México, Peru e Chile; Ampliação dos acordos comerciais do Brasil e do Mercosul com a União Europeia; e os Principais temas que figuram na atual política de comércio exterior do Brasil. Diretor do Departamento de Negociação Internacional do Ministério das Relações Exteriores, ministro Ronaldo Costa Filho
Ronaldo Costa Filho (D): Mercosul e UE ainda não participam diretamente do dinamismo do leste asiático.

O diretor do Departamento de Negociações Internacionais do Ministério de Relações Exteriores, ministro Ronaldo Costa Filho, reforçou nesta quarta-feira (13) a necessidade de um acordo entre o Mercosul e a União Europeia. Ele chamou a atenção para o fato de que atualmente há um deslocamento do polo dinâmico da economia global do Atlântico para o Pacífico – esse novo cenário é puxado pela China e outros países do leste asiático. Atentos a isso, os Estados Unidos estão engajados em uma negociação com essas nações.

"Nesse contexto, um acordo com a União Europeia (UE) é fundamental porque tanto o Mercosul quanto a UE são blocos que não participam diretamente desse dinamismo da região asiática”, disse Costa Filho, em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados.

O dirigente destacou que, apesar de a China ser individualmente o maior parceiro comercial brasileiro, a União Europeia, entre os blocos, lidera esse ranking. “Trata-se de uma relação que já é muito intensa”, comentou.

Argentina
Já o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Daniel Godinho, reconheceu que o Brasil enfrenta problemas pontuais nas relações com seus parceiros do Mercosul. Ele ressaltou, porém, que essas dificuldades são entendidas pelo governo federal como algo normal. Durante o debate, ele citou como exemplo os entraves à entrada de calçados brasileiros na Argentina.

Luis Macedo / Câmara dos Deputados
Audiência pública para apresentação dos acordos entre o Brasil e o Reino Unido, e os memorandos de entendimento entre o governo brasileiro e o governo britânico; Questões gerais do Comércio Exterior Brasileiro em relação a blocos econômicos como o Mercosul, acordo do Pacífico com a Colômbia, México, Peru e Chile; Ampliação dos acordos comerciais do Brasil e do Mercosul com a União Europeia; e os Principais temas que figuram na atual política de comércio exterior do Brasil. Secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Daniel Marteleto Godinho
Godinho:subsídios agrícolas precisam ser debatidos em organismos internacionais, como a OMC.

"Não há um dia sequer que eu não converse com minha contraparte na Argentina e, principalmente, com os exportadores brasileiros que sofrem essas barreiras (ontem mesmo falei com três deles). É um trabalho contínuo, do qual não abriremos mão, mas temos de entender tudo isso no seu contexto. Quanto maior a integração, maiores são as dificuldades e a possibilidade de problemas pontuais surgirem", afirmou Godinho.

A Argentina é o terceiro maior parceiro comercial brasileiro. As exportações nacionais para aquele país crescem neste ano a um ritmo de 10%, puxadas principalmente pelo setor automotivo. O secretário citou vários números para mostrar o vigor e a importância das relações comerciais com o Mercosul. Entre eles, o aumento de 300% das nossas exportações para o bloco nos últimos 10 anos.

Subsídios agrícolas
Tanto o representante do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior como o de Relações Exteriores destacaram a importância da Organização Mundial do Comércio (OMC) como foro de debate de temas fundamentais, como os subsídios agrícolas.

Ronaldo Costa Filho explicou que essa relevância se deve ao fato de o Brasil ter uma relação comercial diversificada, tanto em termos de pauta quanto de parceiros. Por isso, de acordo com ele, interessa ao País ter regras comerciais que sejam válidas para o mundo inteiro.

Daniel Godinho acrescentou que algumas questões só podem ser debatidas no âmbito de organismos multilaterais, como a OMC. É o caso dos subsídios agrícolas, que distorcem preços internacionais e prejudicam os produtores brasileiros.

Reportagem – Marise Lugullo
Edição – Marcelo Oliveira

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