Líder do governo propõe nota de repúdio aos EUA por espionagem a Dilma
02/09/2013 - 20:41
O líder do governo, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), afirmou nesta segunda-feira (2) que articula uma nota de repúdio ao governo dos Estados Unidos após as denúncias de que a Agência de Segurança Nacional norte-americana (NSA) monitorou telefonemas e e-mails da presidente Dilma Rousseff e de seus principais assessores. A nota de repúdio será submetida ao Plenário.
Chinaglia defendeu uma manifestação formal contra o que chamou de "prepotência inadmissível" e "bisbilhotagem" com fins comerciais e financeiros. Em julho deste ano, a Câmara já aprovou uma moção de repúdio ao governo dos EUA contra as primeiras denúncias de espionagem a empresas e pessoas brasileiras.
Para o líder do governo, o Parlamento também precisa mobilizar os vizinhos sul-americanos. "Nós temos aqui uma atuação mais incisiva no Mercosul (Parlasul), na Unasul. Como ninguém está protegido dessa ação dos norte-americanos, acho que ninguém será contrário a uma ação coordenada em defesa da legalidade. Os Estados Unidos não podem agir como um fora da lei", disse Chinaglia.
Audiências
O presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara, deputado Nelson Pellegrino (PT-BA), classificou de “gravíssimas” as denúncias. Segundo ele, o governo acertou ao convocar o embaixador norte-americano, Thomas Shannon, para prestar esclarecimentos. “Caso se confirme que a presidente Dilma foi espionada, temos um episódio inaceitável de violação da soberania nacional”, disse Pellegrino.
O deputado informou que vai promover, no âmbito da Comissão de Relações Exteriores e da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência, a realização de audiências públicas para tratar das denúncias. Pellegrino quer ouvir o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, sobre as reuniões de que ele participou em Washington com o vice-presidente dos EUA, Joe Biden; com a assessora para Assuntos de Contraterrorismo, Lisa Mônaco; e com o chefe de Departamento de Justiça, Eric Holder.
A vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores, deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), lamentou, sobretudo, o fato de a espionagem ter sido revelada por terceiros, e não por órgãos oficiais do Brasil.
"Não podemos ser pegos de surpresa o tempo inteiro. Os ministros têm que prestar esclarecimentos ao Congresso. Temos que ter informações para poder ajudar a presidente Dilma, que está respaldada por seu Congresso. Os três Poderes têm que se unir porque, na minha opinião, isso é uma afronta à soberania do nosso país", disse a deputada.
Denúncias
As denúncias de espionagem partiram de documentos do ex-analista da NSA Edward Snowden, entregues ao jornalista Glenn Greenwald e divulgados no domingo pela TV Globo. A presidente Dilma fez várias reuniões de emergência para discutir o assunto no domingo e na segunda-feira.
No Senado, será instalada nesta terça-feira (3) uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar a espionagem. Em julho, já havia surgido denúncia de que os Estados Unidos interceptaram dados de comunicações de brasileiros.
Da Reportagem/PT
Com informações da Rádio Câmara