Relações exteriores

Ministro diz que não há motivação ideológica na contratação de médicos cubanos

Deputados questionaram o titular das Relações Exteriores se a vinda de 4 mil médicos cubanos estaria relacionada a uma troca de interesses comerciais.

22/08/2013 - 15:20  

Lucio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados
Audiência conjunta das comissões de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN), de Legislação Participativa (CLP), de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC), de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) e de Seguridade Social e Família (CSSF) debate sobre Política Externa Brasileira. Ministro das Relações Exteriores, embaixador Antonio Patriota
Patriota: contratação de médicos tem viés humnitário, de fornecimento de um melhor serviço de saúde.

O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou nesta quinta-feira que não há motivação ideológica na contratação de médicos estrangeiros para trabalhar em áreas carentes do Brasil.

O Ministério da Saúde anunciou que, até o fim do ano, 4 mil médicos cubanos vão chegar ao País para atuar nas cidades que não atraírem profissionais inscritos no programa Mais Médicos. Segundo Patriota, o objetivo da vinda dos médicos estrangeiros é atender melhor a população brasileira.

"A ideia é atrair o médico que esteja disposto a trabalhar nas condições oferecidas pelo programa brasileiro”, disse o ministro. “Se forem de outros países, que venham da Espanha, de Portugal, da Austrália, de onde seja. Não há um viés ideológico nisso, muito pelo contrário. Há um viés humanitário, de fornecimento de um melhor possível seviço de saúde."

Em resposta ao deputado Mandetta (DEM-MS), Patriota negou que a vinda dos médicos cubanos esteja relacionada a uma troca de interesses comerciais. O ministro lembrou que o aproveitamento de mão de obra estrangeira é uma prática adotada por outros países.

Lucio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados
Audiência conjunta das comissões de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN), de Legislação Participativa (CLP), de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC), de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) e de Seguridade Social e Família (CSSF) debate sobre Política Externa Brasileira
O ministro das Relações Exteriores participou de audiência conjunta de cinco comissões da Câmara.

Patriota participou de audiência pública conjunta das comissões de Relações Exteriores e de Defesa Nacional; de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática; de Fiscalização Financeira e Controle; de Legislação Participativa; e de Seguridade Social e Família.

Espionagem dos EUA
Na audiência, o chanceler brasileiro falou sobre diversos assuntos. Entre eles, a denúncia de espionagem feita pelos Estados Unidos em vários países, incluindo o Brasil. Para Antonio Patriota, o combate ao terrorismo no mundo é legítimo, mas não se pode recorrer a práticas que atentem contra as boas relações entre os Estados, sob pena de o esforço se tornar contraproducente.

"Em vez de criar um ambiente de boa vontade, de cooperação, de disposição de combate ao terrorismo [essas práticas] podem, na pior das hipóteses, projetar sombras sobre o relacionamento bilateral, na medida em que não sejam dissipadas essas dúvidas, essas questões que nos preocupam”, disse o ministro.

Na avaliação do chanceler, “se a cooperação de combate ao terrorismo é buscada, ela deve ser feita no respeito às leis nacionais do país e dentro de entendimentos que não surjam à tona de forma surpreendente por denúncias da imprensa." O ministro disse ter a expectativa de avançar no debate com o governo norte-americano sobre esse assunto.

Brasileiro detido em Londres
Sobre o caso do brasileiro David Miranda, detido por quase nove horas no aeroporto de Heathrow, em Londres, no último domingo, Patriota disse que não obteve "explicações satisfatórias" do governo britânico em relação ao episódio.

David Miranda é companheiro do jornalista Glenn Greenwald, colunista do diário inglês The Guardian, que divulgou informações sobre o esquema de espionagem do governo norte-americano.

Ele foi detido sob a lei antiterrorismo britânica, que permite à polícia do Reino Unido reter qualquer pessoa sem necessidade de apresentar uma causa provável. O brasileiro também teve apreendidos seu computador e outros equipamentos eletrônicos.

Reportagem – Marise Lugullo
Edição – Newton Araújo

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