Especialistas divergem sobre investimentos em banda larga fixa ou móvel
13/08/2013 - 20:14
Empresas de telecomunicações acham que o futuro da banda larga está nos dispositivos móveis, já a Telebrás quer investir em redes de fibra ótica. O assunto foi debatido nesta terça-feira (13) pela Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados que analisa os avanços do Programa Nacional de Banda Larga (PNBL). Criado pelo governo há três anos, o programa pretende levar internet em alta velocidade a baixos preços a toda população.
O diretor do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (SindiTelebrasil), Carlos Duprat, defendeu mais investimento do programa na banda larga móvel. Dos 110 milhões de assinantes do serviço de banda larga, 80% estão na telefonia móvel.
Duprat assinalou que 3.414 municípios já contam com cobertura 3G e há pacotes a partir de R$ 9,90 sendo oferecidos no mercado. O consumidor, segundo ele, muitas vezes é mais atraído pelo preço do serviço do que pelas velocidades oferecidas. "Eu acho que a banda larga fixa está em franca expansão, mas certamente nos mercados onde ela se encontra. Esse é o mercado das capitais. Mas eu sinto que a agregação da nova demanda não se dará pela banda larga fixa, mas pela móvel. Ela precisa ser objeto de políticas públicas que poderiam vir no novo PNBL."
Conexões mais seguras
Já o presidente da comissão, o deputado Jorge Bittar (PT-RJ), acha um equívoco o incentivo à banda larga móvel. Ele afirmou que há aplicações que dependem de conexões mais seguras que as fornecidas na telefonia móvel. É o caso da telemedicina, por exemplo, que permite a um médico atender um paciente por videoconferência.
Segundo Bittar, só uma rede de fibras óticas garantiria esse uso. O deputado defende a revisão dos contratos de concessão das empresas de telecomunicações para que o serviço de banda larga seja oferecido com obrigações semelhantes às exigidas na telefonia fixa. "As empresas estão muito focadas naqueles serviços que lhes dão maiores retornos enquanto empresas. Tenho absoluta convicção de que os atuais contratos estão obsoletos. O serviço de voz vem decaindo. Essas redes instaladas são redes de fio de cobre que não cumprem mais a finalidade de levar a banda larga. Então, nós precisamos rapidamente substituir os atuais contratos."
O presidente da Telebrás, Caio Bonilha, afirmou que o futuro do Programa Nacional de Banda Larga é investir em redes de fibra ótica. “A proposta da Telebrás é preparar uma rede de altíssima capacidade e por conta disso estamos investindo pesadamente em infraestrutura de fibra ótica porque queremos atender todo mundo igualmente", disse Bonilha.
Pequenos provedores
Nos três anos de existência do programa, a infraestrutura de rede cresceu de 400 km para 15 mil km. Foram investidos R$ 345 milhões. A Telebrás oferece internet em alta velocidade para pequenos provedores que por sua vez levam o serviço aos assinantes.
O dirigente considera o programa um sucesso e afirmou que onde a empresa oferece acesso a pequenos provedores o preço no atacado do megabit/seg cai de R$ 1 mil para cerca de R$ 230.
Bonilha também destacou que 64% dos novos assinantes de internet no País só conseguiram acesso graças ao programa e a oferta de banda larga onde não existia ou onde só havia um operador. "Eu até acho que o uso pessoal da banda larga pode ser feito por mobilidade, mas algumas aplicações não tem jeito, o sistema móvel não comporta. O futuro está na fibra ótica”, completou.
O diretor de Projetos do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto.BR (NIC.br), Milton Kashiwakura, vê com bons olhos a atuação da Telebrás. "É uma maneira de complementar a atuação de pequenos provedores que hoje são muito mal atendidos.”
Kashiwakura acrescentou que os pequenos provedores precisam receber a internet para distribuir aos seus assinantes. “Com a Telebrás, estamos atendendo localidades que antes não eram atendidas, com custos menores. Antes, nas regiões mais distantes, as operadoras não atendiam com qualidade", disse.
O diretor informou que apesar de contar com 80,9 milhões de internautas, o Brasil ocupa na 85ª posição na relação da União Internacional de Telecomunicações (UIT) dos países com maior número de usuários da rede. Quando o ranking é dos menores preços cobrados pela cesta de serviços telefonia fixa/móvel/banda larga o Brasil ocupa a 93ª posição, informou.
A audiência faz parte de um ciclo de debates promovido pela subcomissão especial, vinculada à Comissão de Ciência e Tecnologia, destinada a acompanhar as ações do PNBL. O grupo quer ouvir autoridades públicas, representantes das empresas e de entidades da sociedade civil.
Reportagem - Geórgia Moraes
Edição – Regina Céli Assumpção